quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

LER É DIFÍCIL


Ricardo Queiróz Pinheiro
“Somos inacabados e a leitura ameniza e intensifica isso” – inicio com as palavras do professor e velho amigo de batalhas, Oswaldo Almeida Junior, e adianto: não tenho uma nova fórmula para solucionar as deficiências da área de leitura, da formação de leitores no Brasil, o que trago aqui são ponderações muito específicas, com todos os limites que elas carregam.

Começo com os reflexos das palavras iniciais: amenizar e intensificar. Elas não são apenas a representação do ato solitário de ler, elas podem ser utilizadas sem vaticínios na dimensão pública do universo da leitura, daí passam a abarcar o coletivo e vão além do ato exclusivo e isolado do leitor.

E quando nos referimos à leitura, a história nos fornece registros desse ir e vir entre o individual e o coletivo, as histórias compartilhadas em registros diversos, de início na memória, no boca a boca, para logo após se massificar e ironicamente passar a ser ato isolado por conta das novas técnicas.

Desloco rápido, o pensamento para o ano de 2003, Brasil quando foi implantada a “Lei do Livro”, resumindo suas intenções e implicações, em tese ela incide diretamente na desoneração e no consequente barateamento do objeto livro, contiguo a isso foi instituído um Fundo suprido por 1% das vendas de livros no país que seria depositado pelo mercado editorial e utilizado nas políticas públicas de fomento à leitura.

Pincei um exemplo e deixo um hiato para que pensemos…

Dez anos e alguns meses depois e o preço médio de capa do livro não sofreu os efeitos dessa desoneração, continua caro e elitizado, e o referido fundo segue tímido atolado no descumprimento da lei e nesse sentimento naturalizado de que ignorar regras é um comportamento aceitável.

Por que o mercado editorial e a cadeia do livro ignorou a referida Lei 11.030? Ela tem falhas, ela subestimou as regras do mercado, ela não foi pactuada a contexto, ela não serve para a conjuntura? Reconhecer uma contradição e dissecá-la é o primeiro passo para intervir e modificar uma realidade, mas há real interesse. A ver.

O livro é um objeto unânime, tirante as patologias históricas que mais pelos seus conteúdos, subjetividade e eventual transgressão do que pela forma, o demoniza e o destrói em certas conjunturas, ele é visto de forma positiva pela sociedade. Ler é “virtude” não assumida, é bom sempre para o “outro”, podemos dizer que existe um certo cinismo nos discursos de apologia aos benefícios da leitura.

O ato da leitura não implica necessariamente nesse prazer desprendido e cheio de leveza, leitura é hábito, e antes de tudo, é hábito que se adquire arduamente, depende de trabalho, depende de esforço e dedicação. E é nesse aspecto que a apologia fácil se torna falsa, quem a profere, quem a repete assume que a leitura depende desse dispêndio de energia, de disciplina ou apenas joga palavras ao vento para reforçar um falso consenso?

O fato é que essa retórica, essa ladainha incide diretamente nas políticas públicas e nos marcos legais do livro e da leitura, a roupagem do lúdico, do prazeroso, do frugal encobre a dura realidade do universo leitor, palavras lindas e leves não resolvem as questões da democratização, acesso e circulação, e acaba acomodando tudo na seara das boas intenções e se adia reiteradamente para um constante amanhã.

Outro fator inexorável: a leitura tem um custo material, e o custo nela embutido está implicado diretamente no preço de capa do livro e no custeio do universo do livro e leitura (indústria, profissionais, maquina pública etc.), nesse baile circula o público e o privado – muitas vezes com seus papéis distorcidos e misturados, como é de costume nessa realidade de ideologias difusas – no topo dessa torre de babel é decidido o rumo dos recursos públicos aplicados.

Volto então aos verbos do Oswaldo (desculpem a banalização das palavras do amigo), amenizar, sim, amenizar com leis e ações práticas, mas nunca esquecer que a intensificação das cobranças, dos resultados e das consequências nos mostram um quadro praticamente inalterado na democratização da leitura. As leis, os divisores de água, os marcos legais fazem aniversário como tudo, e nesse caso, o que nos cabe é comemorar com cobrança.

E quem convocar para fazer a devida cobrança das leis não cumpridas? Quem encabeça a lista: bibliotecários, professores, escritores (principalmente os “não contemplados”), leitores, como juntar pessoas e mesmo grupos que agem isolados?

O ano de 2014 é ano de eleição no nível federal e estadual, ano de rediscutir as políticas públicas e as prioridades em todas as áreas, uma boa oportunidade para avaliar o que é real, o que é promessa, o que é de fato, o que é discurso, o que é leve, o que é pesado. Como disse acima, leitura dá trabalho e exige dedicação e empenho, momento de unir o ameno ao intenso e dar rumo a essa prosa solta.

 Sobre Ricardo Queiróz Pinheiro
Bibliotecário - Trabalho pela democratização da informação e do conhecimento. Formado em biblioteconomia, 1994 na FESPSP, atuo em biblioteca pública há 15 anos em São Bernardo do Campo.

WEB E BIBLIOTECA: 2.0 OU 3.0?

Liliana Giusti Serra

O termo Web 2.0, criado em 2004 em uma conferência da O’Reilly Media, é utilizado para definir a segunda geração da internet e diferencia-se da anterior por agregar conceitos de interação, redes sociais e colaboração, centrada na interatividade, com o usuário não apenas consumindo informações, mas participando da construção de novos conteúdos. Nesse cenário temos osblogs, as redes sociais, social taggingwikis e mash ups sendo:

Blogs: truncagem dos termos web e log, são sites criados e mantidos por pessoas ou grupos para postagens, dispostas em ordem cronológica decrescente, discorrendo sobre um tema;

Mash ups: aplicação web que se utiliza de conteúdo de mais de uma fonte para criar um novo serviço. Uma mash up pode, por exemplo, permitir o cruzamento de dados do Google Maps com um guia de restaurantes, resultando num mapa gastronômico de determinada localidade, organizando os dados por tipo de estabelecimento, faixa de preços, serviços de valet, espaço para crianças etc.;

Redes sociais: sites compostos por pessoas e/ou organizações conectadas por diversos tipos de relações, que partilham valores, objetivos, mensagens etc. As redes podem funcionar em diferentes nichos, como relacionamentos (Facebook, Twitter, Orkut), profissionais (Linkedin), temáticas (MySpace, Instagram, Youtube, Tumblr, Pinterest), políticas, religiosas etc.;

Social tagging: criação de tags (rótulos, etiquetas) pelo próprio usuário, organizando informações dispersas em sites em categorias. Os sites precursores foram o Flickr.com e oDel.icio.us, com os internautas criando termos de forma livre (linguagem natural), marcando os conteúdos de interesse, facilitando sua localização;

Wikis: páginas comunitárias onde os usuários criam e editam conteúdos, compartilhando informações. A Wikipédia, site aberto e público, pretende ser uma enciclopédia online gratuita, escrita e mantida pelos internautas. As ferramentas wikis têm sido utilizadas no ambiente corporativo, permitindo o trabalho em grupo, mesmo com os participantes dispersos em diversas localidades.

Com as bibliotecas expondo seus catálogos na internet e utilizando-se de recursos da rede, o emprego do termo Biblioteca 2.0 foi cunhado de forma quase automática quando os OPACs (Online Public Access Catalogue) passaram a oferecer recursos da web 2.0. Se com a disponibilização dos OPACs as bibliotecas já permitiam uma visibilidade bem maior que a observada nos espaços físicos tradicionais, em determinado ponto, com a evolução dos recursos da web, simplesmente disponibilizar um acervo para consulta deixou de ser um diferencial. Com o avanço do comércio eletrônico, com lojas virtuais oferecendo produtos diversos – inclusive livros – as bibliotecas passaram a perceber que não bastava possuir catálogos repletos de informações textuais, de acordo com as regras do AACR2, estipulação de cabeçalhos de assunto, construção de tesauros e uso de demais ferramentas bibliotecárias. A internet é um local onde a imagem ganha destaque e páginas repletas de textos, por mais que contenham muito conteúdo, não são atrativas. As ferramentas de busca passaram a ser intuitivas, restringindo-se a uma única caixa onde os termos são colocados livremente e, quando a informação não é encontrada, sugestões diversas para realização da busca são oferecidas. De repente, o trabalho realizado pelas bibliotecas pareceu desnecessário, com as informações que os internautas precisavam à distância de um clique, podendo ser encontradas no Google! Algumas pessoas chegaram a decretar que as bibliotecas não eram mais necessárias, afinal qualquer pessoa conseguiria encontrar as informações e dados necessários de forma muito simples, sem auxílio de bibliotecários ou ferramentas de difícil utilização como busca avançada combinando diversos campos e utilizando operadores booleanos. Com o crescente volume de informações disponibilizadas na web, tornou-se evidente que as bibliotecas não são instrumentos em via de extinção! Sua importância reside na organização de conteúdos, disponibilização de recursos (físicos ou digitais), oferta de serviços e auxílio à pesquisa, permitindo aos usuários encontrar os dados que necessitam de forma pertinente e assertiva, contribuindo com a identificação de fontes relevantes.

Ao apoderar-se dos conceitos da web 2.0, as bibliotecas passaram a contar com recursos que contribuíram em muito com a oferta de serviços disponibilizados. Algumas dessas ações consistem de:

Utilização de redes sociais: os usuários querem compartilhar informações, recomendar obras ou simplesmente curtir. A utilização das redes sociais pelas bibliotecas pode ser desde a criação de uma página para interagir com os usuários, como a oferta de serviços, divulgação de novas aquisições, DSI (disseminação seletiva da informação), troca de mensagens, sugestões de aquisições e demais atividades. Diversas bibliotecas criaram perfis no Facebook e promovem mais um canal de comunicação com seus usuários;

Imagens: uma das cenas mais tradicionais em bibliotecas é o usuário solicitar um livro pela imagem ou cor da capa. A memória visual é o primeiro contato com uma publicação, muitas vezes esquecendo-se da exatidão do título ou dos autores, afinal é mais simples lembrar-se que o livro é vermelho e grande, do que recordar que é uma obra da editora X e que o autor Y contribuiu com uma coletânea, por exemplo. Ao incluir as capas como imagens de referência aos metadados, permite-se a identificação visual das obras pesquisadas. Evidentemente não é possível uma busca textual por características físicas de capas, porém o reconhecimento das obras foi facilitado ao agregar as imagens aos metadados. Boa parte das capas é localizada nainternet, em lojas virtuais ou diretamente nas editoras, e sua utilização não fere os direitos autorais, sendo visto como uma forma de divulgação das publicações, além de serem imagens de baixa resolução que não permitem utilização para outros fins que não de disseminação;

Íntegras: foi-se o tempo que o usuário ficava satisfeito ao encontrar uma referencia de um texto, artigo ou livro! Atualmente ele quer ler um resumo, ver mais detalhes e, sempre que possível, ter acesso a integra. A utilização de conteúdos digitais aos acervos é cada vez mais desejada. Algumas restrições ainda são impostas quando o conteúdo é licenciado (e-books, artigos de periódicos, sites assinados etc.), mas a inclusão de obras em domínio público e de acesso aberto (open access) é vista com frequência. Os registros não são limitados a textos, podendo agregar aos acervos conteúdo multimídia, como arquivos sonoros (músicas, entrevistas etc.), vídeos (filmes curtos, animações, entrevistas etc.), sites, mapas e demais recursos;

Ferramentas de chat: não são muitas bibliotecas que utilizam, porém são interessantes. Os serviços de chat permitem aos usuários solucionar dúvidas para realização de pesquisas ou utilização de serviços (reservas, renovações etc.). A complexidade reside no fato que nem todas as bibliotecas podem contar com funcionários exclusivos para esse tipo de atendimento e o serviço não pode ser oferecido por 24 horas. Normalmente as bibliotecas estabelecem os horários e montam escala de revezamento para que os funcionários (normalmente da referência) estejam disponíveis para realização de atendimentos;

Interação: os usuários são participativos e gostam de avaliar as publicações existentes e incluir comentários. Algumas bibliotecas já oferecem ferramentas de ranking onde podem ser incluídos valores (estrelas, notas, pontos etc.) aos registros, auxiliando os bibliotecários na identificação das obras significativas à comunidade, ou então os próprios usuários contribuindo com a divulgação das publicações presentes nos acervos. Complexidade maior é observada ao permitir a inclusão de comentários. Essa atividade necessita de monitoramento, afinal pode ser utilizada de forma não interessante à biblioteca ou instituição e causar problemas como, por exemplo, uso de palavras de baixo calão, disseminação de ofensas ou calúnias (bulling). O papel do moderador é complexo e pode ser visto como o de censor caso os critérios para recusa de um comentário não fiquem transparentes. Recomenda-se que os comentários sejam realizados em redes sociais, uma vez que os usuários irão expor seus comentários aos seus amigos, com os dados desvinculados do catálogo;

Conteúdo dinâmico: algumas rotinas da biblioteca podem ter divulgação realizada de forma automática como a exposição das últimas obras cadastradas, organizadas por diversos critérios como tema, data de inclusão no banco de dados etc., recurso de DSI ou informações de recebimento de obras solicitadas para aquisição. Essas funcionalidades podem ser disparadas pelo bibliotecário ou podem ser dinâmicas, tornando o catálogo da biblioteca uma ferramenta de comunicação e interação de tempo real;

Social tagging: permitir aos usuários a inclusão de palavras ou expressões em registros do acervo que poderão ser utilizadas para futura recuperação. Através de identificação por login e senha, o usuário pode salvar termos aos registros ou salvar resultados de busca. Apesar de não ser uma funcionalidade vista com frequência nas bibliotecas, algumas redes sociais (Twitter,FacebookInstagram) utilizam-se desse recurso com certa frequência, reunindo e recuperando expressões com o uso de hashtags (#). A complexidade para bibliotecas é onde armazenar essas informações e, caso isso seja feito, analisar os termos inseridos pelos usuários, avaliando se podem ser incluídos no catálogo de autoridades.

Como as ferramentas que disponibilizam os catálogos das bibliotecas contam com alguns dos recursos citados acima, podemos admitir que muitas instituições podem se denominar Bibliotecas 2.0! Contudo, nada é estático ou estável quando falamos em tecnologia. Enquanto alguns especialistas alardeiam a Web 3.0, que agregaria o contexto semântico à internet e o uso de dados interligados (Linked Data), as bibliotecas vêm discutindo o que virá a ser a nova geração dos OPACs. Embora algumas das ferramentas e funcionalidades definidas como de nova geração já estejam em funcionamento, além das possibilidades citadas acima, são consideradas características desejadas aos catálogos:

Busca facetada: estipulação de categorias agrupando os registros recuperados, permitindo refinamento da estratégia de pesquisa realizada;

Pesquisa em íntegras de conteúdos digitais: permitir aos usuários a expansão da pesquisa para além dos metadados, consultando palavras dos conteúdos digitais textuais;

Interface amigável: desafio constante dos desenvolvedores, envolve a adoção de condutas deweb designe-commerce e demais ferramentas que tornam a experiência do usuário facilitada. Consiste em tornar simples a tarefa de realizar buscas, no melhor estilo “googlelização”. Aqui também são bem vindos os recursos de auto completar de termos pesquisados ou a sugestão de outras expressões que podem ser usadas para realizar as pesquisas;

Serviços de descoberta: utilizar ou integrar ferramentas de serviço de descoberta ao OPAC. Essas ferramentas permitem a realização de busca em diversos conteúdos como bases externas, conteúdos licenciados, sites de acesso restrito ou aberto etc.;

Gestão de recursos digitais: identificar os tipos de conteúdos digitais existentes e realizar a gestão mensurando a quantidade de acessos, empréstimos realizados, modelos de negócios empregados para sua inclusão no acervo, temporalidade, renovações etc.;

Literacia: não basta oferecer o recurso se os usuários o desconhecem ou se não sabem como utiliza-lo. As bibliotecas devem investir em ações de competência em informação, tanto presencial, quanto online, através de tutoriais, FAQs e demais ferramentas que auxiliam o usuário em suas tarefas de pesquisa;

Aplicação de relevância: permitir ao usuário possibilidades diversas para visualizar os resultados pesquisados. Normalmente a exibição dos registros costuma ser por ordem alfabética de título ou ordem cronológica decrescente de data de cadastro. Outros critérios de relevância podem ser utilizados como a quantidade de vezes que um termo ocorre no mesmo registro, a proximidade das palavras pesquisadas, campos onde os termos foram recuperados (campos fortes e fracos), quantidade de tags sociais informadas pelos usuários, quantidade de empréstimos ou consultas realizados das publicações, nível de escolaridade do usuário etc.

Busca federada: possibilidade de consultar em diversas fontes simultaneamente (OPACs, bases comerciais, mecanismos de busca na web, bases de dados digitais etc.), normalmente utilizando-se do protocolo Z39.50;

Acesso por dispositivos móveis (Mobile): observa-se uma crescente utilização de smartphones etablets como equipamentos de acesso à internet. Os aplicativos mobile podem tanto oferecer atividades simples como reservas e renovações de obras emprestadas, até pesquisa no catálogo, sugestões de aquisições ou leitura de arquivos digitais. Se até pouco tempo era impensável realizar a leitura de um livro pela tela de um celular, essa possibilidade é cada vez mais frequente. Evidentemente a leitura não é tão confortável quanto a leitura em papel ou até mesmo em telas maiores como computadores, tablets ou e-readers, mas a leitura por celulares é possível, com recursos como redimensionamento do texto na tela, sincronismo com leitura realizada em outros dispositivos e demais recursos inerentes aos e-books como consulta a dicionários, acesso a conteúdos multimídia, anotar ou destacar trechos e compartilhamento em redes sociais.

Outro desafio apresentado é a mudança de normativas para representação descritiva. Embora pareça um futuro distante para muitas bibliotecas brasileiras, o RDA (Recurso, Descrição e Acesso) já é uma realidade para instituições importantes como Library of Congress, Biblioteca Nacional de Agricultura (US), Biblioteca Nacional de Medicina (US), British Library, OCLC, Biblioteca e Arquivos do Canadá e as Bibliotecas Nacionais da Alemanha e Austrália que iniciaram a aplicação do novo código em 31/3/13. Embora ajustes estejam em curso com adaptações do código às necessidades observadas pelas instituições participantes de projetos-piloto, sua utilização vem sendo estimulada, primeiramente com o conhecimento das novas regras através de capacitações, adaptação dos registros existentes (criação de registros híbridos) e a inclusão de novos com preenchimento de campos MARC específicos. Além das instituições participantes, observa-se que países que não utilizam o inglês como idioma predominante estão envidando esforços em traduzir o RDA, facilitando sua assimilação e disseminação aos profissionais dedicados à tarefa de catalogar. Muitos ajustes serão necessários e não basta preencher campos MARC sem estabelecer uma estratégia para implementação do código, mas o fato é que ao inserir mais dados aos metadados, novas possibilidades de pesquisa e relacionamento entre registros são disponibilizadas e elas devem ser exploradas, proporcionando aos usuários outras formas de recuperação.

Muitas transformações são observadas no ambiente das bibliotecas, desde a exposição dos catálogos na internet, a crescente inclusão de conteúdos digitais, as mudanças na representação descritiva, a oferta de serviços, a interação com usuários e o compartilhamento de informações. Cabe aos bibliotecários identificarem essas questões e adaptarem-se da melhor forma possível, dimensionando os esforços necessários às políticas institucionais, investindo em treinamento da equipe, conhecimento de ferramentas e fornecedores parceiros, realizando gestão dos investimentos e capacitando seus usuários para que estejam aptos para explorar as possibilidades tecnológicas contratadas. Uma questão, porém não deve ser esquecida: a tecnologia é uma ferramenta meio (assim como o AACR2, RDA, MARC, CDD, CDU etc.) e não deve ser encarada como o foco principal de ação da biblioteca. A missão sempre foi o usuário e como atendê-lo, de acordo com suas demandas de fontes, recursos e informações. Utilizamo-nos dessas ferramentas para permitir a encontrabilidade dos registros, para que possam ser utilizados e assim estreitar os laços com nossos usuários e não como uma forma de apoderamento, utilizando jargão inerente à profissão e tornando a tarefa do usuário árdua ou querendo doutrina-lo para que seja um mini-bibliotecário, compreendendo nossos códigos de representação temática e descritiva. Devemos facilitar o uso dos recursos existentes na biblioteca, aproximando-nos dos leitores, prestando um serviço de informação, presencial ou virtual, sendo um farol num oceano caótico de informações abundantes, dispersas e desorganizadas. Isso já representa uma tarefa enorme, afinal, não é nada simples fazer o fácil! Cabe aos bibliotecários o acompanhamento das evoluções tecnológicas e como inclui-las em seu dia a dia, avaliando os esforços necessários (pessoal, recursos financeiros etc.) e o retorno obtido. Quando seremos Bibliotecas 3.0? Não é possível predizer, mas os avanços da tecnologia no sentido do linked data vêm sendo observados como o exemplo do projeto VIAF (Virtual International Authority File), que compartilha os catálogos de autoridades de diversas bibliotecas nacionais. Essa iniciativa colaborativa permite a construção de uma fonte referencial importante para identificação e reconhecimento de autoridades de diversas nacionalidades, diminuindo os esforços das bibliotecas de pesquisa para constituição de cabeçalhos de autoridades de pessoas, Instituições, locais geográficos etc. Ao trabalharmos dados estruturados, as possibilidades de emprego e compartilhamento de registros aumentam, permitindo explorar os avanços tecnológicos ao trabalho bibliotecário, usando a tecnologia a nosso favor, gerando novos produtos e serviços.

Bibliografia

BREEDING, Marshall. Next-gen library catalogs. New York : Neal-Schuman, 2010. 138 p. (The Tech set ; 1).

ESTADOS UNIDOS. LIBRARY OF CONGRESS. .Library of Congress announces its long-range RDA training plan (Updated March 2, 2012). 2012. Disponível em: . Acesso em: 26 dez. 2013.

FUNARO, V.M.B.O.; VICTORETTI, A.L.; UEHARA, B.C. Busca de informação por alunos do curso de Biblioteconomia e Ciência da Informação da FESPSP. CRB-8 Digital, v.1, n.1, p.32-42, jul. 2008. Disponível em:http://revista.crb8.org.br/index.php/crb8digital/article/viewFile/41/42. Acesso em 26 dez. 2013.


 Sobre Liliana Giusti Serra
Bibliotecária com especialização em Gerência de Sistemas e Serviços de Informação pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Formação em ECM (Enterprise Content Management). Profissional de Informação da Prima (SophiA Biblioteca). Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação – ECA/USP.

DECORAÇÃO COM LIVROS

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A Ciência da Informação sob a ótica de Tefko Saracevic



No mês em que completa dois anos, o blog Dissertação Sobre Divulgação Científica entrevistou um dos fundadores e principais estudiosos da Ciência da Informação (CI). O pesquisador croata Tefko Saracevic, 83 anos, falou sobre a realidade, as tendências e as inquietações contemporâneas da CI, assim como a respeito da contribuição do Brasil para a área e a experiência dele como docente no país, entre outros assuntos.

Professor da Escola de Comunicação e Informação da Rutgers, Universidade Estadual de Nova Jersey, nos Estados Unidos, Saracevic é formado em engenharia elétrica, com mestrado e doutorado em CI. Os trabalhos dele contemplam os seguintes assuntos, entre outros: bibliotecas digitais e sistemas de recuperação da informação; noção de relevância na CI; aspectos relacionais entre humano e computador; análise de desempenho dos motores de busca na Web.

Confira a entrevista:
Quais são os desafios da Ciência da Informação na contemporaneidade e quais são as tendências de pesquisa na área? 
Tefko: Atualmente, a digitalização da vida e do mundo como um todo é um grande estímulo à CI, assim como para muitos outros campos. Tudo é global e está conectado. As constantes mudanças tecnológicas geram inquietações.

Hoje, as mídias sociais predominam na comunicação e permitem a proliferação de notícias e informações em geral. Se por um lado as pessoas estão mais conectadas, por outro, estão mais impessoais e distantes. E tudo isso cria muitos e amplos desafios à prática profissional e à pesquisa na Ciência da Informação. As interrogações "como promover harmonia e ajustes neste cenário?" e "como manter-se relevante?" são itens-chave para a discussão. 

"Se por um lado as pessoas estão mais conectadas, por outro, estão mais impessoais e distantes."

A pesquisa em CI também está em transição, o que pode ser academicamente observado através de artigos apresentados em congressos e conferências, como por exemplo as reuniões anuais daSpecial Interest Group on Information Retrieval- Sigir, da Association for Computing Machinery-ACM e da Association for Information Science and Technology-ASIST. A maioria, se não todos os papers, exploram aspectos atuais da interação que envolve as tecnologias, as pessoas e as informações.

É possível fazer uma definição específica sobre a essência da informação na atualidade?
Tefko: Todo campo, incluindo a Ciência da Informação, é definido por determinados problemas. A CI ainda está em desenvolvimento para lidar com muitas das suas questões tradicionais. Em geral, a Ciência da Informação se interessa por situações de explosão da informação e por aplicações tecnológicas para solucionar problemas. Essa explosão remete a uma veloz formação de considerável volume de dados ou informações, em qualquer formato. As técnicas e tecnologias se transformam continuamente, assim como são, e precisam ser, permanentes a abordagem de problemas gerais e o acompanhamento de soluções.

Especificamente, a CI lida com a coleta, o armazenamento, a recuperação e o uso da informação. Preocupa-se com o registro da informação e do conhecimento, com serviços e a utilização das tecnologias para facilitar a sua gerência. O campo compreende a efetiva comunicação da informação e objetos de informação, particularmente o registro de conhecimento em formas diversas, entre humanos em contextos sociais, organizacionais e individuais necessários para o uso da informação.

Historicamente, e também na presente era digital, há dois tópicos-chave a serem destacados: a necessidade humana e social de uso da informação; e as informações técnicas, dos sistemas e tecnologias para satisfazer aquela necessidade e prover a efetiva organização e a recuperação da informação. Resumindo, há dois mundos de interação: o da tecnologia e o da humanidade.

Quais são, hoje em dia, as principais relações interdisciplinares da CI?
Tefko: Todo campo científico está em crescimento interdisciplinarmente, incluindo a CI, cujos principais contatos são com a Ciência da Computação e a Biblioteconomia. Mas, há também relações relativamente novas, relevantes e crescentes com áreas que lidam com a avaliação e políticas de produtividade científica. 

A Bibliometria é um segmento tradicional da CI, dedicando-se à quantificação de aspectos da produção e comunicação científicas. Na era digital, as análises bibliométricas são mais diversificadas, complexas e ricas. O desafio é cada vez maior para o desenvolvimento de novos métodos, para o aperfeiçoamento dos métodos atuais e tipos de análises. 

Altmetria tem emergido como resultado de restrições da Bibliometria e métodos cientométricos na avaliação das interações em ambientes digitais. É importante para aferir contribuições acadêmicas nesses novos meios, incluindo a blogosfera e a Web. Os dados e métodos altmétricos são aplicados em estudos de duas vertentes: comunicação acadêmica; e aplicação das mídias sociais em bibliotecas.

A dimensão humana e social da CI tem conseguido estabelecer um equilíbrio em relação à dimensão tecnológica?
Tefko: Sim e não. Dois exemplos, um geral e outro específico, ajudam a entender a minha visão. A questão social “como as pessoas buscam, usam e se relacionam com a informação” tem sido objeto de inúmeros estudos e experiências. Os resultados, com níveis diversos de êxito, são aplicados em projetos mais variados e eficientes de recuperação da informação e dos chamados sistemas de recomendação. Esses sistemas são bem diferentes do que os de há algumas décadas. A utilização dos sistemas pelos próprios usuários finais, em vez dos intermediários, significa mudanças muito acentuadas.

E aqui, o segundo exemplo. Nos Estados Unidos, através da National Science Foundation (NSF) e outras agências, o governo criou pesquisas em bibliotecas digitais, a partir de 1994, com o programa chamadoDigital Library Initiatives (DLI). A partir de então, surge uma forte comunidade internacional de pesquisadores do tema, oriundos de campos variados, incluindo da CI. Cabe destacar, também, que o Google foi inicialmente desenvolvimento na Universidade de Stanford, com o apoio da NSF no próprio DLI.

Ambos os exemplos apresentados têm consideráveis componentes sociais e humanos. Entretanto, como a tecnologia está na vanguarda das mudanças, sempre haverá desequilíbrios.

Qual segmento da CI é pouco estudado e precisa de mais investimentos e atenção?
Tefko: A relevância, como principal ramo da CI, precisa ser mais explorada. Claro, trata-se de uma visão particular, pois lido com o tema há décadas. Mas, entendo que a ideia central da Ciência da Informação é a recuperação da relevância informacional, não apenas qualquer tipo de informação. Quanto mais nós compreendemos a relação dos humanos com a relevância, maior a chance de elaborarmos melhores e mais adequados sistemas de recuperação.

Quais os principais projetos de desenvolvimento da CI nos anos 1960-70 que foram concretizados e quais não foram?
Tefko: Os banco de dados e o uso de computadores para a recuperação da informação foram determinantes para a expansão do campo naquele momento, assim como o desenvolvimento da indústria da informação como um todo. Porém, essa dimensão tecnológica contornou, de certa forma, os usuários e suas necessidades. Os avanços foram sendo apropriados, com a maioria dos mecanismos de busca tomados pelo conceito de propriedade. Técnicas de recuperação da informação eram bem conhecidas, mas esse caráter de particularidade limitou a utilização e o manejo dos motores de busca.

É possível caracterizarmos um mapa da pesquisa em CI pelo mundo? Há peculiaridades de acordo com as regiões?
Tefko: Podemos dizer que não há, por exemplo, uma física japonesa, americana ou russa. E também não há uma Ciência da Informação típica do Brasil ou da Alemanha. Porém, existem diferenças entre países quanto ao grau de produtividade e de orçamento para as pesquisas. 

O portal SCImago Journal & Country Rank inclui periódicos e indicadores científicos de alguns países, a partir da base de dados Scopus. Podemos, então, estabelecer rankings de países, com comparações de documentos publicados e citados. Não é possível classificarmos aspectos específicos da CI, mas sim categorizarmos a partir de recortes disciplinares mais amplos. Há um gráfico e uma tabela (expostos abaixo) comparando resultados em ciências e humanidades de quatro países latino-americanos.

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A iniciativa apresenta índices de documentos publicados em periódicos de países ao longo dos anos, com dados obtidos a partir do Scopus, que abrange revistas científicas de campos variados da academia, como das ciências tradicionais, humanidades e tecnologias. Como é possível observar, o Brasil está muito bem posicionado na escala de citações, em comparação com a Argentina, a Colômbia e o México.

Quais oportunidades profissionais a CI oferece hoje em dia? O que o senhor diria aos jovens interessados em seguir carreira neste campo?
Tefko: Eu não disponho de dados específicos para falar com segurança sobre isso, mas as minhas experiências e observações demonstram que a CI é um campo atrativo. Todos os meus alunos, inclusive os atuais, conseguem encontrar emprego em segmentos diversos, variando os tipos de instituições, de funções e cargos.

Qual é o espaço e o papel da divulgação científica na CI?
Tefko: A questão remete às atividades do que hoje chamamos deinformation literacy. O National Forum on Information Literacy, que reúne mais de 90 organizações nacionais e internacionais, define o termo como “competência para agir em casos de necessidades por busca de informação; ser capaz de identificar, localizar, avaliar e efetivamente utilizar a informação para solucionar questões e desafios”. A information literacy emerge para atuar no bem-estar social e econômico diante de uma sociedade cada vez mais complexa.

Há grandes ações voltadas para a educação e outros campos dedicados à promoção da information literacy. E a informação científica está no cerne dessa dinâmica, pois muitos pesquisadores e outros profissionais mantêm, de alguma forma, relações com aspectos desse conceito.

Há no Brasil críticas quanto a eventuais fragilidades teóricas e epistemológicas da CI. O que o senhor pensa sobre isso?
Tefko: Embora eu tenha feito algumas pesquisas sobre o assunto, não posso comentar com propriedade sem explora-lo mais profundamente em livros e artigos. Portanto, prefiro evitar esse tópico.

Em 1995, recebeu o Prêmio ASIST ao
Mérito Acadêmico. Crédito imagem: Rutgers.
Quais são as contribuições brasileiras para a pesquisa em CI?
Tefko: São muito consideráveis. Há diversos exemplos, mas me atentarei para dois deles. O Brasil é líder em CI, não só na América Latina, mas também promove significativo impacto na comunidade internacional desta ciência. Isso pode ser facilmente observado, entre outros casos, através de periódicos importantes, como a revista Ciência da Informação (do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia-IBICT), o Brazilian Journal of Information Science (da Universidade Estadual Paulista-Unesp) e Informação & Sociedade: Estudos (da Universidade Federal da Paraíba-UFPB). Esses periódicos têm relevância para a CI como um todo e representam as pesquisas, as discussões e os avanços contemporâneos em CI conduzidos pelo Brasil.

O outro caso do qual gostaria de comentar é o livro Modern Information Retrieval: The Concepts and Technology behind Search (2nd Edition), da ACM Press Books. Um dos autores é o chileno Ricardo Baeza-Yates, cientista da computação e atual vice-presidente do Yahoo! Researchpara a América Latina e Europa. Já Ribeiro-Neto, o outro autor da obra, é professor do departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e diretor de engenharia do Centro de Desenvolvimento e Pesquisa da Google no Brasil, localizado em Belo Horizonte-MG. No Google Scholar, o livro tem mais de 12.000 citações, enquanto que Baeza-Yates tem perto de 28.000 e Ribeiro-Neto acima de 15.000. Esses números são bastante relevantes e indicam o impacto da pesquisa realizada na América Latina e no Brasil.

Como foi o seu período de docência no Brasil? Como começaram as suas relações com o país?
Tefko: Inicialmente, eu recebi um convite para lecionar no Brasil no inverno de 1971-1972, para 16 estudantes no Programa de Pós-graduação do então Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD - que adiante seria denominado como IBICT) . Naquele momento, o Instituto era dirigido por Celia Zaher, uma das responsáveis pela solidificação da CI no Brasil e na América Latina. Ela demonstrava muita competência, liderança, forte personalidade, visionarismo e clareza sobre a área, tanto internamente quanto fora do país. Algumas atuações dela foram em programa educativo focado nos avanços contemporâneos em CI, particularmente a recuperação da informação, múltiplos contatos internacionais, ações de indexação e bibliografia geradas por computador, entre outros exemplos.

Aquele ambiente era eletrizante, os estudantes eram impacientes e trabalhavam intensamente. Mais do que boa receptividade, eu fiz amigos, os quais mantenho ainda hoje. Em outras oportunidades, eu retornei ao IBICT e outras instituições para eventos e conferências. Fui muito feliz nas minhas estadias, conhecendo todo o Brasil. Tenho até um título de cidadão carioca honorárioDe fato, guardo muito carinho e admiração pelo país. E os meus antigos alunos se saíram bem e tiveram progresso, o que me deixa muito, muito orgulhoso e feliz!

Quais foram as suas motivações para ingressar nessa carreira?
Tefko: A história é longa, mas vou tentar resumir. Eu vi um computador pela primeira vez no início dos anos 1960, chamado RCA 501, modelo que já faz parte de museu e cuja empresa não mais existe. Lembro-me como se fosse hoje. Era um dos primeiros computadores comerciais, muito grande, grotesco, com luzes piscando, ocupando uma sala inteira. A memória do equipamento era menor que a do meu atual relógio de pulso. Daí, eu me apaixonei por computadores. Mesmo concentrado nos estudos daquela fase acadêmica, eu mantinha a atração por aquelas máquinas.

No início dos anos 1960, quando eu já ia para a pós-graduação em Cleveland, Ohio, as universidades não dispunham de programa de informática, até porque a Ciência da Computação não existia. Porém, eu descobri o Center for Documentation and Communication Research (CDCR), ligado à School of Library Science, da Western Reserve University, uma antiga universidade privada que tinha computador e oferecia cursos em uma área que viria a se chamar recuperação da informação. Passada a pós-graduação, eu trabalhei no CDCR, que teve atuação em sistemas de recuperação em metalurgia, sendo o primeiro sistema comercial de recuperação de informação nos Estados Unidos. O trabalho atendeu a demanda da associação America de Metais.

Esse é o início de uma longa trajetória!

Há algum tema sobre o qual o senhor gostaria de comentar, mas deixamos de abordar na entrevista?
Tefko: Eu gostaria de falar mais sobre a educação, que é crítica em muitos campos científicos. A afirmação é luar-comum, mas deve ser reforçada. 

A educação em CI começou lentamente nos anos 1950-60. Dois modelos se tornaram referência ao longo dos anos. O primeiro deles é associado a programas de bibliotecas, cujo pioneirismo no Brasil é do IBICT. Tal padrão possui a qualidade de posicionar a educação dentro de uma estrutura de serviços, aproximando educação e prática profissional, dedicando atenção ao usuário, que lida com uma série de serviços e fontes diversas de informação. A falha é a carência de uma estrutura teórica mais ampla, assim como ensino do próprio sistema, como a compreensão de algoritmos. A maioria dos pesquisadores em comportamentos e informações humanos, centrados nos usuários, possuem afinidade com esse ambiente educacional. Dessa perspectiva surge a designação de Ciência da Informação.

O Segundo modelo refere-se à Ciência da Computação, trabalhando com sistemas de recuperação da informação. As qualidades dele são: a) ter sólida base matemática em sua origem; b) ter vínculos diretos com a pesquisa científica. Os pontos fracos são: a) ignora aspectos mais amplos da CI, bem como outros campos das humanidades; b) desprestigia práticas profissionais de onde esses sistemas são utilizados.Trata-se de um modelo de sucesso com foco na computação, sem atenção especial à CI. Neste viés estão os pesquisadores com foco nas abordagens dos próprios sistemas.  

Os dois contextos educacionais são completamente independentes um do outro. Nenhum deles consegue refletir a realidade do campo, ainda mais hoje, em que todos buscam informações e há inúmeras e múltiplas pesquisas sobre informação em todo o mundo. Porém, é importante os esforços para integrar esses modelos e gerar uma perspectiva mais ampla.


Obs: inicialmente, o blog havia informado que o pesquisador Berthier Ribeiro-Neto era da Ciência da Informação. Porém, conforme já retificado, ele é da Ciência da Computação da UFMG.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

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Ler é uma aventura para os períodos de férias

Ler é uma aventura para os períodos de férias
Tatiana Ramos

26/1/2014 09:01:00
Professora curitibanense fala sobre a experiência de leitura
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“O livro jamais deixará de ser uma herança cultural”, afirma professora Andréia
O período de férias, para muitas pessoas, é o momento certo para colocar as pernas para o ar, no balanço de uma rede, e ler um bom livro. Diferente da leitura feita em telas digitais, a experiência de folhear as páginas de um livro é única e incomparável, segundo a professora de Língua Portuguesa, Inglês e Literatura Andréia Lúcia Correa, pesquisadora no campo da leitura ordinária.
“A cibercultura toma espaço entre jovens e adultos pelo uso frequente da Internet, tablet e celular, mandar mensagens, posts, o ato de comunicar-se, mas a página invadida pelo leitor, o transar com a história e a presença do personagem vivo na memória é uma experiência maravilhosa”, avalia Andréia. Ela observa que, durante as férias, a movimentação das bibliotecas aumenta e, em muitas cidades, os espaços são procurados não apenas para o empréstimo e devolução de livros. “As pessoas tomam café, trocam de livros, compram e sentam-se para ler”, completa.
De acordo com Andréia, a teoria de que a leitura em papel será enterrada pela era digital não deve concretizar-se. Ela recorda que, muitas vezes, o fim dos livros já foi anunciado, quase sempre relacionado a uma nova descoberta ou forma de cultura. “Apresentam-nos o texto eletrônico como uma revolução, mas a história do livro já viu outras: as novas linguagens da Internet, o cibertexto, os celulares, enfim, a tecnologia... Isso define o leitor do futuro, voraz, solitário. Mas o espaço da biblioteca é um espaço de trocas, café, amizades, de perambular pelas prateleiras, reler e sentir”, compara. 
Mas, então, o livro sobreviverá? Andréia destaca que a trajetória da leitura e da escrita é uma prática social, que faz parte da evolução da humanidade, desde as formas primitivas. A professora ressalta que o contato com a palavra impressa afetou o pensamento e o comportamento da humanidade nos últimos 500 anos e que se trata de livros desde a época de Gutemberg. “A história do livro estende-se até a cultura da Renascença, se não antes, e começou a sério no século XIX, quando o estudo dos livros tornou-se objeto material e levou ao crescimento das bibliotecas, principalmente na Inglaterra”, relata.
Como acontece ainda hoje em muitos meios culturais, historiadores do livro começaram a se encontrar em cafés, bares e, logo, conferências. De acordo com Andréia, eles reuniam-se para psicanalisar o pensamento de cada leitor que ali vinha, beber seu bom vinho, fumar seu charuto de forma tranquila. “O livro é, necessariamente, o símbolo do progresso com que tentamos fazer esquecer as trevas da solidão, embora a leitura seja um ato solitário. A demanda tecnológica surgindo é uma logística de trabalho e armazenamento. O livro jamais deixará de ser uma herança cultural”, afirma.
No entanto, ela observa que não se pode ignorar que a evolução tecnológica ocupará espaço dos internautas de plantão. O fato é ponderar-se ao ler e o que saber ler. De acordo com Andréia, tudo pode acontecer, mas, independente da forma que tome, a leitura é fundamental em qualquer época. “Amanhã, os livros podem ser um punhado de irredutíveis que irão a museus e bibliotecas, mas nunca tivemos tanta necessidade de ler e escrever, ler para entender o outro, entender-se a si mesmo, escrever cartas de amor, bilhetes...”, conclui.
“Vício” sadioPara a professora, quem cultiva o hábito de ler nunca está satisfeito ao encerrar um livro. Fica sempre uma vontade de “quero mais”, tornando a leitura um “vício” sadio e despertando novos sentimentos e pensamentos mesmo após finalizar a última página. “Um livro nunca se encerra. Nunca tem fim. Não existe apenas uma única vez. Ele é a história do leitor. Sempre. O autor inicia um processo que só tem continuidade com o outro, ou melhor, com os outros. E nós lemos o que somos e somos o que lemos. E, no final das contas, nessa ‘metáfora circular’, autor e leitor tornam-se algo único”, declara, acrescentando que a companhia das páginas dos livros nos permite sonhar, idealizar e, quem sabe, tornar-se outro.


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Escola do MT conclui construção de Sala de leitura com garrafas Pet

sala leitura mt

studantes da Escola Municipal Professor Jari Edgar Zambiasi, construíram com o auxílio dos professores, uma sala de leitura somente com materiais reciclados. O espaço foi construído no pátio da escola que fica situada na Avenida Tiradentes, número 1260, em Aripuanã (MT).

A iniciativa partiu da necessidade de encontrar dentro da Escola um ambiente agradável e aconchegante para os alunos fazerem leituras de obras literárias e para aprimorarem o conhecimento no universo dos autores consagrados da Literatura.

“Há vários anos a Escola vem desenvolvendo o “Projeto Leitura”, que ocorre uma vez por semana, onde o professor por iniciativa possui uma hora /aula para todos realizarem o momento da leitura. Os alunos também podem retirar os livros e levarem para casa onde continuam lendo”, destaca o diretor Laércio Duarte.

Sendo assim neste ano de 2013, como nos anos anteriores, a Escola participou ativamente da Feira de Ciências do Município de Aripuanã, “FECTIMA” que ocorreu no mês de setembro, e como vem melhorando sua criatividade ano a ano, decidiu com a ajuda dos alunos e de toda comunidade escolar, construir um ambiente próprio para dar continuidade ao ambicioso Projeto.

Pensando na sustentabilidade e no meio ambiente, a Escola retirou de circulação mais de 6.000 garrafas Pet, onde os alunos encheram com areia para dar sustentação, e com a ajuda do construtor (Sr. Karqueus) que conduziu na prática as pesquisas realizadas pela Escola. “Foi um Projeto inovador no Estado de Mato Grosso, pois foram encontradas fontes apenas no Estado de São Paulo”, informou Laércio.

A Escola agradece a parceria feita junto a SEMEC (Secretaria Municipal de Educação e Cultura), na pessoa do Professor Valmir Faoro, onde disponibilizou a mão de obra especializada, tendo em vista que é a parte mais difícil e de custo altíssimo no município, e que segundo o diretor, com certeza sairia do orçamento bimestral da Escola. 

“E ainda não mediu esforços para adquirirmos os recursos anuais da EJA (Educação de Jovens Adultos), de 2.012/13, valores estes que foram orçados materiais pedagógicos, como mais coleções de livros literários e didáticos, prateleiras para serem guardados os livros, computadores para ampliar a quantidade já existente no laboratório de informática, e ainda impressoras que irão melhorar ainda mais a qualidade do ensino nesta instituição”, concluiu Laércio.http://www.blogdogaleno.com.br/2013/12/28/escola-do-mt-conclui-construcao-de-sala-de-leitura-com-garrafas-pet

RDA EM UM BREVE PANORAMA PESSOAL – PARTE II (III) - Modelagem FRBR e Estrutura RDA

RDA EM UM BREVE PANORAMA PESSOAL – PARTE II (III) - Modelagem FRBR e Estrutura RDA

[Janeiro/2014]

A AACR2 arranja os seus capítulos por tipo de recursos e também pelo tipo de ponto de acesso principal e secundário. Na parte I da AACR2, capítulos 2-12 cada tópico está orientado para um formato em separado e sua respectiva descrição. O código é fraco em detalhar os pontos de acesso, mesmo assim a Parte II é orientada para a escolha dos pontos de acesso para nomes de pessoas, entidade coletiva e títulos, discutindo opções para a entrada principal e secundária. A RDA reconfigura essa divisão tradicional, dá maior ênfase ao controle de autoridade, bem como apresenta uma estrutura diferente. Conforme descrito no "Escopo e estrutura da RDA" as novas regras são divididas em 10 seções: seções 1-4 cobrem os elementos correspondentes aos atributos de entidades definidos no FRBR e FRAD; seções 5-10 cobrem elementos correspondentes ao relacionamentos definidos no FRBR e FRAD. Além disso, a escolha do tipo de registro criado, uma vez que em função do formato, é deslocado para o "tipo de descrição", o registro deve ser representado: de maneira compreensível, em níveis abrangentes, ou analíticos. Na terminologia da catalogação uma entrada é "analítica" se inclui uma descrição ou análise das subpartes do recurso que está sendo catalogado. Entretanto, com a RDA, a variedade de formatos dos recursos representados num catálogo bibliográfico não está em questão. A questão agora gira mais sobre o âmbito da representação. Essa mudança de foco permite que o catálogo possa acomodar a interpretação e / ou detalhamento das relações entre recursos mais facilmente dentro de um dinâmico ambiente de biblioteca (MIKSA, 2009).

Uma diferença inicial de estrutura entre a AACR2 e a RDA pode ser visualizada na tabela 01 que ilustra as mudanças conceituais de um código para outro.

Tabela 01: Estrutura do Código AACR2r - RDA
Estrutura AACR2r
Estrutura RDA
Composta de 20 capítulos e 5 apêndices, dividida em 2 partes.
Composta de 10 seções, 37 capítulos e 13 apêndices. Excluído o capítulo 0 – Introdução.
Parte I – Descrição
Registro do Atributos (FRBR/FRAD)
1. Regras Gerais de Descrição
2. Livros, Folhetos e Folhas Impressas
3. Materiais Cartográficos
4. Manuscritos
5. Música
6. Gravações de sons
7. Filmes Cinematográficos e Gravações de Vídeos
8. Materiais Gráficos
9. Recursos Eletrônicos
10. Artefatos Tridimensionais e Realia
11. Microformas
12. Recursos Contínuos
13. Análise
1. Atributos de Manifestação e Item
2. Atributos da Obra e da Expressão 
3. Atributos de Pessoa, Família e Entidade Coletiva
4. Atributos de Conceito, Objeto, Evento e Lugar
Parte II – Pontos de Acesso, Títulos Uniformes, Remissivas
Registro do Relacionamentos (FRBR / FRAD)
21. Escolha dos Pontos de Acesso
22. Cabeçalhos para Pessoas
23. Nomes Geográficos
24. Cabeçalhos para Entidades
25. Títulos Uniformes
26. Remissivas
5. Relacionamentos primários
6. Relacionamento com Pessoas, Famílias e Entidades Coletivas associados a um recurso
7. Relacionamentos de Assunto
8. As relações entre obras, expressões, manifestações e itens
9. Os relacionamentos entre Pessoas, Famílias e Entidades
10. Relacionamentos entre Conceitos, Objetos, Eventos e Lugares
Apêndices
Apêndices
A: Uso de maiúsculas
B: Abreviaturas
C: Numerais
D: Glossário
E: Artigos iniciais
12 apêndices, além do glossário e index


A estrutura da RDA que se divide em atributos e relacionamentos, apresenta as 10 seções desdobradas em capítulos, assim organizados:

Capítulo 0 – Introdução geral que apresenta breve orientação sobre os objetivos e âmbito da RDA, suas principais características e a relação com outras normas para a descrição e acesso aos recursos. Destaca os princípios no qual a RDA se baseia, e descreve os modelos conceituais que dão sustentação a sua estrutura. Fornece, também, um esboço geral da estrutura da RDA, uma lista dos elementos essenciais, uma explicação sobre as convenções usadas na apresentação das instruções e exemplos, e orientação sobre como as instruções e convenções em matéria de língua, transcrição etc., pode ser adaptado para uso em vários contextos (por exemplo, por uma agência cujo principal público usa um idioma diferente do Inglês).

Atributos de registro

§  Seção 1: Registros dos Atributos de Manifestação e Item: fornece instruções para registros dos atributos de manifestações e itens definidos no FRBR. Os capítulos vinculados:
o    Capítulo 1. Diretrizes Gerais para Registro de Atributos de Manifestação e Item General [Guidelines on Recording Attributes of Manifestations and Items]: estabelece os objetivos funcionais e os princípios inerentes às orientações e instruções contidas nos capítulos 2-4, e especifica elementos essenciais para a identificação e a descrição das manifestações e itens. Fornece, também, orientações e instruções gerais sobre a transcrição, o número de registros, e as formulações das anotações.
o    Capítulo 2. Identificando Manifestações e Itens [Identifying manifestations and items]: foco nos elementos mais comumente utilizados na identificação das manifestações e itens. Os elementos abordados incluem o título, a indicação de responsabilidade, edição, etc. - informações que os usuários usam para confirmar se o recurso descrito corresponde ao pretendido, ou para distinguir entre dois ou mais recursos que carregam informações similares.
o    Capítulo 3. Descrição de Suportes [Describing Carriers]: orientado para a descrição do suporte do recurso. Os elementos tratados incluem aqueles que os usuários normalmente encontram ao selecionar um recurso no que se refere às características físicas do suporte, a formatação e codificação das informações armazenadas no repositório, etc.
o    Capítulo 4. Provendo Aquisição e Acesso à Informação [Providing acquisition and access information]: orientado na aquisição e acesso à informação. Os elementos abordados incluem aqueles usados para obter ou acessar um recurso (termos de disponibilidade, informações de contato, restrições de acesso, etc.).
§  Seção 2: Registro de Atributos de Obras e Expressão [Recording Attributes of Work and Expression]: Fornece instruções para registro dos atributos de obras e expressões definidas no FRBR e FRAD.
o    Capítulo 5. Diretrizes Gerais para Registro de Atributos de Obras e Expressão [General Guidelines on Recording Attributes of Works and Expressions]: define os objetivos funcionais e princípios inerentes às orientações e instruções contidas nos capítulos 6 e 7, e especifica elementos essenciais na identificação e descrição das obras e expressões. Fornece, também, orientações e instruções gerais sobre a construção de pontos de acesso autorizados e variantes que representam obras e expressões. Além de instruções sobre o registro do nível de ponto de acesso preferido, sobre a citação das fontes das quais os títulos e outras informações da identificação de uma obra ou expressão foi retirada, e as notas elaboradas para auxiliar no uso ou revisão dos dados.
o    Capítulo 6. Identificação de Obras e Expressão [Identifying Works and Expressions]: cobre os elementos mais comuns utilizados para fins de identificação de obras e expressões. Os elementos incluem os títulos preferenciais e variantes para uma obra, forma, data, local de origem, etc., da obra, linguagem de expressão, versão etc.- informações que os usuários dependem para confirmar que a obra ou a expressão representada pelos dados correspondem ao desejado, ou distinguem entre duas ou mais obras ou expressões com informações similares. O capítulo fornece, também, orientações sobre a construção de pontos de acesso autorizados e variantes que representam uma obra ou expressão. Além de incluir instruções adicionais sobre títulos preferenciais e variantes e outros atributos de identificação de obras musicais, jurídicas, religiosas, e de comunicações oficiais.
o    Capítulo 7. Descrição de Conteúdo [Describing Content]: incide sobre os atributos de obras e expressões da qual os usuários dependem ao selecionar um recurso que atenda às necessidades de conteúdo. Os elementos abordados incluem a natureza e abrangência do conteúdo, público-alvo, etc.
§  Seção 3: Registro de Atributos de Pessoa, Família e Entidade Coletiva [Recording Attributes of Person, Family, and Corporate Body]: fornece instrumentos para o registro dos atributos das entidades do Grupo 2 do modelos FRBR e FRAD.
o    Capítulo 8. Diretrizes Gerais para Registro de Atributos de Pessoas, Famílias e Entidades Coletivas [General Guidelines on Recording Attributes of Persons, Families, and Corporate Bodies]: define os objetivos e os princípios das orientações e instruções contidas nos capítulos 9-11, e especifica os elementos essenciais para a identificação das pessoas, famílias e entidades coletivas. Fornece orientações e instruções gerais sobre o registro de nomes de gravação, e a construção dos pontos de acesso autorizado e variante para representação de pessoas, famílias e entidades coletivas. Provê, ainda, instruções sobre o registro de elementos relacionados com o uso de um nome (abrangência e dados de uso, etc.), indicando as fontes nas quais os nomes e outras informações de identificação para pessoa, família, e entidade coletiva foram coletados, e a elaboração de anotações que ajudem na utilização ou revisão dos dados.
o    Capítulo 9. Identificação de Pessoas [Identifying Persons]
o    Capítulo 10. Identificação de Famílias [Identifying Families]
o    Capítulo 11. Identificação de Entidades Coletivas [Identifying Corporate Bodies]
o    Os capítulos 9 – 11 referem-se aos elementos de uso comuns na identificação de pessoas, famílias e entidades coletivas. Os elementos abordados incluem os nomes preferenciais e variantes para uma pessoa, família ou entidade coletiva, além das datas e lugares associados, etc. - informações que os usuários utilizam para confirmar que a pessoa, a família, ou entidade coletiva representada nos dados corresponde ao desejado, ou para distinguir entre duas ou mais pessoas, famílias ou entidades coletivas com nomes semelhantes, etc. Os capítulos fornecem orientações sobre a construção de pontos de acesso autorizado e variante representando pessoa, família ou entidade coletiva.
§  Seção 4: Registro de Atributos de Conceitos, Objetos, Evento e Lugar [Recording attributes of concept, object, event, and place]: capítulos a serem desenvolvidos após o lançamento da RDA.
o    Capítulo 12. Diretrizes Gerais para Registro de Conceitos, Objetos, Eventos e Lugares [General Guidelines on Recording Attributes of Concepts, Objects, Events, and Places]: definirá os objetivos e princípios das orientações e instruções nos capítulos 13-16, e especificará os elementos essenciais para a identificação de conceitos, objetos, eventos e lugares. Deve fornecer orientações e instruções gerais sobre o registro de termos e nomes, e na construção de pontos de acesso autorizado e variante que os representam. Ademais, o capítulo irá fornecer instruções para o registro de elementos variados relacionados com o uso de um termo ou nome, indicando as fontes das quais os termos ou nomes, e outras informações de identificação do conceito, objeto, evento, ou lugar foi obtido, além da elaboração de anotações que auxiliem na utilização ou revisão dos dados.
o    Capítulo 13. Identificação de Conceitos [Identifying Concepts]
o    Capítulo 14. Identificação de Objeto [Identifying Objects]
o    Capítulo 15. Identificação de Eventos [Identifying Events]
o    Capítulo 16. Identificação de Lugares [Identifying Places]
o    Os capítulos 13 – 16 abordaram os elementos de uso comum para a identificação dos conceitos, objetos, eventos e lugares. Os elementos abordados incluirão os termos ou nomes preferenciais e variantes de um conceito, objeto, evento ou local, o tipo de conceito ou objeto, etc. - informações usadas pelos usuários para confirmar que os dados representados correspondem ao desejado, ou para distinguir entre dois ou mais conceitos, objetos, eventos ou lugares com nomes semelhantes, etc. Os capítulos também irão fornecer orientações sobre a construção de pontos de acesso autorizado ou variante na representação dos dados.

Relacionamento dos registros

§  Seção 5: Registro de Relações Primárias entre Obras, Expressão, Manifestação e Item [Recording primary relationships between work, expression, manifestation, and item]: Segunda parte da RDA baseada no FRBR ao registrar as relações entre diferentes tipos de entidades bibliográficas. Fornece orientações gerais sobre o uso de identificadores, pontos de acesso autorizados inerentes às relações primárias do registro.
o    Capítulo 17. Diretrizes Gerais para Registro de relações Primárias entre uma Obra, Expressão, Manifestação e Item [General Guidelines on Recording Primary Relationships]: Apresenta instruções sobre o registro das relações primárias entre uma obra, expressão, manifestação e item e especifica os elementos essenciais para cumprir esses objetivos. Fornece orientações gerais sobre o uso de identificadores, pontos de acesso autorizado e denominações compostas para registrar as relações.
§  Seção 6: Registro de relações de pessoas, famílias e entidades coletivas [Recording relationships to persons, families, and corporate bodies]: define um conjunto de objetivos e princípios funcionais, orientações e instruções sobre o registro dos relacionamentos para pessoas, famílias e entidades corporativas associadas com um recurso e especifica os elementos essenciais para registrar essas relações. Fornece orientações e instruções gerais sobre o uso de identificadores e pontos de acesso preferencial para registrar essas relações.
o    Capítulo 18. Diretrizes Gerais para Registro das Relações de Pessoas, Famílias e Entidades Coletivas Associadas a um Recurso [General Guidelines on Recording Relationships to Persons, Families, and Corporate Bodies Associated with a Resource]: define as orientações e instruções contidas nos capítulos 19–22, e especifica os elementos essenciais que reflitam as relações entre um recurso e as pessoas, famílias e entidades coletivas associadas a esse recurso. O capítulo fornece orientações gerais sobre o uso de identificadores e pontos de acesso autorizado para registrar essas relações, e a aplicação de designadores de relacionamento para indicar a função exercida pela pessoa, família ou entidade coletiva em relação ao recurso mais especificamente do que é indicado pelo escopo definido pelo próprio elemento de relacionamento.
o    Capítulo 19. Pessoas, Famílias e Entidades Coletivas Associadas a uma Obra [Persons, Families, and Corporate Bodies Associated with a Work]
o    Capítulo 20. Pessoas, Famílias e Entidades Coletivas Associadas a uma Expressão [Persons, Families, and Corporate Bodies Associated with an Expression]
o    Capítulo 21. Pessoas, Famílias e Entidades Coletivas Associadas a uma Manifestação [Persons, Families, and Corporate Bodies Associated with a Manifestation]
o    Capítulo 22. Pessoas, Famílias e Entidades Coletivas Associadas a um Item [Persons, Families, and Corporate Bodies Associated with an Item]
o    Os capítulos 19–22 tratam das relações entre obras, expressões, manifestações e itens e as pessoas, famílias e entidades coletivas, que são associadas. Os elementos abordados incluem aqueles que são adotados ​​para identificar os criadores de obras, editores, tradutores, etc., responsáveis pelas expressões das obras, os produtores e editores de manifestações, os proprietários e detentores dos itens, etc. - informações que os usuários confiam para encontrar os recursos associados a uma pessoa, família, ou entidade coletiva em particular. O capítulo 19 inclui, ainda, instruções adicionais aplicáveis especificamente às pessoas, famílias e entidades coletivas associadas as obras jurídicas e religiosas.
§  Seção 7: Registros das relações para conceitos, objetos, eventos e lugares [Recording relationships to concepts, objects, events, and places]: capítulo a ser desenvolvido após o lançamento da RDA.
o    Capítulo 23. Diretrizes Gerais sobre Registro do Assunto de uma Obra [General Guidelines on Recording the Subject of a Work]: definirá orientações sobre o registro de relacionamentos dos assuntos, e especificará os elementos necessários para cumprir esses objetivos. O capítulo fornecerá orientações gerais sobre o uso de pontos de acesso autorizado para registrar as relações temáticas.
§  Seção 8: Registro das relações entre obras, expressões, manifestações e itens [Recording relationships between Works, expressions, manifestations, and items]: define orientações e instruções sobre registro das relações entre obras, expressões, manifestações e itens e especifica os elementos essenciais para registrar essas relações, além dos relacionamentos entre uma obra, expressão, manifestação, ou item representado por um ponto de acesso preferido.
o    Capítulo 24. Diretrizes Gerais sobre Registros das Relações entre Obras, Expressões, Manifestações e Itens [General Guidelines on Recording Relationships between Works, Expressions, Manifestations, and Items]: define os objetivos operacionais e as orientações contidas nos capítulos 25-28, e especifica os elementos essenciais que exprimam as relações entre obras, expressões, manifestações e itens. Fornece orientações gerais quanto ao uso de pontos de acesso autorizado, e descrições para o registro dessas relações, e a aplicação de designadores de relacionamento para indicar a natureza da relação.
o    Capítulo 25.  Obras Relacionadas [Related Works]
o    Capítulo 26. Expressões Relacionadas [Related Expressions]
o    Capítulo 27. Manifestações Relacionadas [Related Manifestations]
o    Capítulo 28. Itens Relacionados [Related Items]
o    Os capítulos 25-28 tratam das relações entre obras, expressões, manifestações e itens. Os elementos abordados incluem aqueles utilizados ​​para registrar as relações entre uma obra derivada e sua fonte, a reprodução e a manifestação originais, etc. - informações que os usuários usam para encontrar informações sobre obras, expressões, manifestações, e os itens que estão relacionados para a obra, expressão, manifestação ou item representado pelos dados obtidos em resposta às suas pesquisas.
§  Seção 9: Registro das relações entre pessoas, famílias e entidades coletivas [Recording relationships between persons, families and corporate bodies]: fornece orientações e instruções gerais sobre o registro de relacionamentos entre uma pessoa, família ou entidade coletiva representada por um ponto de acesso autorizado e/ou identificador; e definidas no FRAD.
o    Capítulo 29. Diretrizes Gerais sobre Registro das Relações entre Pessoas, Famílias e Entidades Coletivas [General Guidelines on Recording Relationships Between Persons, Families, and Corporate Bodies]: define os objetivos funcionais e inerentes às orientações contidas nos capítulos 30-32, e especifica os elementos essenciais que reflitam as relações entre pessoas, famílias e entidades coletivas. Fornece instruções gerais para o uso de identificadores e pontos de acesso autorizados no registro destas relações, e sobre a utilização de designadores de relacionamento para indicar a natureza da relação mais especificamente do que o indicado pelo escopo definido do elemento de relacionamento em si.
o    Capítulo 30. Pessoas Relacionadas [Related Persons]
o    Capítulo 31. Famílias Relacionadas [Related Families]
o    Capítulo 32. Entidades Coletivas Relacionadas [Related Corporate Bodies]
o    Os capítulos 30-32 tratam das relações entre pessoas, famílias e entidades coletivas. Os elementos abordados incluem aqueles que são usados ​​para registrar as relações entre colaboradores, membros de uma família, pais, e entidade coletiva subsidiária, etc. - informações que os usuários usam para encontrar informações sobre pessoas, famílias ou entidades coletivas que estão relacionadas com pessoa, família ou entidades coletivas representadas pelos pontos de acesso recuperados em resposta às suas buscas.
§  Seção 10: Registro das relações entre conceito, objetos, eventos e lugares [Recording relationships between concepts, objects, events, and places]: capítulos a serem desenvolvidos após o lançamento da RDA.
o    Capítulo 33. Diretrizes Gerais sobre Registro das Relações entre Conceitos, Objetos, Eventos, e Lugares [General Guidelines on Recording Relationships between Concepts, Objects, Events, and Places]: definirá instruções contidas nos capítulos 34-37, e especificará os elementos essenciais que reflitam as relações entre conceitos, objetos, eventos e lugares. Fornecerá orientações gerais para a utilização de identificadores e pontos de acesso autorizados para o registro destas relações, e sobre o uso de designadores de relacionamento para indicar a natureza da relação mais especifica do que o indicado pelo escopo definido pelo elemento de relacionamento.
o    Capítulo 34. Conceitos Relacionados [Related Concepts]
o    Capítulo 35. Objetos Relacionados [Related Objects]
o    Capítulo 36. Eventos Relacionados [Related Events]
o    Capítulo 37. Lugares Relacionados [Related Places]
o    Os capítulos 34-37 irão abordar as relações entre conceitos, objetos, eventos e lugares. Os elementos abordados incluirão aqueles usados ​​para registrar as relações entre os conceitos mais amplos e mais específicos, etc. - informações que os usuários utilizam para encontrar informações sobre conceitos, objetos, eventos e lugares que estão relacionados a outros conceitos, objetos, eventos ou lugares representados pelos pontos de acesso recuperados em resposta às suas pesquisas.

Apêndices [Appendices]: constituem o conjunto dos documentos de mapeamento que estão incluídos nas ferramentas de utilização e de compatibilização da RDA acessada remotamente. Os apêndices são importantes por manter a relação de um método catalográfico para outro.

A: Uso de Maiúscula [Capitalization]: fornece instruções para a capitalização dos dados transcritos em Inglês, bem como para dados transcritos em uma série de outras línguas.

B: Abreviaturas e Símbolos [Abbreviations and Symbols]: fornece listas de abreviaturas para uso em descrições e determinação de pontos de acesso.

C: Artigos Iniciais [Initial Articles]: Este apêndice lista artigos iniciais em línguas que podem ser omitidas quando se aplica as instruções alternativas para registrar títulos preferidos para obras e nomes de pessoas e entidades coletivas.

D: Sintaxes de Registros para Dados Descritivos [Record Syntaxes for Descriptive Data]: fornece orientações sobre sintaxes para o registro dos dados descritivos. O apêndice inclui uma tabela mostrando como os elementos de dados abordados na RDA podem ser mapeados para as áreas e elementos definidos na ISBD e que produzem uma exibição dos mesmos e da pontuação prescrita na ordem estabelecida da ISBD. Além disso, o Anexo fornece mapeamentos dos elementos descritivos da RDA para o formato MARC 21 de dados bibliográficos.

E: Sintaxes de Registros para Controle do Ponto de Acesso [Record Syntaxes for Access Point Control]: fornece orientações sobre a apresentação de pontos de acesso e referências derivadas das regras da AACR2 e exemplos, e um mapeamento dos campos e subcampos variáveis definidos no formato MARC 21 para dados de autoridade com os elementos correspondentes na RDA.

F: Instruções Adicionais sobre Nomes de Pessoas [Additional Instructions on Names of Persons]: fornece instruções sobre a escolha e registro de nomes de pessoas em uma série de categorias específicas, complementando as diretrizes gerais e instruções fornecidas no capítulo 9. As categorias abrangidas são as seguintes: nomes no alfabeto árabe; nomes birmaneses e Karen; nomes chineses que contenham uma determinada denominação não-chinesa; nomes islandeses; nomes índicos; nomes indonésios; nomes malaios; nomes romanos; nomes romenos contendo um patronímico; nomes tailandeses. Para um tratamento mais detalhado de nomes em outros contextos nacionais, ver pesquisa de nomes pessoais do Programa UBCIM IFLA. O apêndice também resume as práticas de listagem para sobrenomes em várias línguas, que incluem um artigo ou preposição ou a combinação dos dois.

G: Títulos de Nobreza, Termos relativos à Hierarquia, etc. [Titles of Nobility, Terms of Rank, Etc.]: fornece informações sobre títulos de nobreza, termos hierárquicos, etc., utilizados em jurisdições específicas. Ênfase: França; Iban [Língua Malaia]; Indonésia; e Reino Unido.

H: Datas no Calendário Cristão [Dates in the Christian Calendar]: fornece informações sobre o registro de datas em acordo com o calendário cristão.

I: Designadores de Relacionamentos: Relações entre um Recurso e Pessoas, Famílias, e Entidades Coletivas Associadas com o Recurso [Relationship Designators: Relationships between a Resource and Persons, Families, and Corporate Bodies Associated with the Resource]: fornece diretrizes gerais sobre o uso de designadores de relacionamento para especificar a relação entre um recurso e uma pessoa, família ou entidade coletiva associada com este recurso, e lista a relação de designadores utilizados com esta finalidade.

J: Designadores de Relacionamentos: Relações entre Obras, Expressões, Manifestações e Itens [Relationship Designators: Relationships between Works, Expressions, Manifestations, and Items]: fornece diretrizes gerais sobre o uso de designadores de relacionamento para especificar as relações entre obras, expressões, manifestações e itens, e lista designadores de relacionamento utilizados para esse fim.

K: Designadores de Relacionamentos: Relações entre Pessoas, Famílias e Entidades Coletivas [Relationship Designators: Relationships between Persons, Families, and Corporate Bodies]: fornece diretrizes sobre o uso de designadores de relacionamento para especificar as relações entre pessoas, famílias e entidades coletivas, e as listas de designadores de relacionamento utilizados para esse fim. Os designadores de relacionamento neste apêndice são provisórios. Devem ser revistos após o lançamento oficial da RDA.

L: Designadores de Relacionamentos: Relações entre Conceitos, Objetos, Eventos, e Lugares [Relationship Designators: Relationships Between Concepts, Objects, Events, and Places]: para ser desenvolvido após o lançamento da RDA, a mesma forma que a seção 10.

Glossário: contém definições dos termos utilizados pela RDA com um significado técnico específico.

Index: provê uma lista em ordem alfabética dos elementos de dados e outros significados de termos e conceitos usados na RDA com referências numéricas para orientar em quais destes elementos, termos, e conceitos são cobertos.


Nos procedimento de aplicação da RDA, há a seguinte organização da norma com a modelagem FRBR:

Entidade
Atributo
Relações
Grupo1: Obra, expressão, manifestação, e Item
Seção 1 Atributos de Manifestação
Cap. 1- Registro de Atributos de Manifestação e Itens;
Cap. 2 – Identificação de Manifestação e Item;
Cap. 3 – Descrição de Suporte;
Cap. 4 – Prover Informação sobre Aquisição e Acervo)
Seção 2 Atributos de Obras e expressão
Cap. 5 – Registro de Atributos de Obras e Expressão;
Cap. 6 – Identificação Obras e Expressão;
Cap. 7 – Descrição de Conteúdo)
Seção 5 Registro de Relações Principais entre Obras, Expressão, Manifestação e Item.

Seção 8 Registro de Relações entre obras, expressões, manifestações e Itens.
Grupo 2: Pessoas, famílias, entidades corporativas
Seção 3 Atributos de Pessoas, Famílias e Entidades Coletivas
Seção 6 Registro de Relações de Pessoas, Famílias e Entidades Coletivas.
Seção 9 Registro de relações entre Pessoas, Famílias e Entidades Coletivas.
Grupo 3: Conceitos, objetos, eventos, lugares
Seção 4 Atributos de Conceito, Objeto, Evento e Lugar (Não desenvolvida)
Seção 7 Registro de Relações de Conceitos, Objetos, Eventos e Lugares.
Seção 10 Registro de relações entre Conceitos, Objetos, Eventos e Lugares
(incompleta)

A organização dos capítulos estrutura-se em acordo com a modelagem do FRBR e FRAD. Na Figura 02 busca-se projetar a visualização conceitual exemplificada com registro para ilustrar a modelagem na estrutura da RDA. Observa-se os conceitos teóricos empregados na nova dinâmica da representação descritiva a nortear o trabalho do catalogador.


Figura 02 – Projeção das entidades do Grupo 1



Na figura 03, expande-se o conceito da modelagem para demais entidades dos Grupos do FRBR, destacando o processo da representação descritiva desenvolvido pelo catalogador a partir do item (o recurso que ele tem à mão para descrever), e o ponto pelo qual deve partir o usuário no desempenho de sua tarefa de busca da obra (da informação de seu interesse). No modelo há toda uma relação a ser passível de estabelecimento em torno do recurso descrito e buscado. Nada que o catalogador já não realizava, apenas que agora potencializada por uma fundamentação teórica clara, embasada em modelagem entidade-relacionamento, apoiada em ferramental tecnológico que atomiza as associações dos dados bibliográficos, impossível de serem estabelecidos no antigo processo de fichas impressas.

Figura 03 – Diagrama do Modelo Conceitual FRBR - Relacionamentos



Com a RDA e o modelo conceitual do FRBR se estabelece um novo pensar sobre a representação e os relacionamentos dos dados bibliográficos. Esta projeção é ilustrada na figura 04, com um diagrama em RDF das entidades do Grupo 1. O Diagrama permite visualizar a expansão do relacionamento estabelecendo uma rede de conexões dos dados bibliográficos e o mapeamento da obra (seu desdobramento genético editorial). A figura 04 mostra apenas uma relação parcial da obra, no caso: Gabriela cravo e canela, que poderia ser acrescida de suas inúmeras traduções, adaptações, versões (expressões) existentes, e consequentes suportes de produção (manifestações) como livros, filmes e vídeos, peças teatrais, textos em braile, etc. O diagrama também salienta uma preocupação agora mais constante do catalogador, o controle mais ativo e detalhado dos pontos de acesso como autoria e demais responsabilidades, além dos títulos.

Figura 04 – Diagrama do relacionamento das entidades do Grupo 1.



A modelagem é materializada na estrutura tradicional da descrição do registro bibliográfico, e que não permite a percepção apresentada na figura 04 ou a interligação do dado bibliográfico estruturado em formato MARC 21 de dados bibliográficos.


100 1_ |a Amado, Jorge |d 1912-2001
Pessoa física ‘criado por’ relação com a obra.
Ponto de acesso autorizado [tem autor]
240 00 |a Gabriela, cravo e canela |l Inglês
$a = Obra $l = Expressão
245 10 |a Gabriela, clove and cinnamon
           |c Jorge Amado ; traduzido do português por
              James L. Taylor and William L. Grossman
Manifestação
250 __ |a 3rd print
Manifestação
260 __ |a New York |b Knopf |c 1962
Manifestação
300 __ |a 425 páginas |c 22 cm
Manifestação
336 __ |a Texto       |2 rdacontent
Manifestação
337 __ |a não mediado |2 rdamedia
Manifestação
338 __ |a volume     |2 rdacarrier
Manifestação
500 __ |a Tradução de: Gabriela, cravo e canela
Expressão
650 7   |a Romance |z Brasil
650 7   |a Literatura |z Brasil
Conceito
Relação “de assunto” com a obra
700 1_|a Taylor, James L. |q (James Lumpkin)
          |d 1892-
Pessoa física
Relação de ‘realizado por’ com esta expressão
Ponto de acesso autorizado [é tradutor]
700 1_|a Grossman, William L. |d 1906-
          |q (William Leonard)
Pessoa física
Relação de ‘realizado por’ com esta expressão
Ponto de acesso autorizado [é tradutor]

   
Indicação de leitura:
Shawne D. Miksa. Resource Description and Access (RDA) and New Research Potentials. Bulletin of the American Society for Information Science and Technology, vol. 35, n. 5, June/July 2009.
OLIVER, Chris. Introdução à RDA: um guia básico. Brasília: Briquet de Lemos / Livros, 2011.
RDA Document, disponível em: http://access.rdatoolkit.org/rdatoc.html. Data: 6/25/2013.