O primeiro número de 2015 da revista Perspectivas em Ciência da Informaçãotrouxe o artigo Representação no domínio bibliográfico: um olhar sobre os Formatos MARC 21, de autoria minha e da Prof.ª Plácida Santos.
A representação da informação tem sido realizada em diversos domínios, um deles o domínio bibliográfico, onde está pautada em instrumentos, princípios, modelos e tecnologias, tais como os padrões de metadados e as codificações. Entre os padrões de metadados utilizados nesse domínio, estão os Formatos MARC 21, com origens na década de 1960. Considerando o amplo uso desses padrões, tem-se por objetivo (1) destacar os propósitos que conduziram à criação dos Formatos MARC 21, (2) apresentar as características da codificação dos registros nesses formatos e (3) discutir as principais críticas sobre sua situação atual. Para tanto, é realizada uma revisão de literatura sobre a origem do MARC e seu desenvolvimento até o MARC 21 e sobre a codificação de registros. Assim, é apresentada a codificação com a XML e o esquema MARCXML, bem como críticas aos Formatos MARC 21. Conclui-se que, apesar das críticas, os Formatos MARC 21 continuam sendo amplamente utilizados e disseminados e que, apesar das vantagens oferecidas pela XML, a codificação com a norma ISO 2709, criada para o intercâmbio de dados em fitas magnéticas na década de 1960, ainda é utilizada.
Figura 1 – Categorização dos instrumentos, princípios, modelos e tecnologias
“O formato legível por máquina desenvolvido na LC, na década de 1960, visava à transmissão de registros em fitas magnéticas, o que justifica o caráter sequencial da codificação utilizada originalmente na transmissão de registros MARC.”
Figura 2 – Registro codificado com a ISO 2709
“Apesar das normas para a codificação terem sido atualizadas no decorrer dos anos, nota-se que não houve mudanças significativas na codificação, de modo que os registros nos atuais Formatos MARC 21 são, em sua maior parte, codificados quase que da mesma forma com que eram codificados os registros na década de 1960, seja para propósitos de recuperação, por exemplo, via protocolo Z39.50, de importação entre sistemas de gerenciamento de bibliotecas ou de armazenamento em bancos de dados.”
Figura 3 – Fragmento de um registro codificado com a DTD XML
“Essas DTDs XML definiam todos os elementos que poderiam aparecer em um registro MARC 21 codificado com a XML e especificavam como esses elementos seriam rotulados e representados nessa codificação (TAYLOR; JOUDREY, 2009, p. 153).”“No desenvolvimento do MARCXML foi adotada uma abordagem diferente daquela utilizada nas DTDs. Ao invés de criar um elemento para cada campo e subcampo, foram criados elementos XML para os diferentes tipos de elementos do MARC 21 (leader, controlfield, datafield e subfield), sendo que as tags dos campos, os indicadores e os códigos de subcampos definidos nos Formatos MARC 21 seriam indicados por meio de atributos XML. O resultado dessa abordagem foi um esquema único e mais simples para todos os tipos de registros MARC 21 (bibliográfico, de autoridade, etc.) (EITO BRUN, 2008, p. 154).”
Figura 4 – Registro MARC 21 codificado com o MARCXML
“[…] além da codificação tradicional sequencial, tem-se a possibilidade de codificar registros nos Formatos MARC 21 utilizando a XML, que está em maior consonância com as tecnologias de informática atuais. Mesmo com essa possibilidade, nota-se que a comunidade de bibliotecas encontra-se ainda presa à codificação da ISO 2709, utilizando uma estrutura sequencial desenvolvida para fitas magnéticas.”
Figura 5 – Codificações de registros nos Formatos MARC 21 desenvolvidas pela LC
“[…] em razão dos Formatos MARC terem sido criados na década de 1960 para possibilitar a produção de fichas catalográficas, um registro MARC 21, ainda hoje, simula uma ficha catalográfica no ambiente digital.”“Todos os problemas que temos com o MARC derivam da violação inicial da lei fundamental da automação de bibliotecas – ‘nunca automatize apenas o que você tem’. Anos atrás, clamei por uma reforma completa do MARC que deveria, essencialmente, substituir por simples registros (nomes, descrições, assuntos) com muitas e complexas conexões o que temos hoje – complexos registros com poucas conexões. É evidente que meu chamado não foi ouvido. Como uma consequência, estamos lidando com os efeitos de milhões de registros MARC e centenas de sistemas baseados nesses registros sem a capacidade de tirar vantagem da sofisticação dos modernos sistemas online.” (GORMAN, 1997, tradução nossa)
Quer ler essas e outras críticas aos Formatos MARC 21? Então acesse o artigo completo em http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/2054
Nenhum comentário:
Postar um comentário