quarta-feira, 31 de março de 2010

Pesquisa de marketing e estudo de usuário: um paralelo entre os dois processos.

Pesquisa de Marketing e Estudos de Usuário:
um paralelo entre os dois processos
Helen Frota Rozados
ROZADOS, Helen Frota; PIFFER, Barbara Pilatti. Pesquisa de marketing e estudo de usuário: um paralelo entre os dois processos. Em Questão, Porto Alegre, v. 15, n. 2, p. 169-182, Jul./Dez. 2009. Disponivel em: Acesso em: 29 mar. 2010
Em Questão, Porto Alegre, v. 15, n. 2, p. 169-182, Jul./Dez. 2009.
RESUMO
Expõe o histórico, a evolução e as características da Pesquisa de
Marketing e dos Estudos de Usuário, assinalando semelhanças
e diferenças entre as duas técnicas. Traça um paralelo entre os
objetivos pretendidos e as metodologias adotadas. Aponta que
os objetivos, a metodologia, as fontes utilizadas são similares,
tanto no caso da Pesquisa de Marketing quanto no de Estudos
de Usuário. Conclui que ambas as investigações fornecem dados
que permitem avaliar serviços e produtos já existentes, conhecer
o que a concorrência está oferecendo e propor novos serviços
e produtos que atendam às necessidades e às demandas dos
usuários/clientes.
PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa de Marketing. Estudos de usuário.
Metodologia de pesquisa. Unidade de informação.

PROCESSO EVOLUTIVO DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA

PROCESSO EVOLUTIVO DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA
Emanuella Barbosa*
Fabiana Souza*
Grace Belo*
Marcos Soares*
Noé Parisi*

RESUMO

Aborda as constantes mudanças no serviço de referência, a sua evolução face ao uso de meios automatizados. Expõe suas concepções e contracepções, finalidades, aproximações com outros setores da biblioteca. Coloca em questão como os profissionais envolvidos com o trabalho de referência poderão melhor utilizar seus conhecimentos para o desenvolvimento do serviço em função do usuário.

Palavras-chave: Serviço de referência - conceito; serviço de referência - concepções; serviço de referência - evolução; fundamentos teóricos - serviço de referência

INTRODUÇÃO

Na antigüidade, as bibliotecas eram essencialmente coleções, passando pelas bibliotecas monásticas e posteriormente sendo absorvido nos meios acadêmicos. Com o surgimento das primeiras universidades chega a uma seção independente, tornando-se uns dos setores denominado serviço de referência. No Brasil, o termo referência, foi adotado para designar a prestação de serviço de informação e assistência aos leitores na biblioteca.

A expressão SERVIÇO DE REFERÊNCIA, foi tomada diretamente do inglês "REFERENCE WORK". Tem como raiz o verbo referir, do latim REFERRE, que significa: indicar, informar.

De acordo com FIGUEIREDO (1992), historicamente, pode-se afirmar que a primeira alusão aos serviços de referências ou auxílio ao leitor ocorreu durante a célebre 1a conferência da American Library Association em 1876, quando foi mencionado por Samuel Sweet Green a relevância do auxílio aos leitores em relação ao uso da coleção, além da função educativa da biblioteca e a emancipação do profissional da informação inserido nos novos padrões do conhecimento.

Em 1930, James I. Wyer, apresentou o primeiro manual escrito sobre o serviço de referência, afirmando que não era possível organizar os livros de forma tão mecânica, tão perfeita que dispensasse o auxílio individual para sua utilização.

No Brasil., a biblioteca Nacional do Rio de Janeiro inaugurou o serviço de referência em 1910, porém, a seção de referência só foi organizada em 1944, reconhecendo a sua utilidade para a pessoa que busca informação para quaisquer finalidade.

FOSKETT (1969) fala sobre os níveis dos serviços de informação no campo das pesquisas científicas e industriais, onde desponta um novo conceito para esse serviço na chamada biblioteca especializada. O serviço de referência abrange desde uma vaga noção de auxílio aos leitores até um serviço de informação altamente especializado, compreendendo as leis do mestre Ranganathan; para cada leitor seu livro, para cada livro seu leitor.

As mudanças são constantes no sistema informacional amparados pelas novas tecnologias, colocando em evidência a necessidade da constante evolução do serviço de referência e de como deve ser o papel do bibliotecário de referência no mundo automatizado. Abordaremos as várias definições do que é o serviço de referência, suas finalidades, as aproximações com outros setores da biblioteca, sua fundamentação hipotética, as percepções ambíguas relacionadas com os serviços de informação, levantando indagações sob o direcionamento que esses serviços poderão tomar em prol do usuário.
RESUMO

Aborda as constantes mudanças no serviço de referência, a sua evolução face ao uso de meios automatizados. Expõe suas concepções e contracepções, finalidades, aproximações com outros setores da biblioteca. Coloca em questão como os profissionais envolvidos com o trabalho de referência poderão melhor utilizar seus conhecimentos para o desenvolvimento do serviço em função do usuário.

Palavras-chave: Serviço de referência - conceito; serviço de referência - concepções; serviço de referência - evolução; fundamentos teóricos - serviço de referência
CONCEPÇÕES EQUIVOCADAS

Ainda hoje, segundo GROGAN (1995), nos serviços de referência, alguns equívocos ainda persistem e cabe ao bibliotecário identificá-los e tentar evitá-los. Reduzir o serviço de referência simplesmente ao conteúdo de obras de referência consiste numa limitação, do mesmo modo que dizer que uma obra de referência é utilizada somente no recinto da biblioteca. A maioria dos pedidos de informação de uma biblioteca se atende com obras que não são específicos da referência e esse serviço não depende só de livros, mas de outros documentos informativos.


Outro equívoco que ainda persiste é que o serviço de referência limita-se à bibliotecas de referência e que a maioria das bibliotecas especializadas e universitárias não possuem um departamento de referência separado, embora certas obras de referência estejam reunidas nas estantes. Já a referência na biblioteca pública está totalmente centrada no departamento de circulação que funciona no balcão.


ALENCAR (1996) realizou uma pesquisa de opiniões entre profissionais e estudantes universitários da área de Biblioteconomia para saber que atitudes, habilidades e conhecimentos são necessários ao serviço de referência. O que se pesquisou foi quanto ao conceito de serviço de referência e o perfil dos novos profissionais diante das mudanças ambientais e tecnológicas; a atitude dos bibliotecários para com os usuários; os problemas relacionados à ética no trabalho de referência; a qualidade dos serviços e desenvolvimento científico com relação à avaliação e eficiência de referência.


Terminada a pesquisa, a autora constatou que na opinião da maioria dos pesquisados, a principal função do serviço de referência é o acesso à informação e à satisfação do usuário.


As atitudes de comportamento mencionados tiveram o intuito de oferecer ao usuário uma boa comunicação, cortesia, dar condições de atualização e boa educação. Pode-se observar que se esses profissionais não estiverem satisfeitos, não dedicam tempo integral às atividades de referência. Portanto, gostariam de estar desenvolvendo outras atividades. O serviço de referência não é a totalidade da Biblioteconomia, nem mesmo é sua parte mais importante, ele proporciona, sim, uma assistência pessoal direta ao consulente que lhe traz uma necessidade de informação.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA

O serviço de referência tem como objetivo principal servir e auxiliar o consulente quando da recuperação da informação. Segundo MARTINS; RIBEIRO (1979) e LITTON (1979) pode ser adotado um dos três estilos, a saber: conservador, moderado ou liberal. MARTINS; RIBEIRO (1979) afirma que para a teoria conservadora o serviço de referência deverá disponibilizar os materiais necessários, bem como orientar o leitor para um bom desenvolvimento da pesquisa, mas que o próprio leitor é quem deve conseguir as respostas. Confirmando o que foi exposto pelas autoras citadas, LITTON (1979) coloca que, adotar o estilo conservador, deverá fornecer o material necessário, mas é o usuário que terá de buscar as respostas de suas questões. Porém, o bibliotecário deverá sempre estar preparado a responder as questões que lhe forem solicitadas.


Sobre a teoria moderada, MARTINS; RIBEIRO (1979) propõem que o serviço de referência dê um pouco mais de assistência aos leitores, disponibilizando serviços extras como xerox, bibliografias, referenciais, etc., pesquisa mais completa, admitindo que as bibliotecas operem como agências de informação com serviços por telefone, correspondência e e-mail. Reforçando estas colocações, LITTON (1979) diz que o conceito moderado é o mais maleável dos conceitos, pois deverá instruir os consulentes a utilizarem os serviços de referência, mas, que os bibliotecários deverão saber responder às questões feitas pelos usuários, não podendo assim, negar-lhes ajuda ou respostas às questões de pesquisa.


MARTINS; RIBEIRO (1979) dizem que a teoria liberal é aquela que deve desenvolver ajuda ilimitada aos leitores, sendo o serviço de referência equiparado por um serviço total, e não mera sugestão, dispondo materiais e recursos externos para facilitar o trabalho dos usuários. Já LITTON (1979) coloca que o objetivo da biblioteca será servir e não só sugerir as fontes, defendendo a especialização dos profissionais, para que não sejam "engolidos" por outros profissionais especializados.


De acordo com o que foi exposto por MARTINS; RIBEIRO (1979) e LITTON (1979), pode-se constatar que a teoria dos autores são semelhantes e mesmo se completam. Em contrapartida aos comentários tecidos por MARTINS; RIBEIRO (1979) e LITTON (1979), sobre as três teorias formuladas para adoção nos serviços de referência, GROGAN (1995) traz-nos interrogações sobre se realmente há ou não teorias sobre o serviço de referência, evidenciando a necessidade de haver aliança entre a teoria e a prática para maior desenvolvimento do serviço. Segundo o autor a área está carente de expositores sobre o assunto, afirma que aqueles que negam as teorias agora, depois propõem uma nova, e desfecha com a necessidade de estudar a teoria para que, aliada à melhoria da prática, possamos buscar soluções aos problemas dos consulentes, sendo este o principal objetivo do serviço de referência.


OBJETIVOS DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA E RELAÇÕES COM OUTRAS UNIDADES

O serviço de referência é uma atividade da biblioteca em que a demanda de pesquisa e consulta ocorrem com mais freqüência. Cabe ao bibliotecário de referência encaminhar o usuário ao setor onde se encontra o material requisitado. Para haver harmonia e interação entre os vários setores da biblioteca, é conveniente traçar o perfil dos objetivos dessa instituição. Daí em diante com apoio administrativo e metas pré-determinadas podemos estabelecer como objetivos do serviço de referência: a preservação das informações e a disponibilização, recuperação e difusão dessas informações. No entanto, o objetivo central é a recuperação das informações que de alguma forma e em algum lugar foram preservadas. Para que esses objetivos se concretizem é importante haver a interação com as demais unidades da biblioteca.


Segundo LITTON (1975) "vários fatores causam o desentrosamento das seções e a falta de aproveitamento dos recursos da instituição". Dentre eles, podemos citar o espaço físico, as instalações pouco funcionais e a qualificação do pessoal.


Entretanto, a interferência da direção da seção de referência (se houver) na solução dos problemas, é essencial. O que permitirá a livre circulação do material adquirido.


O estímulo à unidade é um fator relevante que contribuirá para o fortalecimento de todos os setores, e ao mesmo tempo, propiciará maior integração entre todas as seções. Para tanto, o diretor da biblioteca deverá adotar medidas básicas, como convocar reuniões dos funcionários e chefes; promover a distribuição e discussão das programações anuais; estimular a elaboração e redação de um boletim interno da biblioteca; e a realização de palestras especializadas.


É necessário que as relações dos serviços de referência e de aquisição sejam recíprocas, pois isso ajudará a estabelecer o que deve e pode receber tratamento prioritário, viabilizando todas as informações possíveis ao usuário. Já a relação com os processos técnicos deverá se concentrar na formação de uma boa coleção e elaboração de um catálogo, considerando os pontos de vista do

Contudo, na relação com a circulação devemos delimitar o papel desempenhado pelos setores da biblioteca em decorrência do seu crescimento e da demanda de consultas, sendo fundamental haver uma coordenação geral desses setores. Sob uma mesma direção haverá grande probabilidade de harmonizar a regulamentação do uso de livros, tanto no próprio estabelecimento, como no empréstimo a domicílio.



CONCLUSÃO

Com a evolução das coleções existentes nas primeiras bibliotecas monásticas, e a criação das universidades, o serviço de referência passou a ser independente, tendo seu próprio espaço físico destinado às suas coleções. Com a explosão da produção bibliográfica, ocorrida no início do século XX na área de ciência e tecnologia ficou evidente a necessidade de expandir horizontes. Isso foi tão relevante que a Biblioteca Nacional inaugurou sua própria seção.

Visando o melhor desempenho funcional de uma instituição, os objetivos de uma biblioteca englobam: a preservação, recuperação, disponibilização e disseminação da informação, pressupondo meios práticos e ágeis de difusão da informação através dos vários suportes informacionais. Isso estimulará a relação / integração das seções da biblioteca, promovendo a unidade entre elas.

Diante da evolução do serviço de referência por motivo da introdução de novas tecnologias, tendo em vista como eram desenvolvidos os trabalhos de referência no passado, pode-se inferir que os profissionais precisam se adaptar e buscar, através de renovações dos seus conhecimentos, crescer e evoluir em suas técnicas de atendimento.

Para um bibliotecário de referência, é importante saber lidar com as incompreensões que ainda persistem em torno do serviço de referência. No que diz respeito aos erros que costumam haver nos mesmos e tentar resolvê-los. Embora as mudanças sejam visíveis e marcantes, o que ainda fica evidente é a necessidade do contato direto entre profissional e consulente.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCAR, Maria de Cléofas Faggion. Serviço de referência: atitudes reveladas. Revista Transinformação, Campinas, v. 8, n. 2, p. 65-82, maio/ago. 1996.


FIGUEIREDO, NN. Evolução e avaliação do serviço de referência. In: __ . As origens dos serviços de informação em bibliotecas. São Paulo: Polis, 1992. cap. 1, p. 11-16.


FOSKETT, DJ. As origens dos serviços de informação em bibliotecas. In: __ . Serviços de informação em bibliotecas. São Paulo: Polígono, 1969. cap. 1, p. 15-17.


GROGAN, D. A resposta. In: __ . A prática do serviço de referência. Brasília: Brinquet de Lemos, 1995. p. 153-184.


GROGAN, D. Disciplina e teoria. In: __ . A prática do serviço de referência. Brasília: Brinquet de Lemos, 1995. p. 182-184.


GROGAN, D. O serviço de referência. In: __ . A prática do serviço de referência. Brasília: Brinquet de Lemos, 1995, cap. 1, p. 7-36.


HUTCHINS, M. As relações do departamento de referência com outras unidades. In: __ . Introdução ao trabalho de referência em bibliotecas. Rio de Janeiro: FGV, 1973. 5 pt. p. 228-230.


HUTCHINS, M. Sentido e conteúdo do trabalho de referência. In: __ . Introdução ao trabalho de referência em bibliotecas. Rio de Janeiro: FGV, 1973. 1 pt. p. 3-4.


LITTON, G. O serviço de referência. In: __ . A informação na biblioteca moderna. São Paulo: McGraw-Hill, 1979. p. 4-6.


LITTON, G. Relações com outras seções. In: __ . A informação na biblioteca moderna. São Paulo: McGraw-Hill, 1979. cap. 2, p. 30-34.


MARTINS, MG. de; RIBEIRO, MLG. Introdução In: __ . Serviço de referência e assistência aos leitores. Porto Alegre: URGS, 1979. p. 9-12.


MARTINS, MG. de; RIBEIRO, MLG. Objetivo e finalidade da biblioteca e do serviço de referência. In: __ . Serviço de referência e assistência aos leitores. Porto Alegre: URGS, 1979. cap. 1, p. 24-27.


MARTINS, MG. de; RIBEIRO, MLG. Teoria do serviço de referência. In: __ . Serviço de referência e assistência aos leitores. Porto Alegre: URGS, 1979. p. 27-32.


*Bibliotecários

Marcos Soares Mariá
Publicado no Recanto das Letras em 29/08/2005
Código do texto: T45998

quarta-feira, 24 de março de 2010

A cultura dos sebos‏

Disponível em: http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11977

Luiz Costa Pereira Junior

A CULTURA DOS SEBOS

Criador do portal Estante Virtual diz que os alfarrábios superaram as livrarias como estimuladores de leitura no Brasil e viraram reserva cultural da memória literária brasileira

O administrador André Garcia tinha 26 anos quando abandonou uma promissora carreira na área de inteligência de mercado em operadoras de celular, no Rio. Estava farto do mundo corporativo. Na dúvida do rumo a seguir, buscou a vida acadêmica. Mas, ao procurar livros para um mestrado, notou uma lacuna no mercado que mudaria sua trajetória.
Garcia não achava os títulos que queria em bibliotecas e livrarias, perdia-se nos sebos e na falta de oferta de usados na internet. Veio então o estalo. Em um ano, lançou o Estante Virtual, portal de compra de livros usados, que completa quatro anos com 1.670 sebos, com 22 milhões de obras reunidas.

Aos 31 anos, Garcia comanda um negócio que vende 5 mil livros diários, em 300 mil buscas (12 buscas por segundo em horário de pico). Para ele, os sebos devem ser valorizados como agentes de democratização da leitura. "Ela tem de estimular a imaginação e a reflexão.

Qualquer leitura não é leitura", diz com a autoridade conquistada pelo sucesso da iniciativa inédita de intermediação. Garcia diz ser um erro achar que só à escola cabe estimular a leitura. É desafio do país, afirma, fazê-la vista como prazer. O Estante Virtual quer provar que até uma iniciativa de negócio pode fazer a sua parte.

O brasileiro não gosta de ler ou não compra livros por achar muito caro?
Os dois. Há muita gente que poderia gostar e não gosta, mas há ainda mais gente disponível à leitura se o livro fosse barato. Para quem não gosta de ler, há a razão educacional: a escola ensina a não gostar, usa uma metodologia que tem êxito inverso. Temos uma base pedagógica em que ler é obrigatório e a biblioteca é vista como lugar de castigo. Mas leitura é subjetividade, é ver o que agrada à sensibilidade e se ajusta à sua forma de ser, ao seu momento. A escola nunca me deu esse espaço e duvido que, salvo exceção, garanta isso a muito aluno. Para os que driblam a escola e aprendem a gostar de ler, há um preço alto a ser encarado. Se você considerar só a lista dos dez mais vendidos, a média é de R$ 43 o exemplar. Lê esses livros quem tem mais recurso.

Muitos acham que best-seller estimula a leitura.
Tudo bem, o cara lê 800 páginas de Harry Potter. Mas esse tipo de livro leva mesmo a outra leitura que não seja a mais coisa parecida com Harry Potter? Outro dia, um membro da Câmara Brasileira do Livro disse num evento que se o brasileiro ler bula de remédio, ou revista de fofoca, já está ótimo. Na minha opinião, isso é só tecnicamente leitura. A leitura tem de estimular a imaginação e a reflexão. Qualquer leitura não é leitura.

O livro pode virar fator de exclusão social?
Sem estímulo à escolha, sim. Há essa segmentação, em que uma minoria de livros é bem mais apresentada que todo o resto. A leitura termina aberta a um universo restrito de não mais que uns vinte livros. Uma derrota para a cultura. As pessoas leem só isso? O.K., melhor que não ler. Mas é um quadro de pauperização preocupante. Não basta democratizar a leitura. É preciso democratizar os autores de qualidade.

Daí o papel dos sebos...
Drummond tem uma crônica, O Sebo, em que diz que o sebo é o verdadeiro templo da democracia literária. As livrarias se concentram nos 20% de produtos responsáveis por 80% das vendas. Fazem isso não porque são "malvadas", mas por não haver espaço para tudo. Não há como dar vazão a 1.500 títulos novos todo mês, 52 por dia, fora as reedições. Já o sebo virou uma reserva cultural. Nele, há os de agora, os de antes, os fora de catálogo. Estamos falando da história editorial do país, não só dos livros do momento.

Muitos evitam sebos pela poeira e desordem, não é?
Quem vê o sebo como o lugar de obras raras ou esgotadas deixa de usufruir o que ele tem a oferecer, pois trabalha com livro novo, seminovo ou em edição. À medida que as livrarias priorizaram os mais vendidos, os sebos viram que a demanda por eles cresceu. Boa parte se modernizou, está organizada. Os sebos com bagunça, obras empilhadas, empoeiradas, hoje são minoria.

Mas esse "preconceito" não impediu o avanço...
Se livro não fosse tão caro, sebos não teriam o papel que têm no Brasil. Em Portugal, os alfarrábios são só para obras raras e esgotadas, mesmo. Não se vai a um sebo português para comprar um novo Lobo Antunes ou Saramago, pois a loja não terá. Terá o exemplar raro, o autografado, a edição há muito esgotada. Aqui não, o sebo tem tudo, e o que a livraria de novos não tem mais, pois se concentrou nos mais vendidos e nos lançamentos recentes.

Qual o tamanho real desse mercado?
O Brasil tem hoje 1.800 livrarias em meio a 2.300 pontos de venda de livros. A estimativa de sebos é de 2 mil pontos de livros usados no país, 1.670 dos quais estão no Estante Virtual. Deste número, metade é de lojas de rua e a outra metade, de virtuais.

Quem toca esses virtuais?
Em geral, ex-professores, intelectuais aposentados, com muitos livros em casa, que ampliam o acervo e vendem. A gênese desse mercado ocorreu conosco. Antes, ia-se ao Mercado Livre ou montavam um blog, mas sem movimentação, pois ficavam perdidos na rede.
E aí surgiu o Estante.

Atuava na área de inteligência em operadoras de celular, mapeando mercados, mas cansei da hipercompetição, dos valores focados em maximizar lucros, das relações pessoais pouco saudáveis nas empresas e de brigar com concorrentes por um produto que era, de fato, igual ao deles. Chutei o balde, queria virar professor e me preparei para um mestrado em Psicologia Social na PUC-SP. Procurei livros para estudar quando veio o estalo.
Criar o lugar dos sebos...

Eu ia a bibliotecas e livrarias, e não achava o que queria. Nos sebos, vi uma forma de busca elementar. Olhava as lombadas, umas com as letras subindo; outras, descendo; mesmo com paciência, não achava. Vi, então, que o sebo era mais um lugar para deixar o livro encontrar você do que encontrar o livro que de antemão se deseja. É lugar de garimpagem, não busca. Fui à internet e só achei uns seis sites de sebos. Todos caros. Aquilo me chamou a atenção. Pelo desperdício de um acervo inalcançável - o cliente não conseguia uma mera busca. Eu me perguntei porque só uma elite de sebos estava na rede. Mas sabia a resposta: montar um site com acervo e sistema de busca não é barato, uns R$ 5 mil à época. Minha ideia era resolver a procura e criar uma vitrine para sebos sem visibilidade.

O início foi difícil?
No um ano que levou para preparar o site, mapeei o mercado. No final de 2005, quando lancei o Estante, contávamos com 68 sebos. Hoje temos 600 mil clientes a quem vendemos 5 mil livros ao dia. É mais do que as lojas de rua da Travessa, rede tradicional do Rio, ou do serviço on-line da Cultura, de São Paulo. Não vendemos o livro diretamente, fazemos a intermediação entre o livreiro e o comprador. A cada mil livros on-line, cada sebo fatura em média R$ 600 mensais.

Que livro é procurado?
Literatura estrangeira e brasileira, uns 20% e uns 15% da procura cada, o resto é pulverizado. O livro mais vendido é Vidas Secas, do Graciliano Ramos, que não chega a 900 cópias vendidos. É pouco, claro. No Estante, a venda é pulverizada, não há a discrepância das livrarias, em que um livro dispara milhares de cópias e o 50º mais vendido não passa de dezenas de exemplares. Nos sebos, não. O consumo é bem mais equilibrado. Considero isso uma vitória deles, que têm acervos diversificados e servem a todo gosto, não a um ou outro autor, editora ou tipo de leitura.

Tecnologias como kindle tornarão o sebo obsoleto?
Se livro impresso é caro, imagine depender de um intermediário de leitura que custa bem mais. Sebos atuam em nicho inverso, o de pessoas que querem uma leitura mais barata.

Para além da venda, a internet estimula a leitura?
Autores que não conseguem editora escoam sua produção em blogs. Nessa hora, a internet ajuda a ler e a criar. Mas o gênero mais lido da rede é o jornalístico, leitura informacional, utilitária, não uma ordem de leitura, digamos, mais preciosa. A internet atrapalha, de fato, quando a ênfase da leitura é nos simulacros de interação, como orkut, MSN, Twitter. Eu me pergunto se essas são reais formas de interação, se as comunidades interagem como comunidade. No Orkut, são muito usadas como decalque para a pessoa inserir em seu perfil. Não há convivência genuína.

Não é julgamento severo?
Não podemos apenas rejeitar essa interação, mas não se deve só endossá-la. Pois podemos virar a civilização dos simulacros de interação e dos protótipos de leitura. A escola precisa mostrar que ler dá prazer e nem tudo é interação genuína. Dizem que, como os tempos são dinâmicos, as pessoas não param para ler, daí ser preciso coisas mais dinâmicas, com jogos e tal. É desistir cedo demais. É preciso opor alguma resistência a essa temporalidade imediata.

O problema é a educação.
Não é só a educação. Há um grau de precarização da vida contemporânea, da mente ocupada o tempo inteiro, o dia todo tomado, sem tantas zonas de pausa, tudo se junta para o sujeito chegar em casa e não ter energia para ler. Exercitar a imaginação dá trabalho. O sistema de vida que levamos não facilita. A leitura está condicionada a fatores que talvez não consigamos de fato mudar. Não será só a escola a ser obstáculo, mas mudá-la é um começo.

Como estimular a leitura, nesse contexto?
De cara, a escolha do que ler, o processo da leitura, deve dizer algo ao leitor. Damos um sinal errado ao aluno ou filho quando o fazemos ler só para fazer prova. Quando perguntamos o que o personagem falou ou fez, só para saber se houve leitura por parte do garoto. Ler não é isso. Tem de haver prazer envolvido. Devemos nos opor a certos dogmas intelectuais, de que os clássicos devem ser venerados sem restrições, os livros precisam ser lidos até o final etc. Por mim, começaria as primeiras séries proibindo provas sobre não didáticos. Se o garoto não ler, pior pra ele. Mas não se deve puni-lo. Senão, começa a odiar. A ver o tempo na biblioteca como castigo. Isso não forma leitores, só os afasta.

Como é o procedimento para publicar uma revista impressa e eletrônica?

Procure o IBICT: www.ibict.br

Eles trabalham com o Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER) é
um software desenvolvido para a construção e gestão de uma publicação
periódica eletrônica. Veja matéria abaixo.

A Incubadora de Revistas INSEER é uma iniciativa do Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e tem o apoio da Financiadora de
Estudos e Projetos.

O objetivo desta iniciativa é apoiar e estimular a construção e manutenção
de revistas científicas de acesso livre na internet. O Ibict ao criar esse
espaço aberto às revistas científicas vislumbra não apenas estimular o
surgimento de novas revistas, mas principalmente possibilitar a criação de
oportunidades para a sustentabilidade de revistas científicas existentes,
especialmente aquelas que não estejam ainda em meio eletrônico. Hoje algumas
revistas científicas encontram dificuldades de sustentabilidade, devido em
parte por seus altos custos e também por sua pouca visibilidade. Por esse
motivo, a INSEER está destinada àquelas áreas e comunidades que não possuem,
no momento, condições tecnológicas para a criação de uma revista.

Com a criação da INSEER, o Ibict oferece à comunidade editorial científica
um ambiente de alta visibilidade, dotado de ferramentas que facilitam a
gestão e manutenção de uma revista científica, otimizando, assim, o trabalho
dos editores das revistas hospedadas neste espaço.


Espero ter ajudado, um abraço,

Cristine Marcial

Biblioteca do TRF1 ª Região - Brasília






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