sexta-feira, 11 de novembro de 2016

. Critérios para a definição de obras raras.

SANT'ANA, Rizio Bruno. Critérios para a definição de obras raras. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, SP, v. 2, n. 3, p. 1-18, jan. 2009. ISSN 1676-2592. Discute-se a adoção de critérios de raridade em bibliotecas. Para tanto, são analisados os critérios, muitas vezes antagônicos, adotados por colecionadores e por diversas instituições públicas. Em seguida, são estudadas as normas presentes nos principais códigos de catalogação de obras raras, incluindo textos recentemente disponibilizados na Internet. Finalmente, são estudados mais detalhadamente vários textos, encontrados nos catálogos de obras raras das bibliotecas brasileiras, bem como os critérios adotados na Biblioteca Mário de Andrade, da Prefeitura Municipal de São Paulo.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

COMO O BIBLIOTECÁRIO PODE ATUAR NA BIBLIOTECA ESCOLAR?

COMO O BIBLIOTECÁRIO PODE ATUAR NA BIBLIOTECA ESCOLAR? [Setembro/2016] http://www.ofaj.com.br/colunas_conteudo.php?cod=998 A atuação profissional em ambientes de informação não é um receituário em que se estabelecem de maneira pronta e acabada as perspectivas e procedimentos práticos. As formas de atuação em ambientes de informação variam conforme as necessidades/demandas/desejos/perfis da comunidade de usuários, predominância cultural, crença, gênero, escolaridade, regionalismos, entre outros quesitos. Por isso a atuação profissional merece um olhar cuidadoso e simultaneamente propositivo, visto que há uma multiplicidade de formas para planejar e agir. No caso da biblioteca escolar, a atuação profissional é complexa em face de constituir um dos públicos base de acesso à informação que são estudantes que cursam desde a educação infantil/fundamental até o ensino médio. Eis que a Biblioteconomia precisa concentrar um olhar continuado e permanente para a biblioteca escolar, pois neste ambiente reside um dos maiores potenciais de atuação do bibliotecário, seja contemplando a percepção mercadológica, seja contemplando a questão humana e pedagógica. Desse modo, a atuação de bibliotecários em bibliotecas escolares no Brasil ainda é uma realidade muito rústica no sentido de que há a necessidade legal e especializada de ocupação destes ambientes por bibliotecários e equipes qualificadas para desempenhar atividades. E quais seriam essas atividades? Este viés pragmático é relevante para denotar a atuação do bibliotecário, mas é preciso pensar num contexto totalizador que admita ser o bibliotecário um efetivo profissional que lida e atua com informação na biblioteca. Considerando essa multiplicidade de atuação do bibliotecário e equipe em bibliotecas escolares podemos ponderar que atuam da seguinte maneira, conforme indica o quadro que segue: Quadro 1: Perspectivas de atuação na biblioteca escolar SETORES DE ATUAÇÃO NORTEADORES FORMAS DE ATUAÇÃO Gestão da informação Gerenciamento do acervo Gerenciamento dos serviços; Gerenciamento das tecnologias digitais; Gerenciamento dos recursos humanos; Planejamento das atividades da biblioteca como produtos e serviços; Formas de dinamização do acervo; Oferecimento estratégico e dialógico dos serviços; Uso estratégico e interativo das tecnologias; Gestão compartilhada e participativa da biblioteca escolar liderada por bibliotecários com a participação de professores, alunos, direção e comunidade escolar no geral. Tecnologias da informação Definição de quais programas, softwares, bases de dados, redes sociais, sites, blogs e outros meios tecnológicos devem ser utilizados; Aplicações pedagógicas das tecnologias digitais. Criação de um sistema de informação software que dê conta da atividade representacional do acervo; Uso interacional das redes sociais mais utilizadas como facebook, twitter, linkedin etc.; Valorização dos serviços virtuais como forma de ampliar o acesso à informação para os usuários, tais como: serviço de referência virtual, disseminação seletiva da informação, informação utilitária e serviços de alerta. Organização e tratamento da informação Estratégias dinâmicas para representação do acervo; Uso de técnicas e linguagens documentárias para otimizar o acesso à informação. Criação de catálogos dinâmicos expostos no ambiente físico e virtual da biblioteca escolar; Formas dinâmicas de classificação: a classificação no sistema pode ser convencional, mas é interessante dispor critérios qualitativos de classificação facetada; Criação de índices, vocabulários controlados e tesauros sobre aspectos de interesse de atuação da comunidade de usuários. Recursos e serviços de informação Estratégias para oferecimento de serviços; Elaboração para o uso das fontes de informação; Definição dos produtos a serem propostos pela biblioteca escolar. Desenvolvimento de serviços diversos como informação utilitária (temáticos, autorais, culturais, utilidade pública), disseminação seletiva da informação (DSI), serviços de referência, serviço de alerta, ação cultural, promoção de leitura e pesquisa; Criação de produtos como manuais, guias, catálogos etc. Elaboração e aplicação de política de acervo que considere a diversidade documental a ser disposta na biblioteca escolar (livros, artigos, revistas, sites, blogs, bases de dados, repositórios, entre outros). Pesquisa a partir da biblioteca escolar Estratégias para promoção de pesquisa para professores, alunos e a comunidade em geral. Realização de estudo de usuários. Estímulo à pesquisa escolar para docentes por meio da orientação de projetos para aplicação na escola ou qualificação acadêmica e para alunos por meio de práticas de escrita/redação, reforço escolar, práticas artístico-culturais. Práticas mediacionais na biblioteca escolar Estratégias de mediação da informação, mediação da leitura e mediação cultural aplicadas a biblioteca escolar Estímulo à formação de competências em informação Serviços estratégicos que estimulem a leitura da palavra, leitura do mundo e fomento ao letramento informacional; Estímulo à formação da cultura da própria comunidade, da cultura regional, nacional, global e popular; Práticas de educação e treinamento de usuários sobre temas diversos relacionados à política, educação, sociedade, meio ambiente, preservação da memória, atividade artística. Fonte: elaborado pelo autor Evidentemente que este quadro não detalha o processo de atuação na biblioteca escolar, mas apenas apresenta uma estrutura geral de atuação que deve nortear as práticas do bibliotecário no sentido de constituir um planejamento estratégico para atuar. De modo geral essa atuação compreende o aprendizado na base de setores curriculares biblioteconômicos, assim como investe em estratégias pedagógicas de atuação. Vale destacar que nesta proposta não há isolacionismos, mas a ideia de uma integração disciplinar. Gestão também envolve relação com a aplicação de tecnologias, serviços, organização e práticas pedagógicas; tecnologias demandam uma atividade gerencial, organização, realização de serviços, estimulo à pesquisa e práticas pedagógicas; organização e tratamento exigem gestão de acervos, uso de tecnologias e realização de serviços e auxílio a pesquisa; recursos e serviços precisam ser gerenciados, organizados e de tecnologias digitais para um alcance mais expressivo e satisfatório, assim como dependem fundamentalmente das atividades de pesquisa e práticas pedagógicas para se consolidarem; as atividades de pesquisa, por sua vez, precisam ser gerenciadas, precisam de tecnologias para se desenvolverem, atuam como serviços e elementos de práticas pedagógicas. E, por fim, as práticas pedagógicas sintonizam um dos grandes legados contemporâneos que é compreender a biblioteca escolar como um ambiente que lida com informação a partir de práticas mediacionais diversas, visando à construção de novos conhecimentos e satisfação de necessidades/desejos/demandas da comunidade de usuários (sujeitos da informação). Isto significa que a atuação da biblioteca escolar ocupa múltiplos espaços superando a visão funcional de que cada aspecto ocupa uma atividade, mas, ao contrário, um aspecto possui múltiplas atividades de maneira integrada. O bibliotecário deve reconhecer que é na pluralidade (gestão, tecnologias, organização, serviços, pesquisa e práticas pedagógicas) que conquista o respeito da instituição e da comunidade de usuários desmistificando a ideia de que a biblioteca escolar é apenas um espaço composto de acervo, em especial, livros. Indico um processo holístico de atuação, mas enfatizo a questão inerente a gestão, tecnologias e práticas pedagógicas em virtude de que há uma crítica muito intensa acerca da qualificação do bibliotecário para atuar em bibliotecas escolares como se este profissional estabelecesse sua atuação apenas para o viés da organização e tratamento da informação, sendo as questões pedagógicas, gerenciais e tecnológicas mais voltadas para outros profissionais como professores, administradores, profissionais das áreas de tecnologias. Considero que há um reducionismo e deturpação nessa crítica, visto que a formação do bibliotecário permite uma atuação plural e diversificada. No entanto, é comum em qualquer área do conhecimento haver especialidades que norteiam a atuação dos profissionais. Houve uma ampliação formativa nos currículos de Biblioteconomia para atuação em ambientes de informação, conforme indica o quadro, mas esta ampliação ainda não foi suficientemente disseminada e assimilada por setores diversos que envolvem a atuação do bibliotecário como escolas, universidades, órgãos públicos, hospitais etc. É pertinente que, além da proposta de atuação inserida no quadro, seja considerada fundamental uma campanha maciça da Biblioteconomia fomentada pelos órgãos de classe e academia acerca do papel do bibliotecário, em especial nas bibliotecas escolares, pois é um ambiente que necessita da prática profissional de bibliotecários, mas que ainda é pouco ocupado, tanto na esfera pública quanto privada. Portanto, ao indicar alguns aspectos gerais para pensar a atuação em bibliotecas escolares (também aplicável em outros tipos de bibliotecas), a partir da tríade “setores de atuação”, “norteadores” e “formas de atuação”, este texto traz à baila uma condição articuladora entre o planejar, implementar, executar e avaliar e também entre princípios, procedimentos e finalidades das práticas em bibliotecas escolares considerando que é um campo exponencial de atuação a ser ocupado pelos bibliotecários nas mais diversas regiões do Brasil. Sobre Jonathas Carvalho Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Cariri (UFCA).

FORMAR LEITORES: EIS A QUESTÃO!

FORMAR LEITORES: EIS A QUESTÃO! [09/11/2016] Lena Lois "Os jovens de hoje não lêem!!" É muito comum hoje em dia escutarmos frases desse tipo vindas de pais e professores. Sem dúvida, os baixos índices de leitores no Brasil, sinalizados por diversas pesquisas, é um dado concreto. Estudos revelam que a média de livros lidos num país desenvolvido (a França foi tomada como exemplo maior) é de nove ao ano. O Brasil não atinge nem metade desse número! Os motivos para os insucessos da leitura são de diversas ordens. A extensa geografia do país, que impede que muitos programas educacionais cheguem às mais remotas regiões; a precária formação de muitos professores; a dificuldade de acesso aos livros (existem muitos municípios que não possuem uma única livraria ou biblioteca) e, a própria compreensão limitada sobre o ato de ler. Já não é mais tempo de discutir sobre os desusos da decodificação pura ou da grande importância do letramento. Muito menos produtivo é questionar de quem é a culpa na falta de interesse pela leitura, se da televisão ou da internet. Os conceitos de leitura, ato de ler e leitor andam imbricados num movimento dinâmico, e singular para cada um, e extrapolam todas essas proposições. Quando a criança entra na escola, mesmo na educação infantil ou na creche, ela já traz o seu repertório leitor. Não só um repertório de textos ou histórias que lhe são contadas, mas as suas próprias conjecturas, fantasias e imaginações sobre o entorno. O seu exercício de compreensão e explicação do mundo inicia com a criação de realidades paralelas. E essas realidades paralelas nascem de sensações. Sim, as primeiras leituras caminham lado-a-lado com as emoções. E é por isso que a literatura penetra no cenário infantil com o papel maior que o de promover leituras: ela se oferece gratuitamente, inteira, para que esse pequeno leitor inicie seu passeio metafórico na compreensão do mundo através da magia. A literatura pertence ao mundo das artes e é pela arte que a criança inicia seu ofício de leitor, participando das aventuras, vibrando com as conquistas, expressando seus sentimentos sobre determinadas situações. A literatura ajuda a organizar os pensamentos e construir hipóteses para compreender o mundo. A literatura promove comunicações entre quem lê e quem escuta a história. O incentivo à leitura da literatura na sala de aula é muito importante porque dessa forma não se quebra o fio que um dia uniu o leitor do mundo ao leitor do texto, da fantasia e da arte. Quando a escola encontra uma forma de destacar momentos literários, ela está permitindo que haja um espaço que transcende os espaços pedagógicos onde o aluno é valorizado em sua essência subjetiva. Ele fala. O professor escuta. Ele exercita suas possibilidades críticas e passa a confiar mais em suas reflexões. Dessa forma, também leva para o dia a dia de sala de aula uma outra forma de se relacionar com o ato de aprender. A prática de oficinas literárias (1) cumpre esse papel. Com apenas um encontro semanal de uma hora, onde os alunos se reúnem com os mediadores de leitura e, através de técnicas lúdicas se encontram com a literatura, podemos perceber a construção de uma relação diferenciada com o texto, a criatividade e seus desdobramentos. É priorizada a liberdade de expressão nesse momento. Nada se cobra sobre gramáticas ou ortografias, apenas se incentiva a invenção através da arte literária. Eles trocam idéias, realizam jogos, criam textos e aventuras e fazem desse momento um encontro de prazer com a leitura. Costumo dizer que dentro de todos os alunos existe um leitor, entretanto é necessário que se dê a ele motivos para aparecer. A importância da leitura será vista na proporção de sua função para a vida. De nada adianta impor o texto escrito sem que se apresente uma experiência de prazer sobre ele. E a literatura é essa experiência de prazer. Atuar através da arte é permitir que haja espaço para o simbólico - condição essencial do homem. A literatura não é uma forma de aprender sobre algo. Não é pedagogia. É arte. É um veículo para se aprender sobre o mundo e a humanização do homem. E penso que ensinar sobre humanização também seja papel da escola. Nota 1 Oficinas literárias: tecnologia social capaz de atrair grupos de crianças e jovens para o meio artístico/literário, culminando na sua formação leitora. Lena Lois é psicóloga, especialista em literatura pela UFBa, atualmente é diretora da Asa da Palavra - oficina e consultoria em literatura. Autora do livro "Teoria e prática da formação do leitor: o uso da literatura em sala de aula".