quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

https://jornal.usp.br/cultura/as-bibliotecas-preservam-o-conhecimento-como-extensao-dos-cerebros-humanos/ Luiz Augusto Milanesi Professor Sênior da USP/ECA “As bibliotecas preservam o conhecimento como extensão dos cérebros humanos” É o que afirma o professor Luís Milanesi, da ECA, ressaltando o papel irradiador de cultura e informação das bibliotecas. Sua função como “memória da humanidade” é um dos temas que ele enfoca nesta entrevista Publicado: 17/11/2023 Atualizado: 29/11/2023 as 13:22 Texto: Marcello Rollemberg Arte: Simone Gomes Em um país como o Brasil, que tem uma carência crônica de políticas públicas para a cultura, é muito importante se buscar alternativas para efetivar ações que unam cultura, educação e cidadania. Isso, indo muito além daquilo que os governos – em todas as suas instâncias – se propõem a fazer mas acabam deixando pelo caminho ideias não concretizadas e uma pilha de promessas esquecidas. Uma ação que pode e deve ser vista com atenção é o resgate do papel fundamental das bibliotecas na formação cultural e educativa dos cidadãos, onde o livre pensar é mais do que só pensar. “As bibliotecas tiveram e têm a função de preservar o conhecimento como se fossem, em seu conjunto, a extensão dos cérebros humanos, a memória da humanidade”, garante Luís Augusto Milanesi, professor sênior da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP). “Isso permitiu e permite que sejam transportadoras do conhecimento no transcurso dos séculos, bem como fornecedoras de informações capazes de gerar novas camadas de saber”, acredita ele, também autor de vários livros, entre eles A casa da invenção e Biblioteca, ambos pela Ateliê Editorial. Ex-diretor da ECA e um dos expoentes da Biblioteconomia no Brasil – e defensor intransigente do fomento de políticas culturais –, Milanesi criou, em 2018, o Lacis – Laboratório de Cultura, Informação e Sociedade. Gerado pelo Departamento de Informação e Cultura da ECA, o Lacis tem como proposta central realizar atividades de extensão, notadamente cursos e seminários, bem como desenvolver pesquisas no âmbito da intersecção entre informação e cultura. Nesse campo situa-se um dos seus projetos mais relevantes pela sua dimensão social e pelos desafios teóricos e práticos que propõe: “a biblioteca pública pós-Gutenberg” ou o que será posto no lugar dos acervos municipais, em crise desde a expansão da internet. “A decadência e até mesmo a extinção dessas bibliotecas ocorre em um momento em que se ampliam os vetores da desinformação”, afirma Milanesi, reiterando o tripé de projetos que alicerçam o laboratório: o primeiro busca levar aos municípios a arte que a USP, por meio de seus cursos, cria; o segundo projeto propõe-se a difundir obras de autores uspianos pelos municípios interessados em conhecê-las e discuti-las; e o terceiro trata justamente dessa “biblioteca pós-Gutenberg” e seu impacto social e cultural. Mais informações sobre o Lacis no e-mail lacis@usp.br. Para o professor da ECA, a biblioteconomia é capaz de responder às demandas de fomento de cultura e informação que a sociedade exige, mas deve se adaptar às exigências contemporâneas. “O mundo do trabalho pede cada vez menos aqueles que sabem tudo de um assunto e sim os que tenham a capacidade de combinar e integrar informações de vários campos. O bibliotecário não é apenas o especialista nos meios técnicos, mas nos fins da informação e do conhecimento”, contextualiza. Leia, a seguir, a entrevista de Luís Milanesi ao Jornal da USP.