segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Fundamentos da Organização de Arquivos Fotográficos

FUNDAMENTOS DA ORGANIZAÇÃO DE ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS (20h, online, com certificado)

Promoção: sorteio de livros:  As 100 primeiras inscrições participarão de sorteios dos seguintes livros:
2) Beleza rara: as mais lindas fotos da National Geographic (Ed. Abril) - 2. prêmio (http://viajeaqui.abril.com.br/materias/livro-beleza-rara)
3) Grandes Imagens - National Geographic - 3. prêmio (http://www.lojaabril.com.br/detalhes/livro-national-geographic-grandes-imagens-97586)
O sorteio será no dia 28 de novembro de 2012 (quarta-feira) e ganha quem acertar as dezenas do 1., 2. e 3. prêmios da Loteria Federal (obs.: uma vez sorteado, o participante não poderá concorrer aos outros livros). Enviaremos o livro pelo correio gratuitamente.
Como será realizado o curso
na plataforma moodle de ensino à distância (EAD) / o curso não possui horário fixo e você é quem monta o seu período de acordo com a sua disponibilidade diária. O curso conta com atividades práticas e leve teoria
Período de inscrição no curso
22 de outubro a 26 de novembro de 2012.
Investimento
Estudantes: R$30,00
Profissional: R$40,00
Período de realização do curso
01 de dezembro a 01 de fevereiro (período máximo para conclusão).
Como realizar a inscrição (enviar dados para cursos@informacaoaudiovisual.com.br:
Enviar email com os seguintes dados:
Nome do curso:
Nome completo:
Endereço:
Email/Telefone:
Categoria: (  ) estudante de... /(  ) Profissional de... / Outros, qual?:....
SOBRE O CURSO:
Fundamentos da Organização de Arquivos Fotográficos (20h online, com certificado)
Sobre o curso
Aprender a organizar arquivos fotográficos em bibliotecas, museus e arquivos, de forma prática e levemente conceitual. Você vai aprender a tratar as coleções de fotografias impressas e digitais (cadastrar, catalogar e indexar), organizar um arquivo físico, gerir um arquivo digital, ter noções de conservação e desenvolver procedimentos, metodologias e estratégias para pesquisar, buscar e recuperar imagens fotográficas (de forma rápida e precisa) em seu arquivo fotográfico.
Conteúdo
1- Apresentação geral do curso
2- Princípios de projeto para organização de arquivos fotográficos
3- Arquivos fotográficos: caracterização e tipologias
4- O que organizar num arquivo fotográfico: documentos, imagens ou informações?
5- O arquivo fotográfico em bibliotecas, museus e arquivos
6- Imagens fotográficas: natureza e caracterização dos tipos, suportes, meios e informação
7- Usuários e necessidades de informação em arquivos fotográficos
8- Arquivos fotográficos: princípios de organização
9- O documento fotográfico e a sua descrição
10- A indexação do documento fotográfico
11- Controle da linguagem: vocabulário controlado
12- Princípios metodológicos para pesquisa e busca de informação em arquivos fotográficos
13- Plano de classificação, ordenação e arranjo físico
14- Princípios de conservação e preservação de documentos fotográficos
15- Tecnologias da informação em bancos e arquivos de imagens fotográficas: alguns princípios e requisitos
16- Trabalho final
Quem ministrará o curso:
Ronni Oliveira é coordenador do projeto Informação Audiovisual, professor  e Gestor de Informação em Imagens (consultor, gestor, indexador e bibliotecário de muitas empresas e instituições nacionais e internacionais, tais como: Getty Images Latin América, Stockphotos/Latinstock, Nitro Imagens, Sambaphotos, Jornal Folha de S. Paulo (indexador), Arquivo da Rede Record de Televisão (treinamento), Universidade de São Paulo (bibliotecário), Clube Paineiras de SP (treinamento) dentre outras tantas instituições. Já coordenou projetos de reestruturação de bancos e arquivos de imagens, construção de vocabulário controlado para imagens, indexação de imagens e aprimoramento de sistema de pesquisa, busca e recuperação de imagens. Desde 1998 trabalha com imagens e vem se dedicando intensamente ao ensino e construção de competências para a formação de gestores de bancos e arquivos de imagens. Ja ministrou cursos, treinamentos e palestras em inúmeras instituições pelo Brasil: FEBAB (Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições), UFF (Universidade Federal Fluminense), UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), UFBA (Universidade Federal da Bahia), UFPB (Universidade Federal da Paraíba), CCMQ/Porto Alegre/RS, Biblioteca Pública de Santa Catarina, Biblioteca Pública de Aracaju/SE, Biblioteca Pública de Belo Horizonte/MG e vários cursos em SP, além dos cursos online (EAD), que tem contando com a participação de profissionais e estudantes de todo o Brasil. O professor é bacharel em biblioteconomia pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
Acesse nosso site para maiores informações: http://informacaoaudiovisual.com.br

domingo, 28 de outubro de 2012

TELECENTROS COMUNITÁRIOS


PROJETOS COMUNITÁRIOS DA INCLUSÃO DIGITAL DOS TELECENTROS COMUNITÁRIOS são selecionados entre os 10 melhores projetos do POLO SUDESTE DO BRASIL.
A Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esporte, Lazer e Turismo juntamente com o PREFEITO MUNICIPAL, receberam neste tarde (26/10), o comunicado que o MUNICÍPIO foi selecionado com os 2 (dois), PROJETOS COMUNITÁRIOS dos Telec
entros.
O Primeiro projeto tratá- se de AULAS DE INFORMÁTICA DESTINADAS À 3ª IDADE, realizadas semanalmente no TELECENTRO COMUNITÁRIO DO CADAM com o Professor GERALDINO. (Projeto este, desenvolvido pelos TUTORES, Angela Moises e Geraldino Alves Costa).
O Segundo projeto tratá-se de INTEGRAÇÃO "TELECENTRO COMUNITÁRIO, BIBLIOTECA MUNICIPAL E COMUNIDADE ARCEBURGUENSE", que serão realizadas à partir da montagem do NOVO TELECENTRO, que provavelmente irá acontecer ainda no final deste ano. Esse projeto envolverá a didática do uso do computador para pesquisas e leituras de livros. (Projeto este, desenvolvido pelas TUTORAS, Maisa Silva, Margarida Heluany Coste e Marilza Jaime).
Além do mais, com essa seleção os TUTORES, acima mencionados, irão apresentar estes projetos no 11º ENCONTRO DOS TUTORES, COORDENADORES, DIRETORES E EQUIPE ADMINISTRATIVA DOS TELECENTROS COMUNITÁRIOS .BR no RIO GRANDE DO SUL, EM PORTO ALEGRE, dos dias 26 á 30 de novembro de 2012.

Quem ganha com isso, é a POPULAÇÃO ARCEBURGUENSE. Parabéns aos Tutores, Equipe da Secretária de Educação e a Prefeitura Municipal, pelo empenho e dedicação para mais essa CONQUISTA!!!
— com Ida Gilioli, Lurdinha Ferrareto, Mariana Pereira, Rosa Bassani Moraes, Maisa Silva, Margarida Heluany Coste, Geraldino Alves Costa e Angela Moises em Arceburgo.
a

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

PROFISSIONAIS DE APOIO E A VISÃO 'BIBLIOTECÁRIO-CENTRADA' [Julho/2004]


PROFISSIONAIS DE APOIO E A VISÃO 'BIBLIOTECÁRIO-CENTRADA' [Julho/2004]

Temos uma tendência a visualizar a atuação dos recursos humanos em bibliotecas centrando-os na figura do bibliotecário. Esta visualização parece natural, automática. O que "a priori" advém de uma constatação simples, pois não imaginamos uma "biblioteca" sem bibliotecários, portanto, sem serviços, pode, e na maioria das vezes acontece, ofuscar a importância da atuação dos demais profissionais da informação que atuam nas bibliotecas, em todos os tempos. A história destes profissionais ainda não foi contada mas, com certeza, a história das bibliotecas, no passado e no presente, foi e será feita com a participação destes em todos os aspectos da atividade "biblioteconômica" mundial.
A história da biblioteconomia e das bibliotecas é tão "bibliotecário-centrada" que podemos imaginar, como analogia, a questão tão propalada da história oficial (dos dominadores) e da história dos dominados ou dos oprimidos.
Esta visão "bibliotecário-centrada" é tão dominante e disseminada que sequer ouvimos vozes, grunidos, barulhos ou ruídos que a contestem. Será? Talvez os "bibliotecários-centrados" não tenham os ouvidos devidamente treinados para captar o som dos "oprimidos".
Dizem que nós só podemos sentir o que o "outro" sente se nos colocamos em seu lugar, mesmo assim, esta é uma condição provisória e simulada, não podemos pretender a integralidade do sentimento do outro, é uma experiência interessante mas não resolve a situação, pode sim produzir alguns incômodos em quem se aventura na situação e, no máximo, ser a semente de uma mudança não do "outro" mas de quem a experimenta.
Refletindo sobre o assunto podemos pensar em uma "revolução", um levante dos "oprimidos" já que tantos são os profissionais "sem voz" nas bibliotecas.
Não consigo esquecer de uma cena passada em uma reunião de bibliotecários em que, por unanimidade dos que se manifestaram e por omissão dos que se "esconderam", um grupo de auxiliares de biblioteca foi impedido de participar da reunião a fim de manifestar-se sobre determinada questão que envolvia, também, o trabalho dos bibliotecários. Foi considerado anti-ético o envolvimento de funcionários subalternos na exposição das dificuldades da tarefa. "Bibliotecários-centrados"?
O que salta aos olhos é a existência de uma cultura de silêncio sobre a situação, temos tantos problemas a enfrentar externamente que não olhamos para nossas "entranhas" ou para dentro de "nossa casa".
Dar voz a esses profissionais é, também, dar espaço para seus talentos e condição para o seu trabalho. Evidentemente, a visão da biblioteca e de seus serviços poderá ampliar-se, adequar-se à realidade, ganhar em subsídios a um planejamento mais completo, mais detalhado além, é claro, de ganhar enormemente em termos de ambiente de trabalho.
Há muito tempo já havia a necessidade de outros talentos que não o do bibliotecário para a boa operação de uma biblioteca, atualmente esta condição é inconteste. As transformações que a tecnologia trouxe às bibliotecas, o próprio perfil mutante de seu público e a variedade crescente de seus serviços exigem outras habilidades que incorporam-se ao "roll" de recursos disponíveis. Fazer frente a estas mudanças requer dar "espaço" a estes novos profissionais da informação no ambiente da biblioteca. Não somos os únicos e corremos o risco de perdermos espaço se não reconhecermos e respeitarmos estes novos profissionais.
Os paradigamas existem para serem ultrapassados.
Estamos passando por um período delicado, segundo fontes do movimento associativo bibliotecário existem hoje menos de 1.000 profissionais associados a entidades de classe no Brasil. Somos mais de 20.000 profissionais no país. Algo de errado no reino da Dinamarca. Como podemos alcançar os objetivos de visibilidade e atuação política da classe e do meio sem atuação coletiva, associativa? Será na base do cada um por si? Improvável.
Se não conseguimos nos impor como classe como vamos atuar com os demais profissionais da biblioteca? Esta visão "bibliotecário-centrada" não responde, pelo visto, às condições necessárias ao enfrentamento dos obstáculos que temos pela frente, precisamos agregar mais, somar e ganhar forças para uma atuação mais positiva e propositiva na sociedade. Ganhar mais visibilidade, colocar em pauta as necessidades da área, sem sermos transformados em ferramentas de atuação política deste ou daquele grupo, não atuando de forma a conseguir algum benefício à classe mas atuando para oferecer à sociedade o benefício inconteste do nosso trabalho à construção de uma sociedade mais igualitária, eqüânime, democrática, cidadã. Para ganharmos esta condição, somente trabalhando com todos envolvidos na área, começando a fazer o "serviço" "em casa". Precisamos de todos, a começar pelos que compartilham e têm o privilégio de trabalhar nas bibliotecas. Vamos começar?

O Brasil pode ser um país de leitores?

Em livro lançado em 2004 pela Summus Editorial com o título "O Brasil pode ser um país de leitores?" de Felipe Lindoso, antropólogo, jornalista e militante na área editorial brasileira, traça um perfil das principais questões e políticas relacionadas à produção, distribuição e consumo de livros no Brasil e adiciona algumas informações de países estrangeiros. É uma importante leitura para os militantes da área, inclusive para os profissionais de bibliotecas. Curioso é que entre os inúmeros temas tratados pelo autor as bibliotecas também estão presentes, como não poderia deixar de ser, em um livro com esta temática. Ocorre que não há um aprofundamento no tema, talvez pela ambrangência pretendida pela obra, mas entre as citações o autor faz a seguinte afirmação quando trata das bibliotecas escolares e do Programa Nacional de Bibliotecas nas Escolas - PNBE:
"As bibliotecas são, desde muito tempo, negligenciadas pelas autoridades educacionais. Uma das razões para isso foi a resistência corporativa dos bibliotecários, os quais, por meio de suas associações, defendem fervorosamente a imposição de que cada biblioteca escolar - por ser biblioteca - deva ser dirigida e administrada por um bibiotecário formado, apoiando-se em legislação vigente que reserva esse "couto de caça"para a categoria." (páginas 153 e154)
Continua:
"Ora, com mais de 200 mil escolas públicas, não existe nem mesmo a possibilidade, em curto e médio prazos, de haver bibliotecários suficientes para tal. Em vez de apostar no crescimento do número de bibliotecas, que geraria demanda de profissionais, os bibliotecários partiram para a posição corporativista de bloquear esse desenvolvimento, exigindo a contratação prévia de profissionais." (página 154)
Para comentar os trechos acima seria necessário um outro artigo mas deve-se levar em conta que o autor partipou da última diretoria da Câmara Brasileira do Livro - CBL e ainda exerce cargos na área. As bibliotecas representariam um grande mercado para as editoras mesmo que a qualidade ou até mesmo a ausência de serviços resultasse na sua caracterização como um mero depósito de livros, mesmo que novos, atulizados, comprados em abundância pelo poder público. Exemplos não faltam e ainda estão em operação Brasil a fora. Uma visão um tanto parcial, sem comprometimento com a realidade do trabalho da biblioteca e de suas necessidades para realmente atender as necessidades da população e não de setores interessados apenas na ampliação de seu mercado. Recomendo a leitura.
Precisamos agir coletivamente, outros setores já caminharam muito por esta estrada e chegaram a locais importantes. Precisamos por o "pé na estrada".


 Sobre Artur da Silva Moreira


Bibliotecário, presidente do Grupo de Bibliotecas de Instituições Particulares de Ensino Superior – GBIPES. Formado pela FESP-SP, turma de 1987. Edita o Informe GBIPES, boletim eletrônico que contém informações sobre política de educação superior, bibliotecas acadêmicas, mercado editorial, políticas culturais e assuntos afins, divulga, também, as atividades do GBIPES.

A HORA DO RECREIO E A BIBLIOTECA ESCOLAR



A HORA DO RECREIO E A BIBLIOTECA ESCOLAR [Junho/2012]

Na história de cada pessoa que passou pela escola, principalmente de ensino fundamental, há muito que se contar dos recreios vividos: amizades, brincadeiras, desavenças, comentários e troca de ideias a respeito das aulas, de professores, da própria vida. Enfim, é um momento especial na vida de todo estudante, pois se converte em espaço que estimula a troca de ideias, consolida amizades e instiga a descoberta infantojuvenil.

Etimologicamente, a palavra recreio vem do latim, verbo recreare, registro encontrado no século XIV (CUNHA, 1992) e significa divertir, brincar. Para a criança, o brincar é uma das maneiras de conversar com o mundo que a rodeia, de representar o que ela vive, de compreender e transformar as experiências em prol de seu amadurecimento pessoal.

A rotina escolar estrutura-se de modo que haja o encadeamento pedagógico para a realização de tudo aquilo que seja afeto ao seu ambiente. Em geral, embora não aparente, o recreio é influenciado diretamente pela compreensão pedagógica que se tem dele.

Muitos já compreendem que o recreio é um espaço pedagógico no ambiente escolar, entretanto, na ânsia de torná-lo escolarizado, as crianças e os adolescentes têm perdido esse espaço, tanto físico quanto psicológico. Não faltam propostas de recreios “direcionados” ou “pedagogizantes” que apenas transformam o espaço informal em uma extensão formal da sala de aula.

Houve época em que o recreio tinha, em média, 30 minutos, depois passou para 20 minutos, e hoje oscila entre 10 e 15 minutos! É importante esclarecer que, nesse tempo exíguo, o aluno deve sair da sala até o pátio, tomar lanche, ir ao banheiro e, se der tempo, brincar ou usufruir o tempo do modo que lhe convier ou for possível dentro da escola.

Não bastasse a diminuição do tempo cronológico e do espaço físico, há também diminuição da liberdade nesse período de tempo. Inclusive, os recreios estão perdendo esse nome que traz leveza, que alimenta a alma do ser humano, para outro termo mais fabril: o intervalo.

De recreio para intervalo há mais que a simples troca de palavra, pois a semântica oferece dois rumos bem diferentes a esse momento escolar. O primeiro instiga a espontaneidade do ser, estimula o exercício da escolha pessoal, da vontade própria. No segundo caso, intervalo, a palavra remete a espaço entre dois pontos, como se fosse apenas uma parada no período escolar para logo em seguida recomeçar a produção.

Nesse contexto, há mais um agravante em relação ao recreio: a não utilização da biblioteca escolar. Existe uma regra, nefasta e antipedagógica, que tem condicionado as escolas a fecharem a biblioteca durante o recreio. Não se sabe quem determinou isso, nem se há regras escritas, entretanto, as escolas vão reproduzindo, Brasil afora, essa prática de atraso cultural, educacional.

O fechamento da biblioteca durante o recreio diz, direta e indiretamente, aos alunos que leitura e biblioteca não fazem toda aquela diferença que se propala em sala de aula. Há muito que os alunos têm ouvido uma enxurrada verborrágica a respeito da importância da leitura e são muitos os bordões usados: “ler para viajar”, “quem lê aprende mais”. Palavras vazias de significado para os alunos que percebem a incoerência escolar ao cerceá-lo de ter acesso à biblioteca e, principalmente, à leitura. Assim, é preciso refletir:

- se ler é importante, por que durante o recreio, na hora de diversão, que o aluno pode escolher o que deseja fazer, ele não pode ler na biblioteca?

- se a biblioteca é tão legal assim, por que não se pode ir para lá no recreio? Compartilhar o bate papo com leitura de livros, jornais e internet?

- a biblioteca da escola, durante o recreio, poderia ser mais um dos espaços para que o aluno pudesse explorar os materiais lá existentes?

Recreio e biblioteca combinam, embora boa parte de nossas escolas ainda não estimulem essa convivência. É preciso dessacralizar o uso das bibliotecas para que o aluno tenha acesso à leitura, à informação, ao passatempo, dentro dessa instituição que será sua parceira durante toda sua formação acadêmica e pós-acadêmica.

A biblioteca escolar deve ser utilizada pelo aluno em atividades pedagógicas direcionadas pela sala de aula, mas também deve haver espaço para que o aluno possa buscá-la sem a tutela do professor e um desses momentos pode ser o recreio. O estar num espaço por escolha pessoal pode ser mais significativo, para a criança e o adolescente, do que frequentá-lo apenas porque o professor quer.

Ir espontaneamente à biblioteca durante o recreio, instigará o aluno à construção de sua autonomia como leitor, pois, ao manusear aleatoriamente os materiais lá existentes, poderá encontrar novas leituras, os assuntos de sua preferência, temáticas que gostaria de saber, porém nem sempre é possível durante a aula.

Esse ócio na biblioteca contribui para a formação do leitor, do pesquisador e, principalmente, para seu amadurecimento intelectual, social e, acima de tudo, humano.

Referências
CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fonteira, 1992.


 Sobre Rovilson José da Silva


Doutor em Educação/ Mestre em Literatura e Ensino/ Professor do Departamento de Educação da UEL – PR / Vencedor do Prêmio VivaLeitura 2008, com o projeto Bibliotecas Escolares: Palavras Andantes.



ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO E ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS




Colunas / Organizações do Conhecimento

ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO E ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS [Maio/2012]

Elaine Cristina Lopes


São muitos os avanços tecnológicos industriais, mas não menos surpreendente pela sua proporção conquistada destaca-se a rede Internet, que na esfera empresarial abrange desde o comércio eletrônico até o intercâmbio de dados entre empresas e a transmissão de informações para clientes e público geral. Em relação à convergência entre as tecnologias da computação e da comunicação, Tomaél et al. (2001) comentam que a Internet representa uma verdadeira revolução nos métodos de geração, armazenagem, processamento e transmissão da informação.

Nesse contexto tecnológico aliado a gestão da informação, é fundamental que haja o desenvolvimento de ambientes informacionais digitais empresariais eficientes, promovendo a transformação das informações em conhecimento organizacional. Devemos considerar que uma empresa, ao estruturar um website pensando no usuário final, visando a apresentar e vender seus produtos, fornecer relatórios financeiros, divulgar informações relevantes entre outros produtos informacionais, pode transformar o website em um canal eficiente de relacionamento com colaboradores, parceiros, fornecedores, clientes, investidores, ou seja, com todos os stakeholder (1) envolvidos.

A medida que a Internet permeia nossa sociedade, gerentes e executivos estão vagarosamente reconhecendo a natureza crítica-missionária de seus sites e redes locais interligadas, e essa consciência é inevitavelmente seguida pela compreensão de que arquitetura da informação é uma chave ingrediente para o sucesso. Uma vez que vejam a luz, não há retorno (MORVILLE; ROSENFELD, 2006, p.378, tradução nossa).

A arquitetura do website decorre da arquitetura organizacional de informações geradas internamente, refletindo a própria gestão da empresa. Seu contexto estrutural é capaz de estabelecer processos de comunicação com o público, por isso é fundamental que haja uma consciência quanto ao reconhecimento desse ambiente informacional como elemento contribuidor da imagem da empresa e, que por sua vez, pode gerar um diferencial competitivo. Morville e Rosenfeld (2006, p.376-377, tradução nossa) destacam pontos que devem ser analisados considerando o foco do ambiente, seja ambiente interno (intranet) ou website da empresa, os quais se denominam de “Argumentos da Arquitetura da Informação” (AAI):

§  Reduzir o custo para encontrar informação;
§  Reduzir o custo de encontrar informação inadequada;
§  Reduzir o custo de não encontrar nenhuma informação;
§  Prover uma vantagem competitiva;
§  Aumentar a consciência quanto ao produto;
§  Aumentar vendas;
§  Tornar o uso do site uma experiência mais agradável;
§  Aprimorar fidelidade da marca;
§  Reduzir a confiança sobre documentação;
§  Reduzir custos de manutenção;
§  Reduzir custos de treinamento;
§  Reduzir mudança de funcionários;
§  Reduzir transtorno organizacional;
§  Reduzir politicagem organizacional;
§  Melhorar partilha de conhecimento;
§  Reduzir a duplicação de esforços;
§  Solidificar estratégias de negócios.

A arquitetura da informação deve contemplar e refletir o universo da organização, baseando-se na visão, missão e valores estabelecidos pela organização, elementos estes que estão inseridos na dimensão e implementação de um projeto de AAI, o que significa que tal implantação deve ocorrer de forma imbricada a estratégia de negócios.

Na prática, a Arquitetura da Informação e estratégia de negócios deve ter uma relação simbiótica. É óbvio que a estrutura de um website deveria se aderir com os objetivos e estratégias de negócios. Então estratégia de negócios (frequentemente chamada “regras de negócios”) conduz à Arquitetura da Informação (MORVILLE, ROSENFELD, 2006, p.378, tradução nossa).

Os autores trazem reflexões acerca do alinhamento entre as atividades relacionadas à Arquitetura da Informação (AI) com as estratégias de negócios.  Essas reflexões estão relacionadas à importância da empresa em considerar as necessidades e expectativas dos stakeholders. São reflexões que devem ser constantes, uma vez que refletimos a imagem da empresa através do website. Entretanto, muitas empresas ainda não perceberam que ao possibilitarem que o usuário tenha condições de navegar no website da empresa, para obter informações precisas, estarão também mostrando como funciona a própria empresa. Sendo assim, a interface do website deve ajudar o usuário e pode ajudar a empresa (MORVILLE; ROSENFELD, 2006).

O website também pode ser uma ferramenta de marketing com grande visibilidade e que pode garantir bons negócios quando bem estruturado, atualizado e com a preocupação constante em refletir a seriedade da empresa, considerando que os clientes e usuários no ambiente Web estão cada vez mais exigentes e atuantes. Isso ocorre porque eles estão imersos em um leque de possibilidades acerca de empresas, produtos, serviços que lhe conferem poder de escolha na busca de produtos mais atrativos e vantajosos, entre outros.

Nesse sentido, cabe às empresas se adequarem a esse paradigma de atuação, cujos negócios podem garantir competitividade e visibilidade. As empresas com esse intuito devem, portanto, estar preocupadas com seu diferencial em relação às demais. Nessa perspectiva, Morville e Rosenfeld (2006, p.381, tradução nossa) sugerem os seguintes questionamentos:

§  No que sua empresa é realmente boa?
§  No que sua empresa é realmente ruim?
§  O que faz sua empresa diferente dos seus concorrentes?
§  Como você é capaz de derrubar concorrentes?
§  Como seu website ou rede local pode contribuir para vantagem de concorrência?

Atualmente, a vantagem competitiva se destaca, entre outras, na relação da empresa com os clientes. Ao perceber problemas de interação entre o projeto inicial de website e o que de fato se torna realidade e, portanto, o que de fato é disponibilizado aos usuários, sobretudo quando se trata de um ambiente de compras ou utilização de serviços, verifica-se que há subutilização ou evasão, por parte dos cientes, quanto ao uso dos serviços.

Companhias descobriram que obtêm mais lucro de seus websites quando seguem diretrizes de usabilidade [...] Não que as companhias desejem ser boas e ajudar a humanidade, é que elas desejam ganhar mais dinheiro. É sorte nossa que a forma de se ganhar mais dinheiro na web é projetar para humanos (NIELSEN, 2007, p.2).

O equilíbrio entre a qualidade do que a empresa oferta e a qualidade do website é fundamental para o êxito de suas relações com o mercado. Cada vez que o consumidor procura um ambiente em busca de informações, ele analisa e, portanto, a partir do interesse inicial e do que é oferecido, há a decisão de uso propriamente dita. Utilizar o ambiente web estrategicamente é tão importante quanto qualquer outra variável considerada pela empresa, podendo ser o ponto de partida para que se obtenha vantagem competitiva frente aos concorrentes na conquista de novos clientes, bem como na manutenção dos clientes já existentes.



REFERÊNCIAS


FREITAS, R. A.; QUINTANILLA, L. W.; NOGUEIRA, A. dos S. Portais corporativos: uma ferramenta estratégica para gestão do conhecimento. Rio de Janeiro: Brasport, 2004.
MORVILLE, P.; ROSENFELD, L. Information architecture for the world wide web. 3.ed. Sebastopol: O’Really, 2006.

NIELSEN, J. Usabilidade é popular graças a seu retorno financeiro.  Jornal Folha de Online, São Paulo, 02 fev. 2007. Entrevista concedida a Pollyana Notargiacomo Mustaro. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u21504.shtml>.

TOMAÉL, M. I.; CATARINO, M. E.; VALENTIM, M. L. P.; ALMEIDA JÚNIOR, O. F. de ; SILVA, T. E. da; ALCARÁ, A. R.; SELMINI, D.; MONTANARI, F. R.; YAMAMOTO, S.; ALMEIDA, C. C. de; CURTY, R. G.; GODOY, P. A. Avaliação de fontes de informação na Internet: critérios de qualidade. Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v.11, n.2, p.1-14, 2001.



NOTAS

[1] Stakeholder refere-se a “[...] qualquer ator (pessoa, grupo, entidade) que tenha uma relação ou interesses (diretos ou indiretos) com ou sobre a organização” (FREITAS; QUINTANILLA; NOGUEIRA, 2004, p.96).


 Sobre Marta Ligia Pomim Valentim


Doutora em Ciências da Comunicação (ECA/USP). Docente da UNESP/Marília. Coordenadora da Coordenadoria Geral de Bibliotecas da UNESP. Vice-Presidente da Associação de Educação e Investigação em Ciência da Informação da Iberoamerica e Caribe / Asociación de Educación e Investigación en Ciencia de la Información de Iberoamérica y el Caribe (EDICIC). Coordena o Grupo de Trabalho "Gestão da Informação e do Conhecimento nas Organizações" (GT-4), da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (ANCIB). Autora de livros na área.

BIBLIOTECA ESCOLAR – OUTROS RUMOS, NOVAS EXPERIÊNCIAS


Colunas / BIBLIOTECA ESCOLAR - Nova Fase

BIBLIOTECA ESCOLAR – OUTROS RUMOS, NOVAS EXPERIÊNCIAS [Julho/2012]

Há muito aprendi que no Universo, incluindo-se aí o próprio ser humano, tudo está em constante mutação, evolução e adaptação, ou ainda podemos também dizer, readaptação. Pois bem, tendo esse princípio em mente e com a “maturidade” chegando, declinei de alguns deveres que eu tinha, ou melhor, que eu me impunha e decidi “virar a mesa”, no sentido amplo e positivo da frase.

Levando em conta também algumas circunstâncias familiares, como meu “cara metade” residindo e trabalhando longe, filhos já crescidos; tomei a decisão de me mudar também. Após quase longos 15 anos e meio pedi demissão e parti para nova cidade, nova casa, vida em comum e trabalho novo.

Claro que a decisão não ocorreu de uma hora pra outra, absolutamente. Ela foi maturando aos poucos e cada vez mais se tornava viável e mais próxima. Muitos conceitos tiveram que ser revistos; muitas horas de sono foram prejudicadas; muitos pensamentos se avolumaram na minha mente para que eu fosse capaz de decidir o que fosse mais correto, ou ainda, melhor pra mim.

 A única certeza que eu tinha é querer uma qualidade de vida acima e muito melhor da que eu tinha, poder estar mais junto de meu marido e ampliar meu rol de “novidades”.

A princípio não tinha nenhum trabalho em vista. Em janeiro de 2011, ao retornar das férias, comuniquei a minha decisão de ficar somente até o final do ano para a direção do colégio onde trabalhava. Foi um choque para todo mundo. Foi lugar comum ouvir: “que loucura boa você está fazendo”! “Tem certeza de que se adaptará a viver em lugar tão simples e calmo e não ter todas as atividades que você tem aqui?” E por ai afora...

Sempre eu respondia:” Não posso ter certeza de nada, mas estou confiante no que escolhi fazer e farei de tudo para me adaptar, pois todos temos escolhas na vida e a minha está sendo essa, agora”.

Passei 2011 preparando a biblioteca onde estava, os demais funcionários; me ajeitando para as mudanças; avisando fornecedores, editoras, colegas, enfim, tentando comunicar a todos com os quais mantinha contanto e, mais no final do ano, passando a bola para quem viria no meu lugar.

Confesso que, nessa altura do campeonato, ao mesmo tempo em que eu me encontrava super ansiosa para chegar logo a época da mudança, por outro lado tinha certa preocupação em como eu arranjaria outro trabalho. Mas, como tudo acontece na hora que tem que acontecer, em outubro, num Congresso de Biblioteca Escolar, na USP, encontrando com antigas colegas, fui convidada a trabalhar numa nova “modalidade”, mas que incluía também uma biblioteca escolar pública, em Campos do Jordão.

Desde então os pensamentos deram uma baita guinada e novos planos começaram a se desenrolar... Em dezembro a proposta se concretiza, por meio da Associação Parceiros da Educação, uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), que promove e monitora parcerias entre empresas/empresários e escolas da rede pública. Tem como objetivo principal contribuir para a formação integral de alunos da rede pública, por meio da instituição de parcerias entre empresas e escolas, que visam melhorar a qualidade do ensino e o aproveitamento escolar de seus alunos. E para isso conta com o trabalho de facilitadores de parcerias, que ficam nas escolas viabilizando e operacionalizando os trabalhos. E é essa a minha nova função – facilitadora de parceria, numa Escola Estadual, de Ensino Médio, em Campos do Jordão.

Devo salientar que para que eu fosse convidada, o que pesou bastante foi o fato de eu ser bibliotecária escolar, visto que um dos empresários que “apadrinha” a escola é verdadeiramente apaixonado pelos livros e leitura de um modo geral, e faz de tudo pela biblioteca da escola. Diga-se de passagem, que essa é uma das poucas, se não for a única escola em que o espaço é chamado e conhecido por BIBLIOTECA e não Sala de Leitura, como ocorre nas demais da rede pública de ensino.

Então, vejam vocês, estaria eu indo para um novo serviço, numa nova escola, numa outra cidade, mas ainda poderia ficar entre o objeto que tanto aprecio – livros, e com o público que já estava acostumada – alunos. Fiquei muito grata por tudo isso e resolvi abraçar e encarar tudo de peito aberto.

O ser facilitadora era uma incógnita, super diferente e desafiante, mas achava que pelo fato de poder estabelecer meu posto de trabalho na biblioteca eu poderia tirar de letra. “Ledo engano”. Como foi difícil minha adaptação, eu que achava que me ajeitava bem em todo e qualquer lugar...

Depois de tanto ouvir falar, por colegas da profissão, por ler e ouvir na mídia, estou constatando e vivenciando as mazelas do Ensino Público no Brasil. Quanto desperdício! Quanta “burrocracia”! Quanto serviço por fazer e quantos funcionários fazendo somente o que querem e gostam! Quanta lentidão na resolução de um pequeno caso! E por aí afora...

Mas como também tenho a incumbência de reorganizar a Biblioteca, pois acima de tudo, ela faz parte do Programa da Parceiros, como uma ferramenta pedagógica que deve ser constantemente usada por professores e alunos e, sendo assim, cabe também à facilitadora cuidar para que ações nesse sentido aconteçam, de fato, na Biblioteca, tornei a tarefa menos árdua para mim.

Como é minha área, de coração, tenho me empenhado bastante para deixar a Biblioteca da Escola mais acessível, dinâmica, atrativa e capacitada para promover o desenvolvimento intelectual dos alunos.

Como já é de conhecimento, não existe a figura do profissional bibliotecário e sequer pessoas habilitadas a trabalhar com a leitura e afins. O que se encontra lá não foi diferente, são professores ou outros funcionários readaptados trabalhando nas bibliotecas. Aqui também encontrei funcionários readaptados, porém, com uma força incrível para mudar, melhorar e aprender. São 3 funcionários do Estado, cada qual com suas qualidades, restrições e problemas que os levaram para a Biblioteca, quase como um último reduto antes da aposentadoria, quer por tempo de serviço, quer por invalidez, como foi o caso de um dos funcionários, pouco antes de minha chegada.

Isso já me deixou boquiaberta, pois saber que ainda em 2012 temos esse tipo de pensamento e ação, ou seja, o funcionário que não pode, por “n” razões médicas ou psicológicas, continuar em sua função, mandam para a biblioteca ou sala de leitura, é um absurdo!!!!! Quer dizer que ainda após tantas lutas, tantas leis, tantas falas e queixumes, a biblioteca é vista como um depósito de livros e gente; como se lidar com informação não necessitasse de treinamento, preparo, gosto e, acima de tudo, saber fazer.

Atualmente são 3 os funcionários dessa Biblioteca. Desde o início gostaram de tudo o que lhes apresentei para que fosse modificado. Aos poucos foram aprendendo e fizeram e fazem tantas sugestões, às quais acato sem pestanejar, pois são fabulosas. Um delas conhece a Biblioteca como ninguém, e o mais importante, ela gosta muito de lidar com os alunos. Ela era da limpeza, porém tomou um gosto tal pela Biblioteca que não só conhece o acervo, como quer aprender mais e mais.

Um fato bastante positivo que me chamou a atenção foi a frequência de alunos na Biblioteca, sem que haja um trabalho específico para tal vinda. Claro que alguns professores de Língua Portuguesa marcam aulas para leitura em grupo ou mesmo para escolha de cada um, mas o acesso espontâneo é bem intenso e frequente.

Considerando as dificuldades e características de alunos do Ensino Médio numa Escola Pública, eles leem bastante. Quando cheguei, alterei a quantidade para a retirada de livros, de 1 para 3 títulos, com a permissão da direção. Aí sim os empréstimos aumentaram mais ainda.

O grande desafio na Escola Pública, além do Projeto Educacional em si não ajudar por ser bastante enrijecido, existem as características de cada lugar, no caso em uma cidade turística onde o jovem não tem perspectiva de vida melhor e muito menos anseios para as mudanças necessárias.

A Biblioteca uma vez mais, se faz presente nessa hora e precisa se abrir para receber esses alunos, digamos, ainda sem rumo definido, sem expectativa de futuro. Estou tendo contato com esses alunos e está sendo enriquecedor. Travamos muitas conversas por meio dos livros. Já consegui com que alunos que não costumavam ler, pudessem ter essa experiência e isso aconteceu em Junho. Portanto, em Agosto saberei o resultado de alguns deles, pois levaram os livros para as férias.

A Biblioteca está bem equipada, pelos empresários, é claro. Se bem que devo salientar que o Estado tem enviado livros maravilhosos, ainda que alguns não sirvam para Ensino Médio. Os alunos indicam e sugerem títulos, mensalmente, pois com a Parceria, tenho verba para comprar.

Por outro lado, como já sabido e repetido, uma Biblioteca Escolar não é nada e não funciona sem a parceria dos professores e da equipe gestora. Precisam estar todos em sintonia e trabalharem proficientemente para que os objetivos da Biblioteca e, por conseguinte, os da Escola, sejam amplamente alcançados. O que encontrei aos montes, também, foram professores desmotivados, reclamando de seus baixos salários e de alunos indisciplinados. Esse é um dos grandes desafios da equipe gestora – motivar seus professores e nosso papel é ajudá-la a fazer isso.

Estou há apenas 5 meses nesse novo trabalho, mas já percebi, sem dúvida alguma, que no caso desta Escola, o fato de haver um programa de Parceria, está fazendo muita diferença e, confesso que estou gostando bastante. No caso da Biblioteca, tanto alunos quanto professores a conhecem como tal, ainda que não desfrutem totalmente dela, mas aos poucos estão se abrindo para conhecê-la melhor.

Ela tem sido “palco” para reuniões do Grêmio Estudantil, para encontros de grupos de cinema, para reuniões de professores, para receber visitantes, etc. Pretendemos, até o final do ano, informatizá-la e deixá-la o mais próximo possível de uma biblioteca inteiramente organizada.

Mais uma vez também estou aprendendo o quanto é difícil a comunicação no âmbito da educação pública. Quanto que as Escolas Públicas carecem de melhor atendimento; como a equipe gestora precisa de ajuda; como e quanto necessitam de um olhar dócil, diferente e sério por parte das autoridades competentes, ou melhor, responsáveis. Vivendo toda essa situação, me pergunto quando os governos reinantes entenderão e aceitarão que sem a EDUCAÇÃO, nada pode ir pra frente? Quando aprenderão que o jovem, ainda que humilde e simples, necessita de autoridade e não autoritarismo, e também atenção e carinho????????

Está sendo uma experiência bastante válida para mim e sou grata pela oportunidade de poder olhar por outros ângulos. Precisamos sempre estar abertos para novos conhecimentos.

Depois de partilhar essas  aventuras, gostaria de finalizar com um pequeno texto do Ezequiel Theodoro da Silva, em Leitura na Escola, da Ed. Global, 2008.

“A aprendizagem e o aprimoramento da leitura têm uma relação direta com a qualidade do trabalho escolar. Ainda que a escola não possa garantir a formação integral e definitiva dos leitores, a ela cabe a responsabilidade de inserção formal das crianças no universo da escrita (manuscrita, impressa e virtual) por meio da alfabetização e do letramento. Não é à toa que, no imaginário de muitas famílias, matricular um filho na escola significa, antes de tudo, torná-lo capaz de ler, escrever e contar.”


 Sobre Marilucia Bernardi


Formada pela PUCCamp, é bibliotecária e professora de Biblioteca no Colégio Santa Maria, dede 1996. Atuou na Fundação Getulio Vargas de São Paulo, na Metal Leve e chefiou a Biblioteca da Faculdade Anhembi-Morumbi. Possui textos publicados e ministrou palestras sobre Biblioteca Escolar. Atualmente é conselheira do CRB-8ª – São Paulo.

PRÁTICA PROFISSIONAL E ÉTICA: o que a nós, bibliotecários do MERCOSUL, não importa não saber!

Colunas / Prática Profissional e Ética

PRÁTICA PROFISSIONAL E ÉTICA: o que a nós, bibliotecários do MERCOSUL, não importa não saber! [Outubro/2012]

De 03 a 05 de outubro de 2012 ocorreu em Montevidéu, capital do Uruguai, o 9º. Encontro de Diretores e 8º. de Docentes das Escolas de Biblioteconomia e Ciência da Informação do MERCOSUL. No evento, estiveram presentes mais de 200 participantes oriundos da Argentina, Brasil, Chile, Venezuela e do país anfitrião.

A discussão foi ampla. Em alguns momentos, sobretudo no grupo cujo tema tem relação com meus interesses de estudo e, portanto, do qual participei, isto é, o Grupo 1, que trata dos Fundamentos Teóricos, brotaram dois aspectos que me parecem relevante considerar. Um deles é a referência a uma latinoamericanidade que, de praxe, não é propriamente discutida, mas tomada como uma realidade dada. O outro, que é discutido, mas por um caminho estranho, é a fundamentação tomada para suportar teoricamente a Biblioteconomia e Ciência da Informação praticada, ensinada, aprendida e pesquisada nessa sub-região da chamada América Latina.

Neste texto, abordarei um pouco, como vejo esses dois aspectos da discussão, a partir de como a percebi durante o evento, e sempre considerando os limites do meu lugar de observação, ou seja, o Grupo 1 (Fundamentos Teóricos).

O que significa para todos nós a latinoamericanidade? O fato de constituirmos um ambiente geográfico conformado sobre um território invadido desde o século XVI por Espanha, que sempre reivindicou a sua maior parte e por Portugal, que sempre procurou avançar sobre sua maior parte, seria suficiente para dar o caráter latino, especialmente pelo fato de Espanha e Portugal terem idiomas predominantes de tronco comum? Terem sido lugares de ocupação romana por vários séculos? Terem sido lugares de domínio comum das mesmas famílias imperiais? Creio que traços como esses não são suficientes para marcar a latinidade! Mas entra na expressão também a americanidade. E a americanidade, tal como a latinidade, não é uniforme. Nesse território onde se daria a latinoamericanidade, invadido durante esses cinco últimos séculos, percebe-se na constituição das populações nativas, que o ocupavam anteriormente à chegada dos navios Espanhóis e Portugueses, a presença de centenas de nações e línguas; um número não pequeno de práticas místicas e religiosas; diferentes conhecimentos práticos que levam à formação de distintas técnicas e tecnologias construtivas, alimentares, vestuárias, etc.

Além de tudo isso, é de considerar-se que tanto latinidade quanto americanidade, para além de domínios linguísticos, místicos, religiosos, técnicos e tecnológicos expressos pelos povos que os cultivam, se definirá por outros aspectos, especialmente, por arte e ciência. Portanto, a percepção que se manifesta sobre a latinoamericanidade expõe e confirma uma das teorias da fenomenologia social, construída por Alfred Schutz, que, a despeito de sermos profissionais ou cientistas ou acadêmicos somos, como as demais pessoas, dominados pelo mundo da vida cotidiana, isto é, pela realidade a qual dá conformidade à nossa existência. Por essa razão, então, quando durante o evento se arguia em torno de um terreno comum – a latinoamericanidade -  isto vinha, inteiramente, de uma fundamentação intuitiva, completamente não científica, mas num ambiente onde estavam a discutir um tanto de cientistas da sociedade. Falavam como todas as demais pessoas, como todos aqueles com os quais se convive no grande grupo humano. Mas um primeiro aspecto estava sempre presente, falavam  como nacionais dos países ali representados, e isso ficava muito claro quando alguém comentava algo do tipo: vocês do Brasil têm características ou tradições A, B ou C. Ou  vocês do Uruguai têm características ou tradições D, E ou F, etc. Isto é, pelos valores culturais, somos sem muitas dificuldades demarcados em muitos aspectos e por ai se esvai a latinoamericanidade como um singular.

No transcorrer do evento, lembrei-me dos textos do Gilberto Freyre, reunidos em antologia organizada por Edson Nery da Fonseca, sob o título China Tropical e outros escritos sobre a influência do Oriente na cultura luso-brasileira. [Editora UnB, 2003, 240 p.].  Penso que ao inserir na apreciação as reflexões, relatos e descrições do autor pernambucano - um dos precursores das Ciências Sociais no Brasil - posso colocar a questão de até onde o Brasil cultural se assemelha com todos os demais países de ascendência espanhola que se encontram no vasto território estendido da América do Norte, passando pela América Central até chegar à Terra do Fogo?

Eu não desconsidero que a maioria dos presentes tenha a noção de que essa latinoamericanidade singular não existe, pois os considero gente que reflete, embora demonstre uma reflexão reificada, para tomar uma expressão de Serge Moscovici, um dos grandes estudiosos das Representações Sociais. Isto é, refletem mais sobre sua ciência, não dando, provavelmente, a devida importância à vida cotidiana.

De certa maneira, isso se confirma e me remete ao segundo aspecto que me propus a aqui tratar, qual seja o dos Fundamentos teóricos da Biblioteconomia e Ciência da Informação.

Uma das questões que ocupou parte significativa do tempo disponível no Grupo teve relação com as bases com que se constrói e que se ensina para a formação das competências profissionais de bibliotecários e cientistas da informação.

Ao longo de todo o debate foram manifestados vários equívocos, que se deram pelo  olvido das particularidades jurídicas de  cada país. Chamar a Ciência da Informação e a Biblioteconomia de campos profissionais no Brasil, considerando-as como duas atividades pelas quais se nomeia profissões não faz sentido. Primeiro porque ambas são, se se quer dizer assim, ciências, disciplinas ou doutrinas. Bibliotecário, neste país, é profissão consagrada em legislação própria e com lugar definido no mercado de trabalho. Cientista da informação não tem esse mesmo status, a começar pelo fato de que no rol das profissões confirmadas pelo mercado profissional não há clara presença de um profissional assim designado. O mais próximo dessa intenção responde pelo nome de Profissional da informação, que insere os profissionais arquivistas, bibliotecários e museólogos como parte. Outro elemento não menos significativo, presente em parte das intervenções, é a insistência em buscar os fundamentos da Biblioteconomia e Ciência da Informação simplesmente em suas respectivas epistemologias. Mas será que uma ciência se explicaria pelo seu próprio olhar? Por que não se pretender buscar os fundamentos filosóficos mais amplos, pelos quais a Biblioteconomia e Ciência da informação possam ser examinadas e compreendidas pelas suas respectivas naturezas (Ontologia) e finalidades (Teleologia) e depois disso virem a ser examinadas quanto aos seus processos de constituição como campo de conhecimento? Será que é sustentável o discurso do investigador e será que esse discurso sustenta adequadamente o campo em que ele atua e constrói quando afirma que esse campo deve ser compreendido como um campo de conhecimento por ser interrogado pelo modo como ele se faz, sem se indagar possíveis razões que promovem a sua aparição no contexto da realidade humana assim como o destino ou emprego desse conhecimento?

Me escuso, neste momento, em ampliar esta apreciação, porém a mim parece que nesse evento ficou evidenciado que a nós, bibliotecários do MERCOSUL, não importa não saber, o que se deve conhecer para constituir um campo de Biblioteconomia e Ciência da Informação que, de fato, possa transformar a nossa sociedade.

Considerando, por fim, que se tratou de uma reunião de docentes e diretores de escolas de Biblioteconomia e Ciência da Informação, meu sentimento ao final é de que no MERCOSUL, ao menos do meu lugar de observação nessa reunião, prevalece o domínio e o puro encanto com a face instrumental do conhecimento. Isso se reforça pela reivindicação, por fim aprovada, do retorno aos eixos temáticos que orientam o processo de formação acadêmica em Biblioteconomia das áreas temáticas de Tecnologia da Informação e Investigação, especialmente, pelo conteúdo dos argumentos apresentados para o retorno desta última.


 Sobre Francisco das Chagas de Souza


Docente nos Cursos: de Graduação em Biblioteconomia e de Mestrado em Ciência da Informação da UFSC; Editor de Encontros Bibli e Coordenador do Grupo de Pesquisa: Informação, Tecnologia e Sociedade e do NIPEEB