quarta-feira, 18 de março de 2009

Biblioteconomia: um amplo mercado na organização do saber

Biblioteconomia na Folha de São Paulo
Biblioteconomia: um amplo mercado na organização do saber
12/03/2009
Thaís Loureiro

Carreira das menos disputadas em vestibulares de universidades públicas, Biblioteconomia é uma boa opção para quem deseja ingressar no ensino superior. E a concorrência menos acirrada é apenas uma das razões. A  satisfação de trabalhar com a organização do conhecimento e o vasto campo de trabalho, que inclui universidades, bibliotecas públicas e privadas, empresas, organizações não-governamentais, entre outras também são atrativos para optar pela carreira.
A perspectiva de administrar e organizar informações de diversas áreas, a possibilidade de interagir com outras áreas do saber e a satisfação em  atuar em uma função vital para quem está em busca de conhecimentos são  algumas das razões que levam milhares de jovens a escolherem a carreira  de Biblioteconomia como opção para a vida profissional. Outro atrativo para quem pensa em trabalhar nesta área é a disputa pelas  vagas, pois o curso não costuma estar entre os mais procurados. No  vestibular da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio),  foram menos de quatro inscritos para cada vaga, número próximo do registrado na seleção para a Universidade Federal Fluminense (UFF), onde  a relação candidato/vaga foi 3,96. A concorrência menor para a entrar na universidade não significa que a carreira não seja atraente, mas que os candidatos, em geral, não conhecem o campo de trabalho. O bibliotecário, profissional formado no curso, é responsável por tornar a informação acessível. Para isso, é preciso localizá-la, selecioná-la, catalogá-la e disponibilizá -la.  O profissional principalmente na organização de acervos de bibliotecas,  o que, por si só, já abre um vasto campo de trabalho para quem se forma  nesta área. Bibliotecas, instituições de ensino, empresas privadas, públicas, grandes escritórios de advocacia e até multinacionais oferecem vagas.
A Diretora da Divisão de Bibliotecas e Documentos (DBD) da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Dolores Rodriguez  Perez, está no comando das bibliotecas da instituição há cerca de 6  anos. Ela que é bibliotecária há 37 anos conta que também assumiu a direção da Biblioteca da UFRJ por 6 anos na década de 1990. A diretora explica que a profissão manteve suas funções ao longo do  tempo, mas a forma de executá-las e alcançar os objetivos mudou muito apó a revolução tecnológica. "Se eu não acompanhasse as transformações,  estaria até hoje organizando livros nas estantes. A nossa matéria-prima  é a informação e as trocas de informações e atualizações nunca foram tão rápidas quanto agora com a difusão da internet. Por isso, estamos sempre nos adaptando", analisa.
Dolores Rodriguez destaca que o bibliotecário deve ser um profissional pró-ativo, dinâmico e criativo. Para ela, é importante perceber quais os serviços que satisfazem o público-alvo.  "Temos que inovar nos serviços sempre e de forma a agregar valores. O  bibliotecário deve estar à frente do cliente. Por isso, a formação  continuada é extremamente importante", aconselha lembrando que o
trabalho em equipe é fundamental no dia a dia do bibliotecário.
Para especialista, mercado para a carreira é promissor A Coordenadora do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFF), professora Sandra Badini, acredita que a área está  em expansão e que o mercado é favorável. "A organização da informação, a  gestão do conhecimento e sua disseminação são fundamentais. A democratização da informação passa pela biblioteconomia" , argumenta.  A professora explica que desde 2007 o currículo do curso foi reformulado  para se adaptar ao mercado de trabalho. O curso agrega conhecimentos de Arquivologia e abrange uma formação profissional técnica e humanística, incentivando atividades práticas, como apresentação de trabalhos em  eventos. "Além disso, os alunos conseguem estágios com facilidade", destaca.
A professora da Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UniRio) e bibliotecária da Fundação Biblioteca Nacional, Ana  Virgínia Pinheiro, destaca que o profissional é um fomentador de  conhecimento. "Devemos apoiar a formação continuada de pessoas,  defendendo os princípios da liberdade intelectual sem qualquer forma de censura. Também temos que garantir o direito à privacidade e ao segredo de pesquisa, assegurando o privilégio da descoberta e o mérito da publicidade" , explica.
Para a professora, este profissional tem um importante papel diante dos interesses e problemas sociais. "Precisamos contribuir para a  sedimentação de uma sociedade mais justa, como curadores da memória e  organizadores da herança cultural do homem", acredita.
Estudantes confirmam expectativas durante o curso
A estudante do 3º período de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Júlia Danon, conta que não sabia que carreira  seguir e, portanto, pesquisou bastante. "Mesmo assim, prestei vestibulares para cursos diferentes. Acabei optando por Biblioteconomia.   Estou gostando mais do curso porque na UFRJ há um foco também na gestão", explica.
Júlia está estagiando há 6 meses na biblioteca da PUC-Rio e acredita que  a experiência com o estágio ajuda muito na formação. "Já aprendi muito  com a rotina deste meu primeiro estágio e isso é muito bom porque ainda  estou no começo do curso", comenta.Já o universitário Marcelo Cristóvão da Cunha está preste a se formar na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). Ele está animado c om as perspectivas que a carreira apresenta. "Eu morava na Rocinha e não tinha muita perspectiva. Mas passei para o  colégio Pedro II que tinha um convênio com o Museu Nacional de Belas Artes. Com isso, no meu 2º ano já estagiava no museu na área de informática, mas tive contato com a Biblioteconomia e me dediquei para conseguir entrar na área", explica.
O estudante ressalta que o que mais o interessou no curso é a ligação com as áreas tecnológicas e o abrangente campo de pesquisas. "A minha monografia é sobre a segurança da informação em bibliotecas digitais,  pois o desenvolvimento deste campo de trabalho devido às inovações tecnológicas sempre me interessou", afirma. O estudante Rodolfo Targino de Araújo cursa o 5º período na UniRio e confessa que iniciou o curso não porque conhecia bema profissão, mas,  sim, por ser apaixonado pela leitura. "Mas com o passar do tempo, com os  estágios e com as trocas de experiências, minhas expectativas foram sendo superadas", pondera.
O universitário Rogério Ades de 41 anos também está no 5º período na mesma instituição e optou pela carreira, pois acredita que a mesma  oferece um bom ambiente de trabalho, alémd de estar ligada a área humana. "Eu tenho me surpreendido com o curso pois tem ampliado meus horizontes educacionais, além de proporcionar vários desafios e a  existência de vários estágios na área facilita a transição para o mercado", destaca.

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