Sem internet, o livro viajava de navio
Por De São Paulo
A
trajetória da FTD no Brasil, uma das maiores editoras de livros
didáticos do país, é recheada de histórias interessantes desde a sua
fundação, em 1902.
A
editora foi trazida pelos irmãos maristas que tinham criado na época os
colégios Carmo (que não existe mais) e Glória, ambos em São Paulo. "Os
irmãos franceses queriam bons livros escolares para suas escolas, mas
não encontravam no Brasil. Decidiram, então, desenvolver os próprios
livros que vinham da França e iam para a França diversas vezes durante a
revisão. A impressão e o acabamento eram feitos em Lyon. Isso tudo
aconteceu durante quase 30 anos e era feito de navio, não havia e-mail
na época", brinca o irmão Dario Bortolini, vice-presidente da FTD, de 73
anos, sendo 55 de vida marista.
Um
dos irmãos mais velhos na comunidade marista e com passagem em diversos
cargos na comunidade, Bortolini disse que a profissionalização é
essencial para a sobrevivência do grupo. "Vejo claramente a necessidade
da profissionalização. Não podemos ficar parados", disse o irmão que fez
curso de gestão no Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
(IBGC) e em outros países.
O
nome FTD é uma homenagem as iniciais do nome do frère (irmão) Théophane
Durand, Superior Geral do Instituto Marista entre 1883 e 1907.
O
primeiro livro da FTD foi de matemática e intitulado "Exercícios de
Cálculo sobre as Quatro Operações". Outra obra que marcou a editora na
época foi uma sobre logaritmo.
A
FTD na França não pertence mais aos irmãos maristas. Atualmente, está
presente em outros países, mas com outro nome, como, por exemplo,
Progresso no México. As editoras dos maristas têm forte presença na
Espanha, Argentina, México e Brasil.
"Tinhamos
uma presença bem maior no mundo, mas aconteceram muitos episódios. Na
Revolução Espanhola queimaram muitos livros nossos e em Cuba fomos
expulsos. O Fidel [Castro, ex-presidente de Cuba] pegou todos os nossos
livros", lembrou o irmão que no início de sua vida marista ministrava
aulas de Biologia nos colégios.
No
mercado nacional, a FTD está sempre entre as líderes na venda de livros
escolares para o governo e mercado privado. Por ano, a casa editorial
vende cerca de 32 milhões de exemplares para as livrarias e o governo.
Somente para o MEC a editora fechou vendas de R$ 162 milhões no último
programa de livros escolares. No ano passado, a FTD registrou um lucro
líquido de R$ 44,4 milhões, o que representa um aumento de 83% sobre o
desempenho de 2010. A receita líquida da empresa cresceu 29%, atingindo
R$ 424,6 milhões no ano passado.
Além
dos didáticos, a FTD vem diversificando sua atuação entrando nos
segmentos de sistemas de ensino (apostilas) e literatura juvenil. (BK)
© 2000 – 2012. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/ termos-de-uso.
Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou
transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico.
Leia mais em:
http://www.valor.com.br/Leia mais em:
Nenhum comentário:
Postar um comentário