CRITÉRIOS PARA A DEFINIÇÃO DE OBRAS RARAS
Rizio Bruno Sant'Ana
RESUMO: Discute-se a adoção de critérios de raridade em bibliotecas. Para tanto, são analisados os
critérios, muitas vezes antagônicos, adotados por colecionadores e por diversas instituições públicas.
Em seguida, são estudadas as normas presentes nos principais códigos de catalogação de obras raras,
incluindo textos recentemente disponibilizados na Internet. Finalmente, são estudados mais
detalhadamente vários textos, encontrados nos catálogos de obras raras das bibliotecas brasileiras, bem
como os critérios adotados na Biblioteca Mário de Andrade, da Prefeitura Municipal de São Paulo.
PALAVRAS-CHAVE: Obras raras; Critérios; Bibliotecas públicas; Colecionadores de livros.
ABSTRACT: The author analyzes the adoption of criteria for the definition of rare books in libraries,
studying the criteria adopted by book collectors and many public institutions. After that, we studied
the main cataloging codes for rare books, including texts recently in the Internet. Finally, some texts,
found in catalogues of rare books of the Brazilian libraries are studied more at great length, as well as
the criteria adopted in the Mário de Andrade Public Library of São Paulo.)
KEY-WORDS: Rare books; Criteria; Public libraries; Book collectors.
O conceito de obra rara está mais ligado aolivro, mas pode incluir também os periódicos,
mapas, folhas volantes, cartões-postais e
outros materiais impressos. Fotografias,
manuscritos, gravuras e desenhos são obras
únicas e originais, e portanto não recebem
esta denominação de obra rara; devem
receber, no entanto, o mesmo cuidado
dispensado às obras raras em relação à
preservação e conservação. Neste texto, as
palavras “livro” e “obra” são algumas vezes
empregadas indistintamente, no sentido de
caracterizar qualquer material impresso. De
qualquer forma, as obras raras devem ser
consideradas como um aspecto específico de
um conjunto maior, que seriam as coleções
especiais, dentro das bibliotecas.
De acordo com o senso comum e a maioria
dos dicionários, o livro raro é aquele difícil de
encontrar, invulgar, diferente do livro comum.
A palavra raro significa também algo valioso
ou precioso; uma obra rara seria portanto
qualquer publicação incomum, difícil de
achar, e com um valor maior do que os livros
disponíveis no mercado.
O livro raro seria “assim designado por ser
detentor de alguma particularidade especial
(conteúdo, papel, ilustrações), ou por já
serem conhecidos poucos exemplares”,
segundo as autoras do Dicionário do livro1.
Da mesma forma, para Martínez de Sousa, é
um “libro que por la materia de que trata, el
corto número de ejemplares impressos o
conservados, su antigüedad u otra
característica o circunstancia se convierte en
una excepción.”2
O uso de critérios de raridade, para criar uma
distinção entre as obras valiosas e as demais,
tanto por parte de bibliotecas como entre
colecionadores, prende-se ao fato de que as
obras raras merecem um tratamento
1 FARIA, Maria Isabel; PERICÃO, Maria da Graça.
Dicionário do livro: terminologia relativa ao
suporte, ao texto, à edição e encadernação, ao
tratamento técnico, etc. Lisboa: Guimarães, 1988.
p.209.
2 MARTÍNEZ DE SOUSA, José. Diccionario de
bibliología y ciencias afines. Madrid: Fundación
Germán Sánchez Ruipérez; Piramide, 1989. p.468.
diferenciado, devido à dificuldade na
obtenção dos exemplares e a seu alto valor
histórico e monetário. Parte-se do princípio de
que a obra rara é mais difícil de ser reposta,
caso desapareça; do mesmo modo, uma obra
valiosa é sempre mais visada, merecendo um
cuidado maior quanto à segurança do acervo
onde está depositada.
Em termos bibliográficos, podem ser
considerados valiosos os aspectos ligados ao
livro enquanto objeto físico ou enquanto meio
de transmitir informações e novas visões de
mundo (tanto literárias como científicas).
Desta forma, o livro seria um representante
factual da história do conhecimento, ou seja,
um documento verdadeiro do
desenvolvimento cultural e social da
humanidade.
Existe, todavia, uma quase total divergência
entre os pontos de vista dos colecionadores e
dos responsáveis por bibliotecas públicas
especializadas na guarda de livros raros,
quanto à definição do que seja uma raridade
bibliográfica. Embora ambos reconheçam o
valor histórico de uma obra antiga ou de um
clássico da literatura, em geral os
colecionadores não se prendem à antigüidade
de uma obra para sua caracterização como
rara, utilizando este termo mais como
sinônimo de algo valioso. As bibliotecas, por
sua vez, referem-se à data como um dos
principais critérios de raridade, reconhecendo
na obra a sua possibilidade de uso e não o
simples valor monetário.
EXEMPLARES ÚNICOS
Para os colecionadores, são por vezes
pequenos fatores acidentais que na verdade
criam os livros raros, fazendo com que obras
que poderiam ser consideradas comuns
venham a ser muito procuradas, pela
dificuldade de localização dos exemplares. Há
inúmeros exemplos, inclusive do século XX:
o primeiro volume da terceira edição da
História geral do Brasil, de Varnhagen,
impresso em 1907, teve sua tiragem quase
inteiramente destruída em um incêndio na
editora Laemmert, no Rio de Janeiro; os
poucos exemplares sobreviventes são tão ou
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