quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

INFORMACAO E CONHECIMENTO: desafios do administrador do futuro

http://www.ofaj.com.br/colunas_conteudo.php?cod=981 Elaine Cristina Lopes Nas ultimas décadas convivemos com o fato de que o meio empresarial, de um modo geral, vem sofrendo intensas transformações, grande parte causadas pelo desenvolvimento de novos modelos de gestão, do incremento das tecnologias de informação e comunicação, bem como o fenômeno da globalização. Todo esse desenvolvimento culminou no aumento do número de empresas, da mão de obra capacitada e do nível de exigências dos consumidores, fatores esses que geram, naturalmente, a concorrência. Como meio de suportar os intensos avanços da competitividade, as empresas passaram a investir em estratégias de sobrevivência. No Brasil, especialmente, os modelos baseados em estratégias ganharam grande espaço, já que a abertura de mercado trouxe uma quantidade grande de novas empresas, cujas tecnologias e know how apresentavam-se mais avançados. Desse modo, a partir da década de 1990, o avanço na implementação de modelos de estratégia, a criação de áreas especificas de inteligência nas organizações e a remodelagem profissional nesse âmbito, cresceram de forma exponencial. Destaca-se que os modelos de gestão se desenvolvem em alta velocidade, ainda que tenhamos tido um período de cem anos na produção de grande parte desses modelos, visto que a administração empresarial tem evoluído sobremaneira desde o início da década de 1910 quando ocorreram grandes saltos em seu desenvolvimento, especialmente no âmbito industrial. Contudo, a década de 1990 passou a produzir provavelmente uma das mais elaboradas concepções sobre gestão, estratégia, inteligência e competitividade do meio empresarial. Naquela década, cujas características acima mencionadas pressionavam as empresas a buscar desenvolvimento, nascia também grande parte dos modelos de gestão baseados em informação. Tais modelos se desenvolvem ate os dias de hoje a passos largos, intensos, avançando para uma sociedade conhecida por representar a “Era da informação”, sendo também muitas vezes identificada por alguns meios como sendo a “Sociedade do Conhecimento”. Nesse contexto, o papel do administrador passou a ser de superação, já que lidar com informação não se trata de tarefa fácil, considerando-se que esta existe e se dissemina via fluxos informacionais, os quais percorrem as veias das empresas sob as formas formais e informais. Esses fluxos formais e informais são diversos, fluidos, possuindo muitas vezes uma velocidade que dificulta sua apropriação quando estão sob a forma informal. Quanto aos registros e suportes que armazenam os fluxos formais, estes nem sempre são utilizados da forma adequada pelas empresas, já que as mesmas nem sempre lidam de maneira adequada com seus documentos que necessitam de manuseio especial, mas especialmente quando se faz uso de tecnologias, considerando-se que nem todas as empresas conseguem adaptar-se ao uso dos mesmos, sendo ainda que muitas não possuem recursos para os pesados investimentos nesta área. Ao mesmo tempo em que se lida com o desafio da gestão interna da informação, se faz necessário gerir também a informação externa, que independe muitas vezes do próprio negócio na empresa. São as chamadas informações conjunturais, que dizem respeito ao setor especificamente a questões políticas, composição de dados econômicos (micro e macro), incluindo-se também informações culturais, geográficas, regionais, indo até inclusive a esfera biológica. Destaca-se, sob essas considerações, as afirmações de Lopes (2010), porquanto a autora afirma que, o conhecimento no contexto empresarial é extremamente importante, não somente enfocando o contexto interno, como o compartilhamento de informação sobre as rotinas da empresa. Extrema importância deve dada ao contexto externo, considerando-se os demais interessados nos negócios da empresa como clientes e investidores, por exemplo. Tais públicos necessitam de uma gama de informações que serão fundamentais para o processo de construção de conhecimento sobre os produtos, serviços e negócios de um modo geral. (LOPES, 2010, p. 58) Nesse sentido, pode-se afirmar que a informação é, sem dúvida, insumo fundamental para o trabalho dos administradores, uma vez que estes tomam suas decisões realizando a avaliação de um conjunto de informações diversas que podem impactar de forma positiva ou negativa nos negócios. Sob essa perspectiva, é fundamental destacar a importância da construção de conhecimento nesses ambientes, já que este é baseado na apropriação de informações, sua interpretação, avaliação por parte dos administradores no que tange ao negócio, ou seja, a apropriação de um conjunto de informações, ou de uma informação especifica, constitui-se como parte fundamental do processo de construção de conhecimento. Portanto, evidencia-se que a informação é extremamente relevante para a construção de conhecimento no âmbito empresarial, pois é a partir do momento em que o administrador se satisfaz com as informações acessadas e apropriadas, teoricamente está mais bem preparado para tomar a melhor decisão. Para Castells (2005) no novo tipo de economia a fonte fundamental de desenvolvimento se encontra na habilidade de obter novos conhecimentos e aplicá-los a cada espaço das atividades humanas, por meio de procedimentos vinculados a informação. Considerando-se o atual estágio de competitividade empresarial, já mencionado, que vem marcado por constantes mudanças e necessidade de desenvolvimento, é essencial lançar mão da gestão da informação como ferramenta de análise, identificação e compreensão da estrutura do mercado em que a empresa atua, considerando-se que este instrumento é capaz de auxiliar na definição e no posicionamento estratégico da empresa. Quanto ao posicionamento estratégico e níveis de tomada de decisão, destaca-se a abordagem da Figura 1. Figura 1: Tomada de decisão baseada em informação e conhecimento no contexto empresarial. Fonte: Elaborado pela autora A figura apresentada destaca os níveis existentes dentro de uma empresa, considerados aqui de uma forma genérica, já que um ambiente empresarial possui inúmeros níveis departamentais. Nesse sentido, destaca-se as relações internas e externas da empresa, no tocante a apropriação e uso da informação. Observa-se que o nível estratégico utiliza um conjunto de informações externas, nos níveis micro e macro, não utilizados pelo nível operacional, que por sua vez necessita mais de informações sobre políticas internas, processos, rotinas, métodos racionais e não interpretativos, pois trata-se de uma área que realiza a produção de bens e/ou serviços, ao passo que as áreas estratégicas da empresa realizam todo o processo de tomada de decisão, análise de setor de atuação, considerações sobre abertura de filiais que necessita a avaliação interpretativa e realização de pesquisas, enfim, são tomadas de decisões baseadas em informações, porém, cada um possui focos e fontes distintas, bem como um processo de apropriação particular e, consequentemente, a construção de conhecimento específica. Quanto ao papel do administrador no processo de apropriação e uso da informação como subsídios para a construção do conhecimento organizacional, pode-se afirmar que este deve considera-lo em função dos indivíduos que nela atuam, seja a partir do conhecimento trazido pelos fundadores ao longo dos anos e que foi sendo construído na medida em que os processos e métodos da empresa foram sendo elaborados. Também se considera o conhecimento advindo de experiências trazidas de fora por executivos contratados, constituindo o conjunto de saberes que fazem parte do conhecimento organizacional. Pode-se dizer que o administrador torna-se capaz de desenvolver estratégias baseadas em informação e conhecimento, quando passa a compreender questões como: § onde estão as informações da empresa; § quais os fluxos informacionais existentes no ambiente empresarial; § quais são e onde estão as informações do âmbito externo que podem impactar o negócio da empresa; § onde está o conhecimento da minha equipe e, especialmente, de que forma eu posso utilizar o conhecimento existente dentro da empresa como ferramenta de gestão estratégica. Finalizando, argumenta-se que o papel do administrador na gestão da informação deve ser visto como um processo capaz de ampliar as possibilidades estratégicas da empresa, considerando-se que a informação é base para o processo de planejamento, controle financeiro, análise de cenários, pesquisas com consumidores, planejamento de marketing, gestão de estoque, gestão de produção e logística, e a tomada de decisão propriamente dita. Nessa perspectiva reside a necessidade da apropriação e uso oportuno da informação como subsídios para a construção de conhecimento. Referências CASTELLS, M. Innovación, libertad y poder en la era de la información. In: FORO SOCIAL MUNDIAL. Conferência…Porto Alegre, 2005. LOPES, E. C. Construção de conhecimento em governança corporativa: estudo sobre a criação de valor para tomada de decisão de investidores no mercado de capitais. Marília: Unesp, 2014. 228f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - Faculdade de Filosofia e Ciências - Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Marília, 2014. Sobre Elaine Cristina Lopes Doutora em Ciência da Informação (UNESP-Marília). Docente do Departamento de Administração da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR).

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