sexta-feira, 16 de agosto de 2024

A FUNÇÃO ECOLÓGICA DA FANTASIA https://static.wixstatic.com/media/d9c6c1_b8235d9eb19d4803b6a6f2bb9bb7aad9~mv2.jpg No post de hoje, tenho o prazer de dar a fala a um dos nossos autores: Henrique Susin Scopel. Espero que façam bom proveito da discussão que ele traz nesta sexta-feira. Fico muito feliz por estar escrevendo este texto para o blog da minha editora favorita: a FLYVE. Acredito que antes de iniciar, devo realizar uma rápida apresentação. Para quem não me conhece, me chamo Henrique, sou o autor de Crônicas de Arauver, mestrando em Direito Ambiental pela Universidade de Caxias do Sul, e escritor da casa há dois anos. Quando recebi esse convite, pensei bastante sobre o que poderia escrever, e decidi unir duas grandes paixões da minha vida: fantasia e ecologia. Mas o que isso tem a ver? A relação é profunda, talvez um pouco escondida, mas com certeza real. O objetivo do texto é trazer, por meio de alguns exemplos, a função educacional ecológica presente nas fantasias e fábulas que consumimos diariamente, e como elas podem auxiliar no despertar para a consciência ambiental dos leitores. Inicio falando da minha história com ambos os temas, pois o primeiro contato que tive com o tema da ecologia foi, por incrível que pareça, ao ler Senhor dos Anéis. Não passava de um jovem de doze anos, mas quando visitei os capítulos onde observamos a destruição de Isengard na Floresta dos Ents, algo dentro de mim despertou. Essa revolta pelo fim da natureza em prol de um meio de produção me fez buscar mais sobre a preservação e o meio ambiente. Entretanto, a relação da fantasia com a ecologia não se resume a esse curto relato pessoal. A fantasia e a ficção, na grande maioria, abordam o tema de preservação direta ou indiretamente. Podemos refletir com grandes livros, além do já citado Senhor dos Anéis, como A Utopia. Quando Thomas More escreveu esse clássico no século XVI, termos como "fantasia" ou "ficção científica" ainda não existiam dentro do mercado literário como nos dias de hoje, porém sua obra com certeza é uma produção fantástica. Nas páginas do livro, somos apresentados a uma sociedade acima de qualquer problema, que vive em união e paz, uma perfeita utopia. É possível notar que a sociedade perfeita e utópica só foi alcançada por uma forma de vida humana em harmonia com a natureza, uma vida humana sustentável. O autor não deixa isso explícito, mas é visível nas descrições como a natureza é respeitada e tratada como companheira, não como mero objeto a ser utilizado. Avançando um pouco no tempo, gostaria de trazer a obra Um Cântico para Leibowitz, de Walter M. Miller Jr. O livro, considerado um dos maiores clássicos da ficção científica, foi escrito em 1959 e acompanha um mosteiro católico, em um cenário pós-apocalíptico, localizado em um deserto no território dos antigos Estados Unidos, depois de uma Guerra Nuclear, que praticamente destruiu a humanidade. O ponto principal do livro é a força destrutiva que a humanidade carrega, que afeta tanto a si quanto ao ambiente que lhe acolhe. Ao contrário do pensamento do protagonista final da história “sic transit mundus”, o livro nos faz refletir como devemos evitar cenários como o dele, e também como a tecnologia ou as questões financeiras jamais substituirão nossa casa natural. No campo da fantasia medieval moderna, um grande exemplo de pensamento ecológico como pano de fundo é a saga The Witcher, do polonês Andrej Sapkowski. A série de oito livros encantadores, três jogos incríveis e uma série deplorável da Netflix, tem como fundo a imparável sede de conquista dos humanos e o caminho de devastação e esquecimento que isso leva. Para quem não é familiarizado com a obra, os humanos, no continente em que se passa a história, são invasores e levam à extinção muitas espécies locais (os monstros que os bruxos caçam). Além disso, perseguem as raças locais e destroem seus santuários antigos. Todo esse conflito leva a uma espiral de problemas sociais e falta de recursos que aparecem como pano de fundo da história de Geralt. Poderia ser um pouco mais corajoso e falar de uma obra essencial no âmbito da luta pelo meio ambiente: A Primavera Silenciosa (1962), de Rachel Carson. Tal obra foi de suma importância para o conhecimento do mundo sobre a má utilização de produtos tóxicos e em como eles impactam o meio ambiente e a própria raça humana. Alguns de vocês devem estar se perguntando qual a relação desse livro com a fantasia. Explicarei com um breve resumo: Rachel inicia o livro trazendo uma história de um local onde o uso de agrotóxicos era tão absurdo e normalizado que tais produtos acabaram matando os pássaros, fazendo com que a primavera se tornasse silenciosa e ocasionando outros impactos no ecossistema do local. Ao escrever sobre essa primavera silenciosa, Carson não estaria utilizando o recurso fantástico para alertar sobre as questões ecológicas? A resposta é óbvia. Os exemplos não acabam por aqui. Eu poderia escrever centenas de páginas sobre o assunto, analisando a relação entre obras de fantasia e o pensamento ecológico. Entretanto, por se tratar de um texto para blog, não quero me alongar muito. Caso seja de interesse, retorno para falar mais disso no futuro. Acredito que o ponto tenha sido provado, a fantasia pode ser ferramenta para alerta e educação ecológica, com autores utilizando a temática consciente ou inconscientemente. Na situação em que vivemos, quanto mais recursos pudermos utilizar em favor do meio ambiente, melhor. A humanidade vivendo em união com a natureza não pode ser somente fantasia. Henrique Susin Scopel, escritor e mestrando em Direito Ambiental

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Na fase da educação infantil, as crianças estão desenvolvendo o interesse pela leitura, enquanto absorvem os conceitos básicos essenciais para a alfabetização. Com esse propósito em mente, desenvolvemos um e-book que aprofunda o tema da leitura literária neste período tão importantes para as crianças. Além disso, o material é acompanhado por sugestões de atividades e obras selecionadas de nossas editoras. E-book: Leitura Literária na Educação Infantil
Por Redação Para celebrar o Dia Nacional do Livro Infantil (18 de abril), a SP Leituras convidou a equipe* do SisEB para selecionar os 5 livros infantis que não podem faltar em nenhuma biblioteca. E a boa notícia é que qualquer biblioteca pública cadastrada – e com os dados atualizados – na plataforma Bibliotecas Paulistas pode adquiri-los gratuitamente na Loja Virtual do SisEB. Confira: 1 - Doçura Escritora: Anna Cunha Editora:Tibi Editora Ano de publicação: 2022 Sinopse: Doçura é um livro-imagem que celebra a leitura em família, as mulheres e as professoras. A obra trata da importância da formação leitora na infância e destaca o afeto e a dedicação para a criação de uma nova geração de leitores. Por que este livro é fundamental em qualquer biblioteca: Doçura venceu o Prêmio Jabuti 2023 e sem usar uma única palavra escrita, conta uma linda história, através de imagens de arrebatar a alma é capaz de nos transportar para suas páginas cheias de afeto. 2 - Macabéa Escritora: Conceição Evaristo Editora: Oficina Raquel Ano de publicação: 2023 Sinopse: Conceição relê Clarice. “Se essa história não existe, passará a existir. (Clarice Lispector)” Há quase 50 anos, Clarice Lispector publicou A hora da estrela, seu último e mais emblemático romance. Nascia então Macabéa, jovem nordestina, pobre e migrante, cuja vida era marcada por dores, silêncios e apagamento. Agora, brota a Flor de Mulungu. Neste conto ilustrado, a premiada e incontornável voz da literatura brasileira contemporânea Conceição Evaristo revisita e dá novos contornos à Macabéa, em um manifesto literário que coloca a escrita como uma forma de fazer vingar a vida. “A Flor de Mulungu não ia fenecer. Não. A posição fetal em que ela se encontrava era um indício de que uma nova vida se abria. Ela ia nascer por ela e com ela. Macabéa ia se parir. Flor de Mulungu tinha a potência da vida. Força motriz de um povo que resilientemente vai emoldurando o seu grito. ” - Conceição Evaristo Por que este livro é fundamental em qualquer biblioteca: O olhar de Evaristo para esta personagem é realista, evoca a ancestralidade de Macabéa (e de todas as Macabéas que ali habitam) para costurar uma nova trajetória em que “Mulheres como Macabéa não morrem. Costumam ser porta-vozes de outras mulheres, iguais a elas". 3 - Óculos de cor Escritora: Lilia Moritz Schwarcz Editora: Companhia das Letrinhas Ano de publicação: 2022 Sinopse: Alvo é um garoto cheio de energia, e está sempre com um assunto diferente na cabeça ― pode ser a história do Brasil, algum super-herói de uma série da TV ou a próxima viagem que vai fazer nas férias. Ele mora com a família em um bairro elegante, vai à escola todo dia pela manhã e, a despeito de ser um garoto curioso, pouco percebe sobre o mundo à sua volta, tão diferente do seu. Ebony adora fazer amigos e contar histórias ― e até contaria mais, se tivesse tempo. Com a agenda cheia, da aula de dança aos desenhos que adora fazer, a garota quase nunca para quieta. Seu mundo é grande demais! E ela está prestes a começar os estudos em uma nova escola, com professores e colegas que até então não conhecia. Por que este livro é fundamental em qualquer biblioteca: Com seu já consagrado poder narrativo, Lilia Moritz Schwarcz se volta à literatura infantil para proporcionar reflexões aos jovens leitores sobre assuntos de primeira importância, como a branquitude e o racismo estrutural que atinge a todas e todos no Brasil. Prêmio Jabuti 2023 na categoria Juvenil. 4 - A África que você fala Escritor: Claudio Fragata Editora: Globinho Ano de publicação: 2021 Sinopse: Cafuné, samba, quiabo, dendê, quitanda... Você pode até não perceber, mas usamos muitas palavras com origem africana no dia a dia. De forma leve e divertida, A África que você fala faz um passeio por palavras que pegamos emprestadas de idiomas como quimbundo, iorubá, jeje e banto. Por que este livro é fundamental em qualquer biblioteca: O livro mostra a origem de palavras que usamos no cotidiano e que são oriundas da África, abordando a importância de apresentar aos pequenos leitores a origem dessas palavras. 5 - Heróis e heroínas do cordel Escritora: Januária Cristina Alves Editora: Companhia das Letrinhas Ano de publicação: 2021 Sinopse: A literatura de cordel é uma das manifestações mais ricas da cultura brasileira. Ao narrar grandes aventuras ou mesmo acontecimentos cotidianos em versos rimados e ritmados, os cordelistas criaram personagens universais ― e ao mesmo tempo bem brasileiros ―, cujos atos corajosos, autênticos e heróicos vêm se espalhando pelos quatro cantos do país ao longo dos séculos. Com organização da escritora e pesquisadora Januária Alves, ilustrações de Salmo Dansa e posfácio de Antonio Nóbrega, este livro traz cinco narrativas assinadas por grandes nomes da literatura de cordel ― A história de João Valente e o dragão de três cabeças , História de Roberto do Diabo , História da imperatriz Porcina , História da donzela Teodora e O verdadeiro romance do herói João de Calais. Por que este livro é fundamental em qualquer biblioteca: Dragões, desafios e aventuras de tirar o fôlego ― há tudo isso e muito mais nessa reunião única de cinco histórias assinadas por grandes nomes da literatura de cordel brasileira.