quarta-feira, 11 de junho de 2014

Bibliotecário(a) da Semana: Fabiola Nunes. "O profissional da Classificação".


Bibliotecário(a) da Semana: Fabiola Nunes. "O profissional da Classificação".


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“A classificação, entendida como processo mental de agrupamento de elementos portadores de características comuns e capazes de ser reconhecidas como uma entidade ou conceito constitui uma das fases fundamentais do pensar humano” (Astério de Campos).

   A arte de classificar expressa na citação acima é uma das atividades mais importantes desempenhadas pelo bibliotecário dentro de uma biblioteca. Agrupar o conhecimento segundo seu conteúdo e organizá-los nas estantes como tal, determinando o destino e utilidade dos mesmos. O poeta e escritor Jorge Luis Borges já dizia: "Ordenar bibliotecas é exercer de um modo silencioso a arte da crítica”.
   Mas como expressa Astério de Campos, classificar é uma das fases do pensar humano, não está privada ao bibliotecário, todos nós “classificamos” e a todo o momento quando separamos homens de mulheres, amigos de inimigos. O que diferencia então a classificação bibliográfica feita pelos bibliotecários da classificação comum do dia-a-dia. Estas e outras questões serão discutidas através de uma entrevista com Fabiola Nunes, bibliotecária do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Piauí e ministrante da disciplina de classificação no curso de biblioteconomia da Universidade Estadual do Piauí.

ACESSOHOT: Fabiola, como você distinguiria a classificação bibliográfica da classificação comum intrínseca ao ser humano?


FABIOLA NUNES: A classificação realizada por nós, seres humanos, no dia-a-dia, pode ser pensada como um ato involuntário; classificamos a todo o momento pessoas, objetos, animais, etc. Um exemplo simples desse tipo de classificação é quando caracterizamos pessoas como magras, baixas, competentes, honestas, etc.; mas para isso não necessitamos de conhecimentos mais aprofundados sobre as áreas do conhecimento, necessidades dos usuários, bem como as relações semânticas e sintáticas existentes entre esses termos qualificadores, e isso é exatamente o diferencial nas classificações bibliográficas, que surgiram com o propósito de organizar acervos, tendo em vista a recuperação da informação.

ACESSOHOT: Com o documento em mãos, qual seria o primeiro passo para classificá-lo?

FABIOLA NUNES: O primeiro passo seria uma análise do próprio documento; o classificador terá que ficar atento principalmente a algumas partes do mesmo, a saber: título, folha de rosto, sumário, prefácio (no caso de livros), encarte (CDs), abstracts e key-words (teses, dissertações ou artigos científicos).

ACESSOHOT: Que instrumentos o bibliotecário pode se utilizar para realizar esta atividade?
FABIOLA NUNES: Os instrumentos são os sistemas de classificações e para atribuição de descritores, os tesauros.

ACESSOHOT: Que fatores podem influenciar negativa e positivamente o processo de classificação?

FABIOLA NUNES: O principal fator que pode influenciar positiva ou negativamente o processo de classificação é o conhecimento que o classificador tem acerca do assunto que está sendo classificado, por exemplo, em bibliotecas especializadas o bibliotecário precisa dominar alguns termos técnicos utilizados na área em questão, caso isso não aconteça, a recuperação da informação será insatisfatória.

ACESSOHOT: Que conseqüências se podem ter ao classificar uma obra de maneira errada?

FABIOLA NUNES: Como dito anteriormente, o usuário que for realizar uma pesquisa em uma biblioteca onde o profissional da informação não dá tanta importância ao processo de classificação, provavelmente a busca não será satisfatória.

ACESSOHOT: Como se explica a possibilidade de um mesmo documento ser classificado de formas diferentes dependendo de quem o classifica e do momento em que o mesmo é classificado?

FABIOLA NUNES: Um mesmo documento pode ter classificações diferentes, por que:  1) vai depender do tipo de biblioteca em que ele se encontra; numa biblioteca pública, comunitária a classificação tende a ser mais geral, tendo em vista o público-alvo; em bibliotecas especializadas, os termos tem que ser mais detalhados, pois lida somente com pesquisadores, estudiosos daquela área;  2) se um documento aborda dois ou mais assuntos, o classificador terá que classificá-lo de acordo com a necessidade do centro de informação, exemplo: A influências das TICs no ensino-aprendizagem, teremos algumas possibilidades de classificações, Informática, Comunicação ou Educação; 3) a edição do sistema de classificação, a 20ª edição da CDD possui diferenças nas classes em relação à 21ª.

ACESSOHOT: Que habilidades devem possuir um bom classificador?

FABIOLA NUNES: O classificador deve ter uma boa noção das áreas do conhecimento, ou da área em que ele trabalha, deve ser astuto e imparcial, pois ele tem que tentar suprir as necessidades de informações dos usuários do centro de informação em questão, e não pensar que o que ele acha é o que o usuário vai achar ou mesmo necessitar.

ACESSOHOT: Que importância você atribui à classificação dentro de uma biblioteca?

FABIOLA NUNES: A classificação é uma das atividades mais importantes de uma unidade de informação, se ela não é bem feita, a recuperação da informação não será satisfatória, entretanto, a classificação necessita de outras atividades tão importantes quanto ela, como por exemplo, a catalogação, se um item não é descrito de forma adequada, a busca também será prejudicada.

Ana Paula Lopes e Lorena Ramos


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