sexta-feira, 10 de maio de 2013

Portfolio-Penguin vem 'mexer no queijo' dos livros de negócios


Portfolio-Penguin vem 'mexer no queijo' dos livros de negócios

O título de um dos livros de maior sucesso da década passada na área de negócios questionava: "Quem Mexeu no Meu Queijo?".

A pergunta é cada vez mais relevante para o próprio universo dos livros de negócios no Brasil, que assiste a uma disputa crescente pelo mercado e a chegada ao país de um importante competidor internacional.

Principal divisão de livros de negócios da editora mais conhecida do mundo, a Penguin, o selo Portfolio desembarca de olho numa fatia de um dos segmentos que mais crescem no mercado editorial brasileiro.

De acordo com dados levantados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o setor de livros de administração, economia e negócios teve expansão de 50% de 2011 para 2012. De um ano para o outro, o mercado cresceu o equivalente a 2 milhões de livros.

"Há dois anos descobrimos que o Brasil era um dos maiores compradores de títulos de economia e negócios das editoras americanas e vimos aí uma oportunidade", diz o publisher do Portfolio-Penguin, Matinas Suzuki Jr.

O novo selo, que será lançado amanhã, em evento fechado em São Paulo, marca a entrada da editora Companhia das Letras no segmento de
negócios.

O Portfolio-Penguin estreia com dois títulos, o volume "Os Limites do Possível", primeira coletânea de ensaios do economista André Lara Resende, um dos formuladores do Plano Real, e "Clique: como Nascem as Grandes Ideias", do empresário norte-americano Frans Johansson.

Entre os 14 demais títulos já anunciados estão os próximo livros de Alan Greenspan, ex-presidente do Fed -o banco central americano-, e de Alvin Roth, Prêmio Nobel de Economia de 2012, além de obras como "A História do Twitter", do jornalista norte-americano Nick Bilton.

TECNOLOGIA

Projetos como este, que relacionam tecnologia e negócios, devem ter um espaço privilegiado no Portfolio-Penguin, seguindo uma tendência já experimentada com sucesso pela Companhia das Letras, com obras como a biografia de Steve Jobs.

"A tecnologia assumiu um papel totalmente central no universo dos livros de negócios", opina Adrian Zackhein, que criou o selo em 2001 nos Estados Unidos e atua como seu publisher.

O editor, que virá ao Brasil para o lançamento, afirma que tal como nos demais países onde o Portfolio foi lançado, Inglaterra e Índia, a programação daqui independe da casa americana.

"O negócio do livro tem um aspecto global, mas tem outro igualmente importante, que é local. Não adianta implementar um selo de sucesso de um país em outro. Ele pode não atender às demandas daquele lugar."

A observação de Zackhein não indica necessariamente um catálogo de autores brasileiros. Dos 16 títulos iniciais já anunciados, só dois são "made in Brazil": o de Lara Resende e o volume "Empreendedores Criativos (à Brasileira)", da jornalista Mariana Castro. "Queremos aumentar a lista de brasileiros e já estamos trabalhando em outros projetos nacionais", diz Suzuki Jr.

Os demais livros, estrangeiros, foram selecionados por ele e pela editora do selo, Thais Pahl, nos catálogos de diversas editoras internacionais, não só as da Penguin, grupo com o qual a Companhia das Letras se associou no final de 2011.

"O maior ganho da nossa aproximação com as Portfolios americana e inglesa é o aprendizado", diz Pahl, que afirma que cerca de 90% do catálogo inicial será composto de livros que ainda não foram nem lançados no mercado internacional.

Ela projeta lançar cerca de dez títulos novos por ano, a mesma média de editoras fortes no ramo, como duas das atuais líderes dos rankings de mais vendidos, Sextante e Gente (leia texto ao lado).

A parceria com o selo americano não envolve, num primeiro momento, o contraponto da publicação de brasileiros no exterior.

"Levo em conta a maneira como a economia brasileira está crescendo e a quantidade de inovação e empreendedorismo no país. Com o tempo, autores brasileiros ganharão mais voz no cenário internacional", diz Zackhein.

Nenhum comentário: