terça-feira, 8 de outubro de 2013

Excesso de informação pode causar exaustão do Sistema Nervoso Central

Excesso de informação pode causar exaustão do Sistema Nervoso Central

Para uma boa saúde mental, psiquiatra indica pausas durante as atividades
Excesso de informação (Foto: Reprodução)

A tecnologia trouxe muitos benefícios, dentre eles o acesso imediato, por meio da internet, a uma quantidade enorme de informações. Entretanto, por outro lado, a exposição exagerada a muitos dados pode criar alguns problemas, principalmente se não houver limite ao que uma pessoa consome em termos de informação. No caso da web, se você é do tipo que, mesmo estando sempre conectado, sente que deveria estar mais atualizado de tudo o tempo todo, cuidado, pois poderá estar sofrendo da chamada ansiedade da informação.
Para se ter uma ideia da quantidade de informações que circula hoje em dia, mais de mil novos títulos de livros são editados por dia em todo o mundo. Uma edição de domingo do jornal The New York Times, por exemplo, contém mais informação do que um cidadão do Século 17 recebia ao longo de toda a sua vida. Parece exagero, mas estão em circulação no planeta mais de 100 mil revistas científicas. Fora isso, quem vive nas cidades grandes é bombardeado o tempo todo por várias informações, sejam visuais, ou sonoras.
Diante desse contexto, o médico psiquiatra Luiz Vicente Figueira de Mello, do Ambulatório de Transtornos Ansiosos do Hospital das Clínicas, pertencente à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), conta que o excesso de informações, processada acima da capacidade neuronal, pode levar à sobrecarga das conduções elétricas no cérebro e ao estresse cognitivo, quando muito intenso. “O aumento excessivo de sons, imagens e a leitura por horas a fio, sem descanso, ou pausa do sistema sensorial, pode levar à exaustão do Sistema Nervoso Central (SNC), ou à síndrome de burn out, com o aparecimento de sequelas”, relata o médico.
Luiz conta que as situações nas quais se percebe a ocorrência do consumo excessivo de informações estão, em sua maior parte, concentradas nos trabalhos exigidos por empresas que delimitam metas a serem cumpridas em prazos muitos curtos. Já entre as fontes que geram atualmente excesso de informação, o médico cita como as principais o computador e a comunicação feita pelos aparelhos móveis e fixos durante várias horas sem descanso do sistema sensorial, que, segundo ele, ainda não está adaptado a este tipo de demanda.
O especialista ressalta que as gerações mais jovens são, progressivamente, mais preparadas para a obtenção de uma nova linguagem, mais resumida, objetiva e superficial nos conteúdos e com maior velocidade. “Essas novas estruturas cerebrais formarão, por meio dessa plasticidade, pessoas com uma percepção dessa linguagem mais adaptadas a ela. Os estímulos especializam os indivíduos, mas não os tornam, a meu ver, pessoas superiores ou inferiores. Apenas mais especializadas, como são especializados os indivíduos de outras culturas diferenciadas”, aponta.
Superficialidade nas informações
Quanto à superficialidade em relação à assimilação das informações no meio online, o jornalista norte-americado Nicholas Carr, autor do livro “A Geração Superficial: o que a internet está fazendo com os nossos cérebros”, destaca em sua obra que o uso exagerado da internet pode causar sérios riscos, incluindo a formação de pessoas menos inteligentes, menos focadas, e mais ansiosas do que as gerações anteriores.
No livro, Nicholas faz uma comparação dos efeitos na mente humana em duas situações específicas: uma delas se dá na leitura de um livro, ato que, segundo o autor, exige concentração e interpretação, e a outra, com o uso da internet, na qual o jornalista ressalta que o internauta apenas corre os olhos pelas informações. O autor alerta para o fato de que uma mudança brusca no que diz respeito à organização do pensamento pode, de certa maneira, comprometer algumas capacidades, como a de concentração e aprofundamento, alterando a forma como diversos assuntos são compreendidos.
Como antídoto a esse cenário, Nicholas propõe o uso da internet de maneira planejada, aconselhando que as pessoas se dediquem apenas a um assunto por vez como forma de manter o foco e otimizar o raciocínio e a inteligência. Complementando este conselho, Luiz Vicente ressalta que as pessoas devem ter consciência de suas limitações fisiológicas e culturais. “Levamos em torno de oito milhões de anos para atingir esse nível cognitivo e afetivo, com extinções e seleções progressivas. Os períodos de trabalho, ou uso de nossos sistemas sensoriais, devem ter descanso intermitente, como nos exercícios físicos, para não sofrermos exaustão”, finaliza.

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