quinta-feira, 16 de abril de 2009

Representando a a Information Literacy “Competências Informacionais” na Biblioteconomia

http://www.seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao/article/viewFile/5043/4742

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Em Questão, Porto Alegre, v. 14, n. 2, p. 287 -300, jul./dez. 2008.
Representando a Information Literacy “Competências Informacionais” na Biblioteconomia

Resumo
O artigo explora a representação da competência em informação,
nesse trabalho, também explicitada como information literacy
em relação às competências tecnológicas internalizadas e praticadas
por bibliotecários. A proposta deste trabalho é poder
representar competências socialmente vistas pelos profissionais
da informação bibliotecários, uma vez que estamos inseridos no
cenário atual da explosão informacional. Tendo, por conseguinte,
condições de explorar e contextualizar a teoria ao objeto central
deste, que é representar competências informacionais no uso das
tecnologias de informação para bibliotecários. Percebendo assim,
a importância da utilização das novas tecnologias em informação,
para a formação do profissional bibliotecário contemporâneo, e
ainda, a necessidade de atualização dos mesmos.
PALAVRAS-CHAVE: Information literacy. Representação. Competência em informação. Tecnologia de informação. Bibliotecário.
Representando a Information Literacy “Competências Informacionais” na Biblioteconomia
Rose Cristiani Franco Seco Liston
Plácida L. V. A. da Costa Santos
288 Em Questão, Porto Alegre, v. 14, n. 2, p. 287 - 300, jul./dez. 2008.

1 Introdução
Percebe-se que, na última década em particular, a evolução
tecnológica teve um profundo impacto nos serviços de informação
e alterou de maneira conceituada as formas e os métodos de
trabalho de alguns profissionais, desencadeando a necessidade
de se desenvolver novas competências para a compreensão e
inserção desses profissionais nos espaços que caracterizam a era
tecnológica, parte essencial da Sociedade da Informação. Dentre
essas competências, destaca-se a competência em informação,
expressão esta que se originou em meio ao surgimento da explosão
informacional, que se caracteriza pelo magnífico crescimento da
informação disponibilizada e, ainda, pelas mudanças ocasionadas
pela tecnologia usada no processo de geração, disseminação, acesso e uso da informação.
O artigo tem como fundamento representar a competência
informacional. Competência informacional, nesse contexto, está
ligada ao aprendizado voltado às questões de cunho tecnológico,
ou seja, aprendizado de habilidades de operação e comunicação
por meio de computadores, à compreensão do funcionamento
de equipamentos (hardware), seus programas (softwares) e suas
aplicações, e, ainda, à produção, organização, disseminação e
acesso às informações de forma automatizada com vistas a resolver
problemas por meio do uso da tecnologia.
O bibliotecário é capaz de trabalhar a informação de modo a
atender as necessidades da sociedade em seus aspectos: políticos,
econômicos, educacionais, sociais, de saúde, culturais, recreativas
e tecnológicas, estimulando-os no desenvolvimento de pesquisas
biblioteconômicas; criticar, investigar, propor, planejar, executar
e avaliar recursos e produtos de informação; trabalhar com fontes
de informação de qualquer natureza, processar a informação registrada
em diferentes tipos de suporte, mediante a aplicação de
conhecimentos teóricos e práticos de coleta, processamento, armazenamento
e difusão da informação; realizar pesquisas relativas
a produtos, processamento, transferência e uso da informação.
A formação do bibliotecário implica no desenvolvimento
de competências e habilidades que transcendem o domínio dos
conteúdos técnicos da Biblioteconomia, pois, acima de tudo, esse
profissional deve ser preparado para pensar e agir com criatividade,
ter a sua conduta pautada pela ética, refletir criticamente sobre
a realidade que o cerca e buscar o aprimoramento constante.
2 O conceito da Information Literacy
A Information Literacy surgiu em 1974 em um relatório
intitulado The information service environment relationships and
priorites, de autoria do bibliotecário americano Paul Zurkowski,
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em que a mesma tem como um de seus objetivos avaliar a efetividade
de atividades informacionais efetuadas por profissionais
não previamente preparados para o trabalho com a informação,
propor melhorias de desempenho informacional, tendo a
informação como elemento chave em todos os segmentos da
sociedade. Com a necessidade de manter informado o profissional
da informação, verifica-se que a information literacy vem se
tornando um indicador incontestável de atualidade e sintonia
com o mundo, desde o surgimento da explosão informacional
através da Internet.
A information literacy é mais especificamente definida por
Dudziak (2002) como:
O processo de interiorização de valores, conhecimentos e
habilidades ligadas ao universo informacional e à competência
em informação, como suportes da recuperação da informação,
buscando um diferencial de contextualização apresentada de forma
expressiva no chamado processo de identificação.
As definições nos são apresentadas assim: a information (informação)
e a literacy (habilidades para compreender matérias,
ou seja, informar para desenvolver o que é especifico ao conhecimento
humano), a informação como instrumento norteador
de habilidades e valores pertinentes ao processo intelectual e
tecnológico para a humanidade, a partir de profissionais habilitados
para direcionar este processo de forma a capacitar pessoas
que possam, através dessa nova conceitualização, aplicar meios
diferenciados de busca, recuperação e mapeamento de conteúdos
adequados a suas áreas específicas de conhecimento.
Para se entender melhor este artigo, serão apresentados a
evolução, as características, os componentes, as concepções e os
tipos de competência da information literacy, podendo, a partir
dele, enfatizar o papel do profissional da informação como mediador
do aprendizado e saberes referentes à competência em
informação.
Vale lembrar que ainda não se possui uma definição exata
para a terminologia information literacy em língua portuguesa,
portanto, neste trabalho utilizar-se-á o termo competência em
informação como definição para utilização da teoria descrita pela
information literacy.
Este artigo também se propõe a analisar, de forma sistemática,
se há competência informacional em tecnologia da informação
e suas possíveis relações com o desenvolvimento das práticas
biblioteconômicas.
Nesse sentido, Zarifian (2003, p.37 apud MIRANDA, 2004,
p.114) afirma “a competência é uma nova forma de qualificação,
uma nova maneira de qualificar”.
Por isso, a análise deste trabalho se torna importante, pois
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poderemos identificar a competência informacional em tecnologia
de informação do bibliotecário, suas habilidades e capacidades
de busca e recuperação da informação.
De acordo com Houaiss (2004), informação é: conhecimento
obtido por investigação ou instrução, ou, conjunto de conhecimentos
sobre determinado assunto.
A informação, como um conceito, carrega uma diversidade
dos meanings (significados), do uso diário aos ajustes técnicos.
Este conceito da informação é relacionado à comunicação, ao
controle, aos dados, ao formulário, à instrução, ao conhecimento,
à percepção e à representação.
Pode-se perceber que a literacy (considerada a habilidade de
ler e escrever) e a information (resultado de processar, de manipular
e de organizar dados), estão ligadas entre si no processo de
informar, mas não podem ser definidas com information literacy,
uma vez que a information literacy envolve não somente a busca,
mas também o uso da informação, o conhecimento do universo
informacional, o diálogo e a pesquisa/investigação como formas
de aprendizado, considerando as características do aprendiz, o
contexto e os propósitos desse mesmo aprendizado.
Entende-se que a information literacy é capaz de integrar
diversos níveis de inteligência individual, preconizando a gestão
do conhecimento para identificar, solucionar e recuperar informações,
proporcionando habilidades tecnológicas relevantes ao
desenvolvimento estratégico de suas competências.
Percebe-se um alto nível de ineficácia quanto ao manuseio,
usabilidade e recuperação da informação em suporte tecnológico
por inúmeros profissionais de diversas áreas.
O excesso de informação cria, muitas vezes, barreiras que
nos colocam em situações desconcertantes quanto ao manuseio
das novas ferramentas informacionais disponíveis e à falta de
habilidade em lidar com tais ferramentas. Essas barreiras mostram
a necessidade dos profissionais da informação estabelecerem
parcerias com as demais áreas do conhecimento para a integração
do aprendizado e saberes referentes à competência informacional
como:
a) definir suas necessidades informacionais;
b) buscar e acessar a informação necessária;
c) perceber se ela é relevante ou não;
d) estruturá-la;
e) transformá-la em conhecimento;
f ) aplicá-la, por que e em quais situações aplicá-la.
Nesse aspecto, o profissional da informação, o bibliotecário,
pode inserir-se como ativo agente criativo, capacitando o setor
de recursos humanos (RH) da instituição, aplicando métodos
pautados na teoria da information literacy, como forma de instrumentalizá-
los no uso e recuperação da informação nos vários
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suportes eletrônicos informacionais, desenvolvendo assim, parte
da competência em informação necessária aos “atores” organizacionais
inseridos na sociedade da informação (MIRANDA,
2004, p.117).
Para Dudziak (2001, p. 5), diversos serviços voltados para a
educação de usuários são atualmente implementados para auxiliar
estudantes, docentes e pesquisadores. Os programas de educação
de usuários, orientação bibliográfica, treinamentos específicos,
entre outros, desenvolvidos em bibliotecas, têm sido utilizados
pelos bibliotecários há muitos anos a fim de preparar os usuários
para o uso dos sistemas de informação.
a) Média Literacy: habilidades para decodificar, analisar,
avaliar e produzir
informação em vários meios: impresso, áudio, filmes/vídeo,
Internet, etc.
b) Digital Literacy: habilidades para usar os sistemas digitais
com ênfase na forma de como a informação é apresentada.
Por exemplo, qual a diferença entre uma informação
recebida via e-mail e outra recebida via página web?
c) Network Literacy: habilidades para trabalhar em um
ambiente de rede, tal como World Wide Web:
• uso dos recursos e serviços da rede global de informação;
• entendimento do sistema que gera, gerencia e disponibiliza
a informação;
• habilidade para manipular informações encontradas na
rede, combinando-as com outros recursos e incrementando-
as;
d) Visual Literacy: habilidades para entender o significado e
os componentes da imagem, como veículo de informação.
e) Computer Literacy: habilidade no uso do computador e
seus softwares para a realização de tarefas.
Pode-se perceber a evolução da information literacy, pois
as cinco áreas afins referem-se à importância da competência
informacional, sendo que a mesma permite analisar e avaliar a
informação encontrada, incluindo as habilidades tecnológicas
para a compreensão e avaliação das informações.
3 Competência em informação
Quando se fala em competência em informação, devem-se
citar algumas formas de classificar os tipos de competência apresentados
por Zarifian (2003, p. 120 apud MIRANDA, 2004, p.
117), quando o mesmo define a competência informacional do
seguinte modo:
a) Competência é “[...] um saber agir responsável e reconhecido,
que implica mobilizar, integrar, transferir co292
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nhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor
econômico à organização e valor social ao indivíduo”
(FLEURY; FLEURY, 2001, p.21). Os atributos principais
da competência são iniciativas, responsabilidade, inteligência
prática, conhecimentos adquiridos, transformações,
diversidade, mobilização dos atores e compartilhamento.
b) Competência profissional é a que está relacionada a
indivíduo ou equipes de trabalho, integrando aspectos
técnicos, cognitivos, sociais e afetivos relacionados ao
trabalho (BRANDÃO, 1999, p.28). Ela compreende
conhecimentos, habilidades e atitudes ou comportamentos
que permitirão o desenvolvimento da organização no
cumprimento de sua missão. (DUTRA, 2001; FLEURY,
2001; DURAND, 1998 apud BRANDÃO, 1999);
c) Competência organizacional é o savoir-faire da empresa em
um domínio particular, que se origina e se sustenta pelas
competências profissionais aliadas aos processos organizacionais
e outros recursos em produtos e serviços (ROUBY;
SOLLE, 1999, p.3; BRANDÃO, 1999, p.28, FLEURY;
FLEURY, 2001, p.23). Elas incluem as competências sobre
a organização e sobre seus processos, as competências em
técnicas e formas de trabalho, as competências de serviço
e as competências sociais.
d) Competência essencial ou competência-chave é um conjunto
de habilidades tecnológicas cuja marca de autenticidade
é a integração. Elas representam um valor percebido
pelo cliente, uma diferenciação entre concorrentes, uma
capacidade de expansão (HAMEL; PRAHALAD, 1995,
p.223-241). Elas são sobretudo um fator distintivo e
único que marca uma organização ou uma atividade em
particular.
Quando apresentada por Zarifian, a competência essencial
ou competência-chave pode ser comparada a uma das abordagens
apresentadas por Dudziak (2001), quando esta apresenta a
concepção ou nível da informação com ênfase na tecnologia da
informação. Nesse nível, a competência informacional está ligada
ao aprendizado voltado às questões de cunho tecnológico, ou
seja, ao aprendizado de habilidades de operação e comunicação
por meio de computadores, à compreensão do funcionamento
de equipamentos (hardware), seus programas (softwares) e aplicações
e, ainda, à produção, organização, disseminação e acesso
de forma automatizada com vistas a resolver problemas por meio
do uso da tecnologia. Para Dudziak (2000 apud MOTTA, 2006),
considerar a competência informacional apenas nesse nível é reduzi-
la ao simples aprendizado de habilidades e conhecimentos
instrumentais, praticamente mecânicos.
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A competência informacional mobilizada em situações de trabalho
pode ser vista como um dos requisitos do perfil profissional
necessário para trabalhar com a informação, não importando
o tipo de profissional ou de atividade [...] seria desejável que as
competências informacionais fizessem parte do rol de competências
dos mais variados profissionais, atividades e organizações.
(MIRANDA, 2004, p.118).
As competências informacionais podem ser identificadas
como o processo qualificativo do profissional da informação,
atribuindo a esse profissional, as seguintes características:
a) avaliar, planejar, vender e fazer funcionar redes locais de
comunicação de informação em instituições;
b) administrar unidades de informação e implantar programas
de gerenciamento de informação para informatizálas;
c) procurar, preparar, resumir e editar informações de natureza
científica e técnica, dirigir a redação de revistas
científica em empresa de editoração;
d) organizar (adquirir, registrar, recuperar) e distribuir
informação em sua forma original ou como produtos
elaborados a partir dela. (LE COADIC, 1997, p.112-113
apud MIRANDA, 2004, p. 119)
O desenvolvimento das competências informacionais está
ligado ao acesso à informação, ao conhecimento e ao aprendizado,
que incentiva uma participação ativa do profissional da informação
e o usuário dessa informação. Na era da informação e do
conhecimento, a competência informacional deve ser atribuída
a todos os profissionais, nas mais diversas áreas.
Ela possibilita uma análise do conhecimento, direcionando
o profissional da informação a buscar novos desafios, que o
conduzirão a uma expansão da transformação do saber, proporcionando
a implementação de programas voltados a competência
em informação.
Pode-se perceber que, nesse contexto, a information literacy
remete a uma busca cada vez mais intensiva ao questionamento
das bases tecnológicas de informação e conhecimento. Portanto, a
título de exemplificação apresento, a seguir, um mapa conceitual
sobre a information literacy:
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O mapa conceitual apresentado mostra claramente o conceito
essencial da information literacy, em que é possível identificar as
habilidades essenciais para a busca de uma informação eficaz, proporcionando
os recursos informacionais necessários que permitam
reconhecer, definir, incorporar, aplicar, buscar e transformar a
informação em conhecimento.
3.1 A identificação das competências informacionais:
tecnologia a serviço do profissional da informação
Quando se trata do assunto competência em informação
tendo como competência-chave a tecnologia, não se pode deixar
de lado a estratégia básica para a aplicação dessa competência.
Deve-se observar que a tecnologia da informação não é mais uma
estratégia opcional para o desenvolvimento do conhecimento,
pois hoje ela é vista como tecnologia obrigatória, em todos os
parâmetros sociais da pesquisa, busca e recuperação de dados
relativos ao processo de desenvolvimento social, enquanto análise
das habilidades e conhecimentos.
Um campo de conhecimento não se firma sem que haja
atualização contínua do profissional, uma vez que as novas tecnologias
de informação surgiram devido ao fenômeno da explosão
informacional verificada a partir da segunda metade do século
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XX, servindo de suporte para a criação das redes de computadores,
em busca das novas formas de reconhecimento e entendimento
desse novo mundo digital.
Esse processo implica na inserção do profissional da informação
no novo e complexo mundo digital, provocando alterações
no modo do fazer biblioteconômico.
Nesse novo paradigma, cabe transpor para o ambiente
biblioteconômico a função real do uso das novas tecnologias,
propondo algumas considerações relevantes ao conhecimento e
à competência informacional do bibliotecário, interagindo com
o novo ambiente, em que são necessárias mudanças e novas
habilidades para a inserção deste novo foco informacional de
comunicação indicando a presença de novos profissionais advindos
de outros campos de atuação causando insegurança no
meio bibliotecário.
A competência não se reduz ao saber, nem tão pouco ao
saber fazer, mas sim a capacidade de mobilizar e aplicar esses
conhecimentos e capacidades, numa condição particular, aonde se
colocam recursos e restrições próprias a situações especificas [...]
a competência portanto, não se coloca no âmbito dos recursos,
tais como: conhecimentos e habilidades, mas na mobilização
desses recursos e, portanto, não pode ser separada da condição
da aplicação. (RUAS apud ODERICH; LOPES, 2001. p. 120).
Hoje, as habilidades e competências dos profissionais bibliotecários,
possibilitam uma nova visão de conhecimentos,
oportunizando novas mudanças para melhor entender e situar
o profissional da informação no contexto atual. Procuram-se,
então, elencar alguns pontos chaves para vencer os desafios de
inserção dos profissionais da informação nas novas tecnologias,
conforme demonstra Batista (2004):
a) apreensão ou reaprendizado de disciplinas, tais como
Representação Descritiva e Temática de Documentos,
através de cursos/treinamentos;
b) interagir no processo de apreensão de novas tecnologias
que surjam em qualquer área do conhecimento;
c) buscar competência dentro ou fora do próprio ambiente
de trabalho;
d) livrar-se de todo e qualquer preconceito diante do novo;
e) incentivar a participação de todos do ambiente de trabalho,
provocando mudanças no processo da aprendizagem.
As novas tecnologias da informação aparecem como elementos
fundamentais para o desenvolvimento das competências
informacionais, da ciência e da cultura. O profissional da
informação precisa adaptar-se aos novos serviços conhecendo
melhor a Informática para utilizá-la como principal ferramenta
para disseminação da informação, acompanhando as evoluções
tecnológicas, gerando certo impacto informacional,e dominando
todas as ferramentas e serviços tecnológicos, a fim de atingir o
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objetivo de sua habilidade profissional em atender as necessidades
dos usuários, contribuindo para o seu desenvolvimento pessoal
e social.
Para que esse processo ocorra de forma clara na aplicação
do conhecimento, como estrutura de competência em tecnologia
informacional, devem-se conhecer alguns direcionamentos
essenciais à aplicação de estratégias tecnológicas, tais como as
apresentadas por Boar (2002):
a) Avaliação, que é a atividade de desenvolver um conhecimento
claro e profundo da situação apresentada. A avaliação
culmina na identificação de “dados” que localizam
as principais fontes informacionais, gerando desta forma
uma posição que proporcione uma competência básica,
esta, que pode ser vista como análise da situação, que é o
uso de vários métodos analíticos para interpretação dos
dados analisados e recuperados, através da aplicação da
competência informacional.
b) Estratégia, que consiste em identificar os dados informacionais,
identificando seus objetivos, esses, que são
descrições do que se pode obter para a compreensão da
análise dos dados recuperados e tratados pela tecnologia
da informação;
c) Execução é a ação de aplicar os conceitos propostos pela
avaliação e pela estratégia, proporcionando ao sistema
tecnológico, meios relevantes para compreensão dos conhecimentos,
gerados e filtrados pelo processo tecnológico
informacional.
Para que haja competência em tecnologia da informação,
é necessário que as competências sejam estudadas para formar
profissionais capazes de trabalhar a informação, de modo a
atender as necessidades da sociedade em seus aspectos políticos,
econômicos, educacionais, sociais, de saúde, culturais, recreativoas
e tecnológicas, estimulando-os no desenvolvimento de pesquisas
biblioteconômicas. Criticar, investigar, propor, planejar, executar
e avaliar recursos e produtos de informação. Nota-se, nesse
aspecto, a competência em informação aplicada na tecnologia
informacional, segundo Owens (apud DUDZIAK, 2001):
Todos os homens são iguais, mas aqueles que voltam munidos de
informação estão em posição de tomar decisões mais inteligentes
que aqueles cidadãos que não estão bem informados. A
aplicação de recursos informacionais aos processos de decisão no
desempenho das responsabilidades civis é de vital importância.
Nesse contexto, devemos concordar com Campello (2003),
quando ela define a tecnologia da informação, ou seja, se a sociedade
da informação é ambiente de abundância informacional, a
tecnologia é o instrumento que vai permitir lidar com o problema,
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potencializando o acesso à informação e conectando as pessoas
aos produtos da mente.
Verifica-se, assim, que ter um profissional bibliotecário
competente em tecnologia da informação torna-se essencial
para a área da Biblioteconomia, em que a utilização dos novos
mecanismos informacionais faz com que os mesmos possam
se inserir em um novo processo informacional instituído pelo
mercado de trabalho.
4 Considerações finais
Ao abordar o tema representando a information literacy
competências informacionais na Biblioteconomia, é necessário
mencionar que, partindo-se do pressuposto de que embora a competência
em informação seja compreendida como um conjunto de
habilidades, não se pode restringir o seu desenvolvimento ao mero
aprender a encontrar e utilizar a informação em qualquer forma
e possivelmente produzir informação básica como objeto.
As pessoas devem saber como definir suas necessidades informacionais,
como buscar e acessar a informação, como avaliá-la,
transformá-la numa mescla de conhecimentos, habilidades e
valores para, desse modo, aprender a aprender, de maneira independente,
ao longo da vida. A information literacy é o processo
que possibilita isso.
Neste trabalho, observou-se inicialmente que a information
literacy proporciona às pessoas diferentes níveis de complexidade,
como um conceito aplicável à sistematização do conhecimento,
enquanto processo de interiorização de valores e habilidades
necessárias ao aprendizado no uso de novas tecnologias.
É plausível entender que, quando representadas, as competências
podem ser instituídas como prática eficiente e como parte
das atribuições do profissional bibliotecário para que ele venha
agir e lidar com as mais diversas tecnologias.
Entretanto, muito mais poderia ser explorado no sentido de
representá-las, pois entendemos que a sociedade da informação
tem como uma de suas principais vertentes as tecnologias de
informação, o que, inevitavelmente, tem dinamizado e instituído
novos padrões no desenvolvimento de todas as áreas do conhecimento,
e, em especial, da Biblioteconomia.
Aplicar a information literacy como teoria norteadora à instrumentalização
e aperfeiçoamento das práticas biblioteconômicas
por meio das TIC’s, é poder dispor de uma base teórica capaz
de abarcar toda a discussão e, ainda, estruturar um plano de
atualização e aperfeiçoamento do profissional bibliotecário, no
que tange à busca do conhecimento.
Portanto, o bibliotecário poderá estar muito mais preparado
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e instrumentalizado para atender às novas expectativas do mercado
de trabalho, quando assumir um papel de autodidata no
aprendizado das novas tecnologias. Com isso, proporcionará um
volume cada vez maior de informações que se fazem necessárias
a uma sistematização informacional para a geração de novos
conhecimentos, pautados nos fundamentos conceituais à compreensão
e interação do universo, que dinamiza uma identificação
da organização e das competências informacionais.
Representing Information Literacy in
biblioteconomy
Abstract
This article explores the representation of ability in information,
in this work, also explicated as information literacy in relation to
the technological abilities that are internalized and practiced by
librarians. The proposal of this work is to be able to represent
abilities socially seen by information professionals – “librarians”
–, as we are inserted in the current scene of the informational
explosion. Having, therefore, conditions to explore and to
contextualize the theory to the central object of this, that is to
represent information abilities in the use of information technologies
to librarians. Thus, we perceive the importance of the
use of the new information technologies for the formation of
contemporary professional librarians, and still, the need they
have of being up to date.
KEYWORDS: Information literacy. Representation. Information
ability. Information technology. Librarian.
Representando la instrucción “Capacidades
Informacionais” de la información en el
biblioteconomia
RESUMO
El artículo explora la representación de la competencia en información,
en este trabajo también explicitada como information
literacy en relación a las competencias tecnológicas internalizadas
y practicada por los bibliotecarios. La propuesta de este
trabajo es poder representar las capacidades socialmente vistas
por los profesionales de la información “bibliotecarios”, ya que
estamos en la época de la explosión informacional. Teniendo,
por lo tanto, condiciones para explorar y contextualizar la teoría
al objetivo central de este, que es representar capacidades
informacionales en el uso de las tecnologías de la información
para los bibliotecarios. Así, se percibe la importancia del uso de
las nuevas tecnologías de la información, para la formación del
profesional bibliotecario contemporáneo, y además la necesidad
de la actualización de ellos.
PALABRAS CLAVE: Instrucción en información. Representación.
Competencia en información. Tecnología de la información.
Bibliotecario.
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Rose Cristiani Franco Seco Liston
Mestranda especial do Programa de Pós-graduação
em Ciência da Informação / UNESP.
E-mail: otntpa@yahoo.com.br
Plácida L. V. A. da Costa Santos
Professora Doutora Titular do Departamento de
Ciência da Informação / UNESP.
E-mail: placida@marilia.unesp.br
Recebido: 02/07/2008
Aceito: 14/01/2009

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