terça-feira, 10 de setembro de 2013

Biblioteca móvel incentiva a leitura em espaços públicos

Biblioteca móvel incentiva a leitura em espaços públicos

Eles saem por locais os mais inusitados e emprestam livros ao gosto do leitor, numa atividade inédita
Quixadá. Grupos de jovens estão circulando pelas feiras livres, mercados públicos, comércio e até indústrias de Quixadá, Quixeramobim, Banabuiú e Senador Pompeu com uma novidade literária. Eles estão incentivando o hábito da leitura através deum projeto especial: o Bibliorodas Expedições Literárias.

Em carrinhos de feira, os participantes das expedições literárias Bibliorodas abordam os moradores e emprestam obras de diferentes estilos. Numa segunda visita, os livros são trocados fotos: alex pimentel

Os voluntários sensibilizadores abordam feirantes e comerciantes, também empregados e patrões, oferecendo exemplares para leitura, dos mais variados títulos.

Os interessados podem escolher a gosto o acervo móvel disponível em um carrinho de feira, e aproveitar o tempo livre para a leitura. Quando o agente de leitura retornar o leitor devolve o livro e pode escolher outro.

Segundo uma das facilitadoras do Bibliorodas na cidade de Quixadá, a bibliotecária Carolina Nascimento, seu grupo está formando os locais de visitação. Um deles já funciona no mercado público, outro em uma galeria comercial, no Centro da cidade. O próximo ponto será na central de abastecimento, um espaço de comercialização de frutas, verduras e hortaliças.

Para ter direito a escolher e permanecer com os livros, quantos quiser, basta o leitor interessado se cadastrar, fornecendo o nome e o telefone para contato. As visitas são periódicas, de 15 em 15 dias, explica Carolina Nascimento.

Ela e outros nove amigos aprenderam a trabalhar com o projeto especial no início de julho quando foram visitados pela equipe da Bibliorodas. A oficina foi realizada no início do mês na Biblioteca Municipal de Quixadá. Nas aulas teóricas os participantes aprenderam noções de abordagem, a organizar a biblioteca e também conheceram experiências das professoras idealizadoras. Depois foram à rua, para as aulas práticas. O objetivo era treinar os sensibilizadores a não forçarem o público alvo a receber os livros. Aproveitar a descontração e a importância da leitura para persuadir o leitor. Agora as reuniões dos sensibilizadores das quatro cidades ocorrem virtualmente, através do Facebook, em grupo próprio.

Em Senador Pompeu, Augusto Neto, mais conhecido como Pererê Barros e Raquel Vitoriano ficaram deslumbrados com a proposta. Aceitaram o convite, participaram da capacitação e agora levam o hábito da leitura para as ruas de sua cidade. Na primeira experiência Raquel se deparou com um amigo o qual não gosta de ler. Ela havia oferecido um exemplar para uma irmã dele, mas ao se deparar com a abordagem diferenciada, dela, oferecendo livros, ele também se interessou. Com Pererê não foi diferente. No caminho para a fábrica de calçados onde foi criado um dos pontos de visitação foi abordado por uma moradora. Ela perguntou quanto custava um livro e ao explicar a sua proposta fez questão de ser incluída na relação de leitores.

Diferentes leitores

Experiência diferente viveu Romário Oliveira em Quixeramobim. Numa de suas primeiras visitas preferiu seguir para o comércio. Entrou numa loja, explicou o motivo da sua visita e ofereceu uma obra literária à comerciante. Houve resistência. Ela alegou não ter tempo, mas estava ali no balcão sem fazer nada. Tentou convencê-la, mas não teve jeito. "Ler um trechinho de uma estória ou um pedaço de um poema é melhor do que ficar olhando para o nada", disse.

Para o feirante Augusto Ferreira a proposta é bem vinda. Ele confessa ter pouca leitura e com isso dificuldade para entender as estórias. São mais de 30 anos acordando na madrugada e saindo para o mercado público antes do dia amanhecer. Quando chega em casa,a noitinha, está exausto. Dá uma espiada nos programas da televisão, mas logo cochila e dorme, além do mais a vista não está muito boa para ver as letras miúdas à noite. Recebendo os livros na mão e contando com a simpatia e o auxílio dos facilitadores quem sabe se torne um assíduo leitor.

Quem também elogia a iniciativa é a dona-de-casa Clara Magalhães. Ele confessou ter ficado surpresa quando viu uma turma carregando carrinhos cheios de livros pelas ruas de Quixadá e mais ainda quando tentou comprar um. Não precisava pagar. São emprestados, de graça.

Para ela, além de expandido para os bairros, esse exemplo deveria ser seguido pelos administradores públicos de todas as cidades cearenses e não como ocorreu na sua terra natal, quando retiraram a Gibiteca, um espaço destinado à leitura infantil, para colocarem um comércio de comidas no lugar.

Mais informações
Bibliorodas Expedições Literárias
http://www.bibliorodas.worspress.com/
bibliorodas@gmail.com
Telefones: (88) 9778.9224
(61) 8570.5661

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